Any Gabrielly Hidalgo:
Ele saiu batendo a porta com força e eu apoie-me na pia respirando com dificuldade, aquele homem era maluco, como ele me colocava em uma situação como aquela? Minhas mãos estavam tão geladas quando eu comecei a lavá-las, se eu matasse Noah, minha irmã me mataria, se eu deixasse com que ele morresse nunca mais conseguiria olhar nos olhos dos meus sobrinhos e falar que eu não tinha feito nada para salvar a vida do pai deles.
Eu não podia fazer aquilo, minha licença iria ser cassada se alguém soubesse o que eu estava fazendo, eu era apenas uma residente, nunca tinha feito uma apendicectomia, imagine pegar um paciente baleado, o máximo que eu tinha visto daqueles casos nos dias que eu estava no hospital era como os médicos agiam quando eles chegavam, os residentes nem ao menos tinham a chance de se aproximar. Entrei na sala de cirurgia e coloquei as luvas e o jaleco que estava num canto, tinha uma mulher de meia idade que me encarou de cima abaixo antes de voltar a arrumar os instrumentos.
_ Serei sua instrumentadora. - Avisou-a enquanto eu engolia a cedo. _Não temos muitos utensílios, então use apenas o necessário. Tudo que você tem que fazer é deixá-lo estável para que seja transferido para um hospital, não tente nada radical ou o senhor irá arrancar a sua cabeça, o senhor Noah é o seu irmão preferido e eu já vi pessoas morrerem por menos do que isso. Boa sorte.
Eu precisava mais do que sorte para sobreviver a essa situação. Pessoas entraram correndo e um Noah pálido foi colocado sobre a maca, reconheci apenas o rosto do segurança dele, a enfermeira o amarrou na cama deixando-me assustada e eu comecei a cortar as suas roupas para ver onde ele tinha sido alvejado, um do lado direito do peito e pela sua respiração rasa com certeza tinha perfurado um dos pulmões e ele precisaria de um pneumotórax e eu não sabia como fazer aquilo, não em uma pessoa viva. O outro tiro tinha sido apenas de raspão, em um dos seus braços, apenas alguns pontos e ele estaria novo em folha.
_Onde está o anestesista? - Perguntei encarando-a e vendo-a negar. _ Eu não posso fazer uma cirurgia sem uma anestesista. Preciso pelo menos fazer um pneumotórax para o deixar estável. Ele precisa estar pelo menos sedado para que isso acontecer, isso é impossível, eu não posso fazer isso, não irei matar o marido da minha irmã.
_ Temos apenas duas doses de adrenalina. - Avisou ela fazendo-me arregalar os olhos. _ Ele está perdendo sangue demais doutora, é melhor começar ou irá fazer o seu pneumotórax em um cadáver e se isso acontecer com certeza será a próxima a morrer, então comece de uma vez e pare de bancar a mesquinha quanto mais espera mais a chance de ele sobreviver se esvai.
Me aproximei dele e fechando as mãos em punhos e arregalei os olhos quando mãos se fecharam sobre o meu punho e aqueles olhos me encaram.
_Não me deixe morrer. - Sussurrou ele apertando o meu punho. _Não me deixe morrer, não me importo com a dor. Faça.
_ Preciso de um tubo de 15 mm. - Avisei pegando o bisturi e encarando a enfermeira. _ Não me importo onde você vai encontrá-lo e esterilizado. Aguente firme Noah, isso vai doer pra caralho.
Ele correu para pegar o tubo e eu apertei o bisturi medindo como os professores tinham ensinado era entre as costelas nove e dez, apertei o local antes de respirar fundo e comecei a cortar o local, ele gritou e apertou as mãos no lençol, ele iria desmaiar antes que eu terminasse então isso me deixaria mais tranquila para continuar. Peguei a tesoura e comecei a inserir o tubo sentindo confiante por ele ter desmaiado, a quantidade de sangue que jorrou nos meus pés e jaleco fez com que eu ficasse calma quando percebi que a sua respiração tinha melhorado, eu não tinha o matado. Fixei o tubo com esparadrapo, pois, pelo menos isso tinha e peguei o fio para dar os pontos no seu braço.
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Conquiste meu coração - Livro dois •Mulheres da máfia
RomanceLivro completo aqui no wattpad 1•#Russos 03/05/2022 Livro 2-Mulheres da Máfia Any Gabrielly Hidalgo é a caçula da Bratva que renegou as suas origens para ter uma vida normal o que ela não sabia é que ninguém consegue dar as costas para a máfi...