Familia.

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ANGEL

Recomendo que ouçam Steve's Theme-Aaron Zigman

Já estava chegando em casa quando a chuva parou, as minhas lágrimas em meio dos pingos no meu rosto se camuflavam, mas agora com elas se cessando. Eu precisava esconder.

Procurei minhas chaves no bolso do casaco, e diversas coisas caíram, dentre elas um saco com pó. Ta, isso com certeza é de Jj, porque o casaco é dele, e eu preciso guardar.

Mas e se Sawyer estiver lá dentro e vier com revistas pela 5 noite seguida. Eu precisava me livrar disso. Olhei para o vaso de plantas, mas os meus anos usando drogas me diziam que era um crime jogar pó fora.

Eu estava exausta, e em 5 minutos não pareceu uma má ideia usar aquilo. Seria algumas horas no nada, onde eu não precisaria sentir, ou sofrer de novo. É, e passaria rápido, o efeito dessas coisas não dura muito, e esse é o problema.

Abri o saquinho pegando o conteúdo com a ponta das minhas unhas e levei até o nariz, diversas vezes até que já não restasse mais nada.

Abri a porta rápido e da mesma forma tentei ir correndo até o quarto mas de nada adiantou, ao me virar Sawyer e minha mãe me olhavam. Os dois estavam sentados no sofá da sala e eu estava ensopada.

—Senhorita Angel, onde estava?—Sawyer disse e eu fui caminhando até a cozinha tentando fingir naturalidade.

—Ah eu estava com Topper, sabe como gostávamos de correr quando chovia né mãe?—Falei abrindo a geladeira. Eu não tinha fome, na real não comia nada a uns 3 dias, mas uma pessoa que corre geralmente volta com fome. Fingimento.

Seu irmão está no quarto, chegou tem uma hora.—Meu sorriso falso sumiu quando escutei a voz da minha mãe, merda Topper, e como ele chegou aqui antes de mim?

—Isso é porque ele entrou pela janela hahaha, competições como eu disse, a primeira é correr e depois escalar.—Falei me apoiando sobre o balcão.—Como podem ver, eu perdi as duas.

Minha mãe não disse nada, apenas olhou para Sawyer que na mesma hora saiu da sala. Sério, um dia eu iria querer ter esse olhar tão intimidador, onde nem precisa se dizer nada.

—Angel vem aqui por favor.—Minha mãe disse tirando os os óculos que cobriam seu olhar de julgamento. Agora totalmente exposto.

Mas vai molhar a sa...

—Eu não me importo, venha aqui agora.—Minha mãe gritou antes a que eu pudesse completar. Seu tom me assustava, e se eu já estava triste antes, pode ter certeza que agora ia piorar.

Me sentei ao seu lado no sofá.

—Quero que me diga exatamente o que está acontecendo.

—Não tem nada acontecendo mãe, já disse que estou bem.—Falei seca, eu não queria isso. Não agora.

—Eu sou sua mãe, eu tenho o direito de saber...de saber o porque chegou toda molhada e olha só...—minha mãe disse tocando em meu rosto.—você andou chorando.

Passei a língua ao redor dos lábios e suspirei fundo, eu estava cansada disso. Eu passei a maio parte dos anos sofrendo em silêncio e agora estava vulnerável, vulnerável por conta do amor, amor por alguém que me trata pior que merda. E o pior era ter que aguentar todo esse teatro da minha família. Eu estava cansada.

—Agora resolveu ser mãe?—Falei baixo mas pude sentir o olhar surpreso de minha mãe sobre mim.

—Como disse?—A mesma me perguntou indignada.

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora