| PRÓLOGO |

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P.O.V JADE LANCELLOTTI:
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    Pintei girassóis pela centésima vez. No meu quarto tinha uns dez quadros semelhantes àquele. Costumo me inspirar nos girassóis — sonho em um dia sair dessa fortaleza que meu pai chama de casa — e buscar o sol como eles fazem, buscar meu sonho.

    Meu pai havia viajado e eu ouvi umas vozes estranhas vindo do andar debaixo — o que é esquisito — só eu e Maria estávamos em casa desde que meu pai saiu e, fora ela (que é minha babá e cuidadora desde que eu me entendo por gente) apenas os seguranças ficam do lado de fora.

    Não estava acostumada a ver pessoas diferentes por aqui, principalmente porquê meu pai faz questão de me esconder de todos para me proteger. Ele é um homem importante e faz negócios com pessoas perigosas dentro do comércio ilegal de armas, então poucas pessoas sabem que eu existo. Ele diz que é para o meu bem e que é melhor assim, que dessa forma fico segura — e eu confio no meu pai.

    Por isso estranhei as vozes, saí do quarto pra saber de quem se tratava e percebi que falavam em Russo — sou fluente na língua. Apesar de não ter conhecido minha mãe, sei que ela era Russa, daí me interessei em aprender o idioma — ao me aproximar do corrimão da escada, vi que na sala tinham alguns homens.

    — Подойдите и приведите девушку. (Subam e tragam a garota.) — Um homem alto e negro ordenou ao outro. Percebi que ele estava segurando uma pistola na cintura.

    Passei os olhos na sala sem que me vissem, à procura de Maria, meu coração gelou ao ver ela caída no chão desacordada, não sabia se estava apenas desmaiada ou morta, o que fez com que eu ficasse aflita de imediato.

    Não sabia quem eram aqueles homens ou o que eles queriam — provavelmente comigo.

    As armas que tem aqui em casa ficam no escritório do meu pai, no andar de baixo, fazendo impossível ir até lá sem ser vista por eles. Conseguir pegar uma das armas seria a única chance de me defender.

    Sem opções, voltei para o quarto na ponta dos pés e tranquei a porta, pelo menos para atrasá-los ao me procurar.

    Me encolhi ao lado da cama e abracei meus joelhos, orando a Dios para que meu pai chegasse e me protegesse desses homens — como ele prometeu fazer em qualquer situação. — Orei para que ele aparecesse e não deixasse que me pegassem para fazer sei lá o que.

    Todavia minhas orações foram vãs, pois logo a porta foi arrombada e por ela entraram três homens. Meu corpo estava tremendo involuntariamente mesmo sem saber o que queriam.

    — А вот и Вы… Приходить! (Aí está você… venha!) — como se eu fosse uma pena, um dos homens me puxou pelo braço e me arrastou para fora do quarto.

    — Что ты хочешь со мной? Где мой папа? (O que querem comigo? Cadê o meu pai?) — pergunto trêmula na língua deles enquanto sou arrastada pelo corredor. Mas não obtive resposta até chegarmos no andar debaixo.

    Ao entrar na sala meus olhos cravaram no corpo de Maria, constatei que ela estava morta pelo fato de estar com os olhos abertos e não se mexer, nem sequer vi seu peito subir e descer mostrando que estava respirando. Não tinha sangue, mas viva eu sei que ela não está.

    O que fez meus olhos automaticamente lacrimejarem. Maria foi como uma mãe para mim durante toda minha vida, mesmo com seu jeito sério e muitas vezes rabugento, ela me ensinou muitas coisas e sempre cuidou de mim.

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