| CAPÍTULO 29 |

1.8K 216 17
                                    

╠┈┉┈┉┈┉┈┉┈┉❲✿❳┉┈┉┈┉┈┉┈┉┈╣
JADE LANCELLOTI:
╠┈┉┈┉┈┉┈┉┈┉❲✿❳┉┈┉┈┉┈┉┈┉┈╣


    — E-eu… não consigo, eu só não consigo, Melanie. Não sabendo que ele está vegetando em cima de uma cama sendo alimentado por soro — trago os joelhos ao peito e passo as mãos nos cabelos para trás.

    — Nós não vamos deixar você ir ao hospital enquanto você não comer, Jade. Desse jeito está parecendo uma criança fazendo birra. Por favor, coma a canja… — Melanie suspira, também se sentindo cansada.

    Eu vim para casa, mas não consegui pregar o olho a noite. Amanheci e me arrumei para ir até o hospital, estou vestindo uma calça jeans e blusa de manga longa, e calçando um all star. Meu cabelo não está no melhor momento dele e meu rosto muito menos, pois as olheiras e os traços de cansaço e preocupação estão gritando. Giovanni e Melanie pediram que eu dormisse no apartamento deles, Giovanni saiu logo cedo com a missão de caçar o meu progenitor e a Melanie está tentando me fazer comer a quase uma hora, mas a única colherada que coloquei na boca, joguei para fora em segundos por conta do embrulho do meu estômago.

    — Bom, se você prefere assim, saiba que não vai passar da porta até comer. — Ela se levanta com seu prato já vazio e vai para a cozinha.

    Encaro o prato de canja que a Melanie comprou — já que não é tão boa em cozinhar, como eu — está mesmo com uma cara boa, mas a ideia de comer não me agrada em nada. Não tem como sentir fome enquanto sei que o meu marido está em coma.

    Pego o prato em cima da mesa de centro e ponho em cima da almofada em meu colo. Minha mão treme enquanto levo uma colherada à boca e meu estômago revira.

    Você precisa fazer isso, ele não ia querer você fraca por causa dele, mesmo o motivo dele ter levado um tiro seja você.

    A última cruel verdade é como uma facada em meu peito. Fecho os olhos e começo a comer, ignorando a vontade de correr para o banheiro e vomitar tudo que já consegui engolir. Quando abro os olhos, Melanie está de volta à sala, encostada no batente da porta com um sorriso reconfortante e meio triste nos lábios. Retribuo o sorriso triste assim que termino de comer. Ela pega a bolsa que estava em cima da mesa de canto e balança os ombros.

    — Vamos, então. — A sensação que tenho é de uma criança que finalmente conseguiu o doce que queria. Mas isso não transparece em meu rosto, e a tristeza continua, pois sei que ele ainda estará dormindo quando eu chegar lá.

    Peter, o segurança particular de Melanie, nos leva. Luca, o meu segurança particular, está de guarda no quarto do Mattia por ordens minhas, fazendo por ele o mesmo que um dia fez por mim.

    Só espero que o Mattia não permaneça em coma por tanto tempo quanto eu. Não sou muito religiosa, mas enquanto não chegamos no hospital, eu oro pedindo a qualquer ser maior que o Mattia não morra, que acorde. Se existe mesmo um Deus, ele precisa me ouvir. As lágrimas descem silenciosas enquanto balbucio meu pedido.

    Melanie anuncia nossa chegada na recepção e a recepcionista chama uma enfermeira para nos acompanhar até o quarto onde ele está. Meu corpo treme de ansiedade e medo enquanto caminhamos, e a Melanie, ao notar, aperta minha mão para me tranquilizar.

    Chegamos ao quarto 204 e a enfermeira abre a porta, nos dando um sorriso profissional e acenando para entrarmos antes de se retirar. É meio óbvio que o Mattia está em um dos melhores quartos do hospital, parece até mesmo um quarto de hotel, mas não reparo muito nisso, pois logo meus olhos pousam nele.

Paixão Sombria Onde histórias criam vida. Descubra agora