| CAPÍTULO 22 |

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P.O.V JADE LANCELLOTI:
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    O meu corpo inteiro dói e a minha cabeça lateja. A dor fica ainda mais intensa quando abro os olhos, mesmo o lugar onde estou sendo pouco iluminado. Tento levantar do chão empoeirado com um pouco de dificuldade, pois me sinto fraca demais, talvez devido ao tanto de sangue que já perdi.

    Aconteceu tudo muito rápido. Abri a porta do quarto pensando serem os garçons do hotel com meu jantar — pelo olho mágico, parecia ser — mas quando abri, eles apontaram suas armas para mim e eu não tive tempo de pegar a minha. Eu tentei resistir, eram apenas dois homens, consegui desarmá-los, usei os próprios talheres do carrinho para feri-los de acordo com o que Lorenzo me ensinou com as adagas, furei o ombro de um deles com uma faca e o outro, a barriga com um garfo. No entanto, por milésimos de distração, fui empurrada contra uma mesa, bati a testa na quina da mesma e apaguei.

    Então, acordei aqui. Quando levo os dedos ao corte, sinto-o latejar, o sangue seco e coagulado sujando boa parte do meu rosto e do meu cabelo. Eu preciso de pontos, o corte foi feio, sinto mesmo que não dê para vê-lo. Caminho trôpega até a porta, sentindo que a qualquer momento minhas pernas podem fraquejar, minha visão oscilando em escurecer ou não, o corpo lânguido e sem forças. Bato o punho na porta com a força que me resta, e meu grito sai fraco e desesperado quando clamo:

    — Abram aqui! Abram a porta! Tem alguém aí? — no fundo, sei que é inútil. Sei que ninguém que está lá fora tem a intenção de me ajudar. — Abram a porra dessa porta! — as lágrimas molham o meu rosto e eu perco a força nas pernas, deixando que meu corpo deslize até o chão.

    Engatinho, sem forças, até o canto do pequeno cômodo, que não deve ter mais do que cinco metros quadrados. O chão está empoeirado e fedorento, as paredes esverdeadas de infiltrações e não tem nenhuma janela, pelo menos não uma grande o suficiente. A iluminação do lugar vem de uma pequena saída de ar próxima ao teto, que só daria para passar o meu braço.

    Os minutos parecem ser eternos, não sei se o meu pai que me capturou, ou se foi a mulher que ainda não faço ideia de quem seja, só sei que longe do Mattia, minhas chances de escapar são nulas. Não me arrependo de ter saído da casa dele, por ora, rezo para que ele já saiba do meu sumiço. Mas acredito que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, talvez eu tenha o conhecido para viver o tempo que me restava, conhecer pessoas, descobrir coisas e sensações, antes de finalmente morrer de verdade.

    A porta de metal é aberta, minha visão turva captura botas pretas de salto ponta de agulha, calças de couro e uma jaqueta. As únicas diferenças na minha aparência com o meu pai Gavino eram a cor do cabelo e o nariz, e agora, entendo o porquê. Na minha frente está uma mulher, com os cabelos ruivos que chegam à cintura e o nariz idêntico ao meu. A minha mãe, que me olha com tanto ódio e desprezo, que preciso me esforçar para não me encolher e chorar. É como estar em frente ao bicho papão.

    — Por que você tá fazendo isso? — pergunto, sentindo um nó repentino na garganta. Isso tudo é muito injusto, eu não devia ser uma carta no seu baralho de vingança.

    — Não é óbvio, garota? — ela indaga com desdém, a voz fria e áspera. Seus passos ecoam até mim e ela se agacha, segurando o meu queixo com força. — Você é um erro que eu tenho que corrigir. Por anos, eu sofri as consequências da obsessão maluca daquele homem, demorei muito para me reerguer e conseguir honrar o nome dos meus pais na Bratva, então, finalmente, chegou a hora de voltar e tomar tudo que deveria ser meu, tudo que é da sua família! — ela cospe em meu rosto e se levanta. Tento limpá-lo com a mão, sentindo nojo, repulsa.

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