Capítulo XXXIX

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Any Gabrielly Urrea:

_ Você está brincando comigo? – Perguntei levantando-me e afastando as suas mãos quando ele tentou se aproximar de mim, eu não queria que ele me tocasse até que tivesse explicado aquela situação, pois, eu não queria acreditar que ele estava fazendo aquilo comigo._ Isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto. Por favor, me fale que está apenas brincando comigo, Josh, que é apenas uma piadinha que você achou engraçada e que resolveu soltar nesse momento.

_ Dispiace ratinha. – Desculpou-se ele sentando-se na cama e fazendo com que eu apertasse ainda mais as unhas nas minhas
mãos. _ Mas, essa era a única maneira de fazer com que o concelho aceitasse o nosso casamento, você precisa abrir mão de muitas coisas quando se torna a primeira dama da máfia italiana, você precisará de tempo para se dedicar aos seus compromissos, estará sempre com a sua agenda lotada de eventos, chás, festas e não terá tempo se continuar com a sua rotina maluca de uma médica Any. Era isso ou deixar com que a Bratva lhe matasse por ter se entregado a mim antes do casamento e ter se casado sem a sua honra.

_ E você está abrindo mão do que? – Perguntei sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos, meu sonho estava se desfazendo na minha frente e eu não podia fazer nada para mudar aquilo, estava sentindo um buraco abrir no meu peito e eu sabia que ele nunca iria sarar, pois, aquele era o meu sonho e eu teria que abrir mão da coisa que eu mais amava no mundo por conta de regras estupidas que apenas oprimiam as mulheres e sempre davam a razão para os homens._ ME FALE DO QUE VOCÊ ABRIU MÃO?

_ Se acalme. – Pediu ele ajoelhando-se na cama e tentando pela segunda vez se aproximar de mim, mas, tudo que eu queria era distância dele e de toda aquela sujeira que eu estava atolada até o pescoço._ Você precisa se acalmar e me escutar Any, fiz isso pra salvar a sua vida, sei que isso vai ser difícil no começo, mas, irá se acostumar com o tempo e perceberá que tudo não passou de um sonho de uma adolescente e que isso que isso era preciso ser feito, para que você estivesse mais ligada a máfia e que todos respeitassem você.

_ Eu preferiria a morte. – Rosnei vendo os seus olhos se arregalarem, acho que ele não sabia o quanto a medicina era primordial na minha vida, eu não tinha nada e aquilo me salvou quando nana e Joalin partiram, me tirar a única coisa que tinha era como me matar de uma maneira lenta, pois, eu seria apenas um corpo sem alma._ Eu preferia que Sabina tivesse me matado a ter que ser um bibelô dentro desse maldito mausoléu que você chama de casa, que preferia morrer, pois, agora não há mais nada para fazer a não ser esperar pela morte, eu não quero ir a reuniões da máfia e ter que sorrir para aqueles malditos velhos decrépitos que acham que eu preciso ser subjugada apenas porque eu sei o que quero da minha vida. A medicina era a única coisa constante na minha vida e eu lutei muito para conseguir convencer nana de me deixar estudar em uma universidade cheia de homens, eu cresci trancada dentro de uma gaiola de ouro, frequentando internatos apenas de garotas para não ter contato com homens e não desrespeitar a minha família, não tive o prazer de fazer nada que uma adolescente normal fazem, enquanto as minhas amigas estavam se divertindo e saindo para ir a festas de pijamas e ao cinema, eu estava aprendendo a bordar, pintar, cozinhar e aprender um instrumento musical para agradar o meu futuro e importante marido. Fui criada para ser o bibelô que você precisa para ser a sua esposa, porém, por algum motivo desconhecido ou por muito eu pedir Ian o soberano finalmente cedeu e deixou com que eu frequentasse a universidade e aquela foi a primeira conquista que consegui, eu era a primeira mulher da família Hidalgo a frequentar a universidade, era foi a primeira e deveria honrar aquilo, então nana morreu para salvar Sabina e logo depois Joalin se foi e eu enfiei a minha cara nos livros e estudei dia e noite para ser a melhor médica que eu conseguisse para honrar cada mulher da minha família que foi subjugada, que não teve o privilegio e seguir os seus sonhos, que se casou e teve uma vida infeliz apenas para agradar os seus país. No dia que eu consegui o meu diploma que eu fiz o meu
juramento de Hipócrates, sob o olhar orgulhoso de mim mãe e Sabina e jurei a mim que nunca iria me tornar uma mulher como elas, por mais que eu as amasse e me orgulhasse das mulheres que elas eram, eu não teria aquele final deprimente, eu iria fazer a minha residência, me tornar uma ótima cirurgiã fetal e dar a chance a mães e filhos que foram desenganados por todos, eu teria a vida nas minhas mãos antes dela ter vindo ao mundo e salvaria aqueles pequenos fetos e em alguns meses eu veria lindos e saudáveis bebês vir ao mundo porque eu tinha feito o meu trabalho bem feito. A medicina foi tudo que me restou quando o mundo desmoronou na minha cabeça Joshua e você tirou a única coisa que me fazia com que eu me sentisse viva, a única coisa que eu tinha o prazer de acordar pelas manhãs e sair correndo para fazer, mesmo com os meus horário malucos, mesmo com superiores gritando nos meus ouvidos por 36 horas e me mandando fazer os trabalhos mais nojentos e inferiores que pode se existir dentro de um hospital. Parabéns Joshua Urrea, você conseguiu me transformar na boneca de porcelana que precisa ao seu lado, parece que você não tem qualificações o suficiente para ter uma mulher ao seu lado, precisa apenas de um enfeite para apresentar aos seus amigos e para o concelho da máfia. Estou me mudando para o quarto de hospedes, não quero as suas mãos nojentas sobre mim, teremos um casamento meramente superficial, eu serei a esposa que você precisa aos olhos de todos, mas, além disso eu quero distância de você e de tudo que você representa.

Conquiste meu coração - Livro dois •Mulheres da máfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora