| CAPÍTULO 34 |

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P.O.V MATTIA CASSANO:
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     A notícia boa é que eu não morri.

    Os médicos entram correndo e Jade, que tem lágrimas nos olhos, tira a tal Mirella de cima de mim. Eu continuo com os olhos cravados nelas, sem desviar, sem piscar, intercalando de uma para outra e vendo o quanto se parecem. Os olhos são extremamente iguais, e alguns traços do rosto são muito semelhantes. Estou completamente em choque, e o sorriso estampado no rosto da criança me assusta.

    Minha cabeça está maquinando tantas coisas que fica fácil ignorar a dor do meu corpo que estava definhando em cima dessa cama e o gosto ruim na minha garganta seca que nem estar me deixando falar e os muitos testes que estão sendo feitos em mim.

    Uma enfermeira chega com um copo de água com um canudo para me dar e eu nem sequer sinto dor no lugar onde eu tomei o tiro. Na minha cabeça só se passa uma coisa, quanto tempo eu dormi? Depois de beber desesperadamente a água, ansioso para fazer as perguntas que gritam em minha mente, os médicos dizem:

    — Pelo visto está tudo ok. Iremos realizar mais alguns exames e se estiver tudo certo, depois de uma sessão de fisioterapia para recuperar os movimentos dos músculos, você terá alta. — Explicam, e a Jade consegue sorrir em meio às lágrimas. — Vou deixá-lo a sós, devem ter muito o que conversar. Em uma hora venho buscá-lo para realizar o resto dos exames. — Então se retiram.

    O silêncio absoluto fica no quarto, até que a bambina dá uma risadinha eufórica na minha direção e eu volto a arregalar os olhos. Quero pular da cama e abraçar a Jade como se não houvesse amanhã, quero beijá-la e gritar que nunca mais vou soltá-la e tantas outras coisas. Entretanto, parece que temos coisas mais importantes para resolver agora.

    — Quanto tempo eu dormi? — tento fazer com que minha voz não saia esganiçada, mas falho miseravelmente.

    — Três… — interrompo, aos berros, chocado demais para manter a calma.

    — TRÊS ANOS? EU DORMI POR TRÊS ANOS? EU NÃO ACREDITO QUE PERDI A SUA GRAVIDEZ AINDA MAIS QUE VOCÊ NEM PODIA ENGRAVIDAR E O NASCIMENTO DA NOSSA FILHA… — Jade arregala os olhos e a Mirella vira a cabecinha para o lado, achando graça do meu surto.

    — Mattia, se acalma… — noto como ouvir a voz dela de novo é tranquilizador, porém não tenho tempo para calma, não quando já perdi tanto tempo.

    — Não, não, eu acho que vou desmaiar… eu vou voltar pro coma e não posso voltar pro coma… minha cabeça tá girando, tô vendo estrelinhas com a cara da Mirella, meu Deus ela é a minha filha… — eu olho para cima, delirando, e a Jade que parou de chorar até abafa um riso.

    — Mi, você pode ir lá fora com o Luca um minutinho? Pode comprar chocolate na máquina de doces. Eu te chamo daqui a pouco. — Jade pede a menina que junta as mãozinhas e concorda.

    — Tá bom mamãe — ela diz, vindo em minha direção, subindo na poltrona e se esticando para me dar um beijo no rosto. — Eu sabia que você ia acodar! — ela sussurra e desce. Eu a acompanho com os olhos arregalados. — Tchau mamãe, tchau papai! — e eu quase infarto quando ela me chama de pai, tento me apoiar nos meus cotovelos mas estou fraco demais para isso, então só observo ela sair com a testa franzida.

    Atrás da Jade tem um desenho, que tem um título escrito "famiglia" com letras coloridas, e embaixo tem o desenho da Jade, com os cabelos vermelhos e uma coroa, eu, com cabelos pretos e uma coroa, e a Mirella, cabelos loiros e uma tiara. Dios, até no desenho elas se parecem. Balanço a cabeça tentando acordar desse sonho, mas ela dói quando o faço e vejo que, pasmem, não é um sonho.

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