| EPÍLOGO |

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P.O.V MIRELLA CASSANO:
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    Ouço todos conversando na sala de jantar. Particularmente, gosto mais quando ficamos aqui na casa de condomínio, é tão grande quanto o apartamento, mas aqui é mais tranquilo. Não fico cercada por guardas e uma artilharia pesada cercando o prédio — ou melhor, toda a montanha — o cheiro de campo que cerca o condômino é tranquilizador.

    O que não me tranquiliza é ouvir a voz do meu pai. Sempre despretensiosa, friamente calculada para não assustar. Mas eu sei exatamente do que ele é capaz quando se trata de mim, e não estou pronta para enfrentar um questionário sobre ontem a noite. Minha sorte é que a minha mãe controla ele, então ela pode impedir ele de surtar ou tentar matar o Enzo quando eu contar a verdade. Mesmo assim, respiro fundo antes de entrar na sala de jantar, prendendo os cabelos loiros em um coque desajeitado.

    — Bom dia família — ajo naturalmente, dando primeiro um beijo na minha mãe, depois no meu pai, e me sentando ao lado da Sophie, que me abraça.

    — Bom dia Mimi! Você dormiu bem?

    — Dormi meu amor, e você?

    — Fiquei esperando você para treinarmos arco no quintal, mas como não chegou, fui dormir. — Ela dá os ombros, um fio de tristeza passa em seus olhos. Quase me sinto culpada, se não conhecesse as artes de manipulação que aprendemos com nosso próprio pai.

    — Espero mesmo que tenha dormido bem, Mirella — meu pai ironiza. Quem não o conhece, nem nota a ironia. — Sua noite deve ter sido muito agitada.

    — Mattia… — minha mãe censura. Mas ele ergue a mão no ar, pedindo silêncio. Fico ereta na cadeira, sei lhe dar com ele, mas um frio involuntário sobe por minha coluna.

    Meu pai nunca me bateu, sempre me deu amor, desde que me lembro. Sei que ele não é meu pai biológico e sei que, biologicamente, minha mãe é minha irmã, mas eles me criaram, são meus pais do coração, e sempre me trataram tão bem quanto tratam Sophie. Amo eles e amo a minha irmã. Mas devo reconhecer os fatos; meu pai é um mafioso, seu vulgo na famiglia é Sombra, os anos não tiraram dele a prática e o perigo que cobrem a sua pele. Não temo por mim, temo por Enzo. Seu ciúme pode chegar a ser doentio e eu posso me tornar viúva antes mesmo de casar.

    — Eu só quero que a Mirella me conte porque o cazzo daquele moleque deixou ela aqui na porta meia-noite quando ela devia ter chegado às oito, já que foi estudar. — Não é uma pergunta. Ele não quer uma resposta. Ele quer outra coisa.

    — Papà, eu tenho que contar uma coisa — tento soar despreocupada. Arrisco até um sorriso sem mostrar os dentes. — Eu… eu e Enzo estamos namorando. — Meu pai fica pálido. Temo que seus olhos azuis possam ficar vermelhos sangue, de ódio.

    — Aquele… aquele moleque… eu não autorizo você a namorar! Você não tem idade para isso! Eu sabia, eu sabia desde quando vocês eram pequenos que aquele menino era um safado…

    — Papà, eu não estou pedindo sua autorização. Eu não perguntei se posso namorar com ele. Eu avisei que estou namorando com ele. — O risco das minhas palavras é alto. Minha mãe prende os lábios entre os dentes e segura a mão do meu pai em cima da mesa, que treme. Se eu ceder às vontades dele, nunca vou me controlar.

    — V-você ouviu, amor? Ouviu o que ela disse? — ele sonda exasperado a minha mãe, fazendo drama. Ela apenas balança a cabeça lentamente. — Você sabia, Jade? — seus olhos se arregalam.

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