Vou deixar bilhetes para você.

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ANGEL

Recomendo que ouçam I Love You-Billie Eilish.

Ir era inevitável e quanto antes eu ligasse com isso melhor. Convidei Nate para vir aqui em casa, eu precisava me despedir propriamente, já que depois de tentar convencer a minha mãe a me deixar ficar,e tudo falhar.

Preparei uma comida duvidosa. Eu não sei cozinhar muito bem. Arrumei a sala. E me arrumei. Pela primeira vez na vida, minha barriga estava a mostra. Pele esticada, algumas manchas e o peso.

Eu vivia pensando no trabalho árduo que levar isso adiante estava me dando, mas com a certeza de que no fim eu estaria livre e a coisa também. Agora, isso estava fora de cogitação. Sei que minha mãe não pode me obrigar a parir e ficar com a criança, mas ela quer que eu pense por mais uns meses depois de ter.

Não vai mudar em nada a minha decisão, só vai complicar. Vou ter que cuidar da coisa, eles irão se apagar e depois não vão me deixar levá-la para a adoção. Como é ruim ser de maior mas ainda assim ter todas as decisões tomadas e influenciadas pelos pais. Ou melhor, só um pai.

Sei que o meu pai me entenderia se estivesse aqui.

Estava colocando as taças na mesa quando ouvi batidas na porta. Fui em direção e ao olhar pelo olho mágico. Era ele de costas.

—Oi.—Falei.

—Oi.—Ele se virou imediatamente, e quase que instantaneamente seus olhos verdes me fitaram da cabeça a barriga, os pés não dava pra ver.—Você está...—percebi que ele procurava as palavras.—perfeita...é você está perfeita.

—Obrigada.—Fingi costume.—Geralmente grávidas se sentem um caco então, um elogio é sempre bom.

—Te trouxe isso.—Ele disse mexendo nos bolsos. Até que tirei uma caixinha pequena. Me assustei com o tamanho. Não podia ser um anel né. Eu espero que não.

Segurei a caixa em mãos tentando controlar o meu nervosismo. Se fosse o que eu pensei, eu não saberia o que dizer e só fecharia a porta na cara dele. Calma Angel. Apertei os lábios e abri a caixa. Era um colar de pedras, mas só de pegar na mão vi que não caberia em mim.

—O que é?

—É um colar de âmbar. Dizem que é excelente para bebês.—Sorri de orelha a orelha. Eu não esperava presentes pra coisa e nem comprei nada durante a gravidez. Mas saber que Nate se importava, encheu meu peito de uma sensação conhecida, e o estômago de tantas borboletas que deve ter sido difícil a coisa não sentir.

Não tive coragem para dizer a Nate que não vou ficar com a coisa. Ele parece empenhado demais em fazer parte disso.

—Muito obrigada. Eu adorei. Agora entra ou a minha refeição duvidosa vai esfriar.—Disse, puxando o pelo braço.

Nate fechou a porta com o pé direito e em seguida retirou o casaco, pendurando o no meu cabideiro improvisado. Seus passos firmes vinham atrás dos meus enquanto eu me dirigia até a sala.

Eu não tinha mesa de jantar então, toda a comida estava na mesa de centro. Coloquei almofadas no chão para que eu pudesse sentar. Isso me lembrou o almoço no druthers enquanto estava preparando.

—Não parece nada duvidosa.—Nate disse puxando o cheiro com as narinas. Ele fechou os olhos e sorriu, em satisfação.

—Que bom, não quero que você morra no tapete por ter comido um peixe ruim.

—Eu não vou.—Disse me olhando por cima. Com imponência.

Ficamos o almoço inteiro conversando sobre alimentos que dão benefício a grávidas. Nate me disse que sua mãe comeu muita pimenta na reta final da gravidez, para poder acelerar o parto normal que já passava da hora. Eu odeio pimenta, espero não ter que comer.

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora