| CAPÍTULO 31 |

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JADE LANCELLOTI:
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    A garotinha tem cabelos loiros e ondulados iguais aos meus, a pele clara como neve como a do meu pai e os olhos da cor dos meus, que só agora reparo que realmente não tem como distingui-lo com uma cor só. Quando me recupero do choque, me aproximo, mas ela logo recua, se encolhendo ainda mais. Ergo os braços para frente e dou uns passos para trás.

    — Eu não vou te machucar, garotinha… — sussurro tentando passar alguma segurança.

    Ela é minha irmã, não tenho dúvidas de que é minha irmã. Mas, como?

    — Vo-voxê não é amiga do homem mau? — ela pergunta baixinho e eu balanço a cabeça.

    — Não, meu amor… eu prometo, o homem mau ele… foi embora… você quer vir comigo? — me agacho em sua frente e ela parece pensar, então, tremendo, estende a mão para mim.

    Percebo como está magra, consigo ver os seus ossinhos dos dedos desenhados na pele. Tem marcas roxas e arranhões também. Sinto um nó na garganta, minha barriga e minha cabeça dão voltas.

    Me levanto e ela faz o mesmo, está vestindo apenas um vestidinho sujo, parece que não toma banho há dias e as marcas seguem por todo o seu corpo.

    — Eu vou tirar você daqui, tá bom? — digo, guiando ela para fora, esquecendo do corpo no corredor e me lembrando tarde demais.

    — Ele tá motinho? — ela tomba a cabeça para o lado. — Atilo vermeinho é sangue, né? Eu já vi o meu sangue...— ela aponta com o dedinho. Eu não sei o que responder. Ela fala tão naturalmente que parece estar acostumada com esse tipo de coisa. Parte de mim nem quer descobrir o que ela sofria aqui.

    — Sim, o homem mau teve o que mereceu. — Lorenzo responde por mim e pega a garota no colo. Ele desvia do corpo e saímos, então ela não fez mais perguntas.

    No andar debaixo, os homens estão mandando os funcionários para casa e levando os corpos dos mortos para o quintal.

    — Que po… o que é isso? O que é… ela? — Giovanni pergunta de olhos arregalados, segurando o enfaixe desajeitado que fizeram em seu braço.

    — Uma criança, tá cego? — Lorenzo resmunga. A menina olha para todos curiosos.

    Me aproximo dele e sussurro em seu ouvido.

    — Ela é minha irmã, não vê? — ele vira a cabeça para o lado como se quisesse analisá-la melhor. — Nós precisamos… — nem termino de falar, e ele assente.

    — Vou descobrir tudo que eu conseguir.

    — Pla onde a zente vai? — ela pergunta, encarando a todos curiosa.

    — Pra casa? — eu franzo a testa. Nunca precisei lidar com uma criança então não sei o que fazer com ela.

    — Mas aqui é a mia casa… — ela me olha confusa.

    — Mas você vai ter uma nova, agora. — Tento explicar. — Como é o seu nome?

    — Milela.

    — Mirella? — ela confirma, balançando a cabeça. — E a sua… hmm… mamãe? — coço a garganta.

    — O homem mau, ele pegou a mamãe e atilou nela, aqui ó… — ela aponta para o próprio coração. Sinto o meu se estilhaçar. — Aí ele disse que ela moeu — conclui, como se fosse uma coisa corriqueira do cotidiano.

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