I hate u, I love you • Rafe Cameron

Navio.

RAFE

Pra surpresa e sorte da mulher que bateu na minha porta ontem, o quarto da ilha realmente era aqui. Eu tinha destruído uma das paredes ontem a noite e quando o papel de parede se rasgou nos vimos que havia algo por baixo. Minimamente estranho.

Carla dizia que a pintura poderia levá-la a finalmente encontrar o manto sagrado na Cruz da Santo Domingo, eu achei que fosse efeito da droga que usei pra estar ouvindo tanta besteira. Não existem mantos mágicos que curam, isso é história pra idiota e pelo visto muita gente acreditava.

O chato é que ela não foi embora, continuava olhando cada detalhe da pintura enquanto eu estava aqui fora com o Reinfield, o braço direito dela. Queria vigiar esse cara de perto, ele não tinha cara de boa gente e eu não pagaria pra ver.

Estava brincando ou melhor me distraindo com um bola de golfe quando ouvi um motor de carro se aproximar da casa, tive um vislumbre rápido de varias vezes em que vi Angel pilotando aquele Jipe. Era do pai dela. Fiquei sem ar, esperando que se aproximasse o suficiente para que eu pudesse ver quem estava pilotando. Era até irônico e louco de pensar que depois de meses ela voltaria dirigindo pra minha casa. O jipe finalmente parou e a mão que abriu a porta, não era dela.

Topper. Aquele que me deu um soco na cara nos últimos dias.

— Oi, Rafe. Não quero brigar, cara. Só vim falar com a Sarah. — Ele veio se aproximando em sinal de rendição.

— Ela não está aqui. Vá procurá-la em outro lugar. — Disse com desdém fazendo um sinal com a mão pra que ele vazasse. Vê-lo não me interessava, nem um pouco.

— Como assim? Falei com ela hoje cedo. — Topper não deixava de ser insistente, eu odiava isso. Sentei na cadeira o encarando. — Combinamos de eu vir buscá-lá.

— Como vou saber onde ela está? — Disse olhando o nos olhos. — E só para que saiba, Top, não tenho nada contra você, mesmo depois da surra que me deu.

— Sério mesmo? Você estava drogado demais pra lembrar que tentou afogar sua irmã? — Ele não estava errado em achar o que eu fiz horrível, primeiro ele era um ser humano e segundo ela era um bom irmão, diferente de mim. — Beleza, cara. Quer saber? — Topper foi andando em direção ao jipe.

— Acho que gosto de vê-la com John B? — Falei na tentativa de me defender. — Acha mesmo?

— Ela está com o John B agora? — O tom de voz dele era desacreditado, sério Top? Depois de todo esse tempo ainda não aprendeu a lidar com a Sarah?

— Onde mais ela estaria? — Falei me aproximando dele. — A não ser que tenha arranjado outro otário.

— Posso rastrear o celular dela, tinha me esquecido. — Ele não ligou pras minhas palavras e foi abrindo a porta do carro para pegar o celular.

Fiquei um tempo digerindo suas palavras "rastrear" que coisa doentia era essa? Topper estava obcecado pela minha irmã, qual era a dele?

— Está vigiando a Sarah? — Fui pra cima dele na mesma hora, eu iria tirar essa história a limpo.

— Não estou. Só me importo com ela. Quero que esteja segura. — Ele se defendeu e eu apenas respirei fundo, acha que eu acredito nesse papinho furado? Engoli em seco a minha vontade de quebrar o celular dele em mim pedaços, só pra ensiná-lo uma lição.