| CAPÍTULO 10 |

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P.O.V JADE LANCELLOTTI:
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Estou aprendendo, na marra, que os romances ingleses que li ao longo da vida só serviram para me iludir sobre algo que eu nunca irei ter. Não se vive um conto de fadas quando se nasce filha de um comerciante de armas, perde a mãe no dia do parto, é estuprada aos dezessete anos e passa a compartilhar o mesmo teto com um mafioso conhecido nacionalmente como A Sombra.

Quando voltamos para casa e o olhar racional do Mattia voltou aos seus olhos, ele se afastou. Talvez, achando que eu estava assustada ou com medo dele, mas na verdade eu apenas estava pensativa, principalmente com o fato de não ter me assustado tanto quanto deveria ao ver alguém morrer. Pelo visto, o que morreu em mim aquele dia, realmente foi o medo e, bom, graças a Dios.

Esse foi o meu teste. Mattia sabia que eu iria atrás dele, sabia que eu estava lá quando matou o homem e não deixou que Luca fosse atrás de mim quando sumi de sua vista. Compreensível. Como eu faria parte da máfia a fim de vingar o meu pai se não suportasse ver alguém morrer?

- Não precisa ficar assim. Está começando a se tornar irritante - cruzei os braços dentro do carro, sentindo a energia caótica.

- Não está com medo de mim? - sondou ele com cautela. Sua voz não tinha mais sombriedade, porém agora estava sóbria.

- Não é como se fosse a primeira vez que você mata alguém por minha causa. Parece até estar virando um hábito seu. - Levantei o canto do lábio e ele apertou o volante, consegui ver os nós dos seus dedos esbranquiçarem.

- Tenho uma reputação a zelar - ele brincou, mas sua voz não saiu tão convincente. Ele sabe que vi. Sabe que eu não reconheci o seu olhar. - Tenho que... tenho que te dizer, Jade...

- Você não precisa me dizer nada.

- Eu preciso. Se eu quero que você confie em mim, eu preciso. - Insistiu ele. - Você me olhou com medo, você me olhou assustada. Não é a primeira vez que alguém me olha assim...

- Você estava diferente. Só isso. Não parecia você ali, mas... era de se esperar. Você não pode ficar com os olhinhos angelicais enquanto mata alguém. - Tentei desconversar.

- Você sabe que não é só isso - ele pressionou a mão contra o volante como se controlasse a vontade de bater no mesmo.

- E também sei que você não parece pronto para me contar - entramos nas montanhas.

- Eu tenho... tenho... um tipo de... transtorno de identidade. Transtorno Bipolar. Às vezes, perco a noção das coisas, de como estou agindo, e acabo me tornando uma pessoa que... acabo me tornando a pessoa que o meu pai queria que eu fosse, que o meu pai me treinou para ser. Um dos seus demônios, o L'Ombra, entende? - Ele estacionou o carro na garagem, mas não fez menção de abrir a porta. Estava com os olhos fixos em algum ponto em sua frente, sem me encarar.

- Todo mundo tem os seus próprios demônios, Mattia. Eu sei que você não me machucaria. Foi tudo muito louco e rápido e... fui jogada de cabeça na sua vida, mas eu tô aprendendo a confiar em você, tudo bem? - tomei a iniciativa de segurar sua mão que ainda estava apertando o volante e ele as encarou, depois encarou a mim, relaxando os dedos.

- Prometo que com você eu nunca vou ser esse monstro, Jade. Eu prometo a você. - Ele franziu os lábios, falando sério. - Promessa na máfia, é dívida de morte. - Senti a tensão na sua voz e resolvi desconversar.

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