Capítulo XV

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Maite

Lentamente fui abrindo os olhos, meu corpo todo estava dolorido. Olhei para o lado e William ainda dormia tranquilamente, ele tinha muitas marcas devido a noite anterior, sinais de arranhão, mordidas e chupões, sem dúvidas eu não devia estar muito diferente.
E agora o peso do que EU havia começado ontem a noite caiu de uma vez sob meus ombros, jamais deveria ter ficado com ele. Levy era um mafioso, uma pessoa que eu tinha repulsa, que eu queria distância.
Senti minhas mãos formigando, e só então me lembrei que estava presa. Com toda força, sem dó e nem piedade eu chutei sua canela.

- AÍ! - Gemeu ele ao meu lado, mas dessa vez não era de prazer. - Bom dia pra você também, cachorra.

- Me solta desse cinto, infeliz.

Antes de me soltar ele sorriu, fez questão de me descobrir e ficar olhando para o meu corpo nu.

- O estrago foi grande. - Disse deslizando os dedos por minhas pernas.

- Vai, me tira logo daqui. Ontem foi um erro, um erro que nunca mais irá se repetir.

- Não tinha algo mais clichê para dizer, justiceira?

Eu nem tive tempo de responder, porque lá estava ele com a cabeça enfiada entre minhas pernas me chupando, e só depois de me fazer estremecer em seus braços ele me soltou.
Rapidamente me levantei, fui até o guarda roupa, peguei um vestido qualquer e segui para o banheiro a fim de tomar um banho.
Enquanto a água quente escorria por meu corpo, eu desabei. Chorei por ser fraca, por ser inocente, William era um homem frio e calculista, incapaz de amar ou se quer gostar verdadeiramente de alguém que não fosse ele mesmo. A única coisa que ele queria comigo era sexo, e nada além disso.
Quando finalmente terminei ele já não estava mais no quarto, então segui para a sala de jantar para poder tomar café. Me assustei quando vi que na mesa estavam William, Bruno e Amélia, a mulher parecia que nem estava naquele mundo enquanto os dois homens tomavam café e conversavam, ela que sempre estava de cabeça erguida, com vestido de cor viva e um sorrisinho debochado no rosto, agora vestia apenas um longo vestido cinza, os cabelos presos em um coque e escuras olheiras em baixo dos olhos.

- Maite, venha até aqui, Bruno quer falar com você.

Eu caminhei até a mesa, e ele se levantou, a mão em que havia recebido o tiro estava enfaixada.

- Bom dia, Perroni. - Como eu apenas me sentei e não respondi, ele continuou. - Eu vim até aqui me desculpar com William e com... Você.

- Ok, pode se desculpar. - Falei enquanto passava manteiga em uma torrada.

- Eu já me desculpei.

- Não, você disse que veio até aqui pedir desculpas. Estou esperando.

Ele olhou para Levy como se buscasse por ajuda, mas não foi hoje que William ficou do seu lado.

- Me desculpa, Maite. - Disse por fim. - Além disso, o problema já foi resolvido. - Respondeu se sentando novamente.

- Que problema? - Perguntei confusa.

- Levei Amélia a uma clínica, onde as devidas providências foram tomadas e já não existe bastardinho nenhum. Hoje a tarde ela partirá para um colégio interno de moças na Suíça, para aprender ser gente.

Eu arregalei os olhos diante o que havia acabado de ouvir, e na mesma hora a torrada que estava em minhas mãos caiu no prato.

- O que? Você estava de acordo com isso, Amélia? Abortou por vontade própria ou seu pai lhe forçou? - Perguntei já muito alterada, mas ela não me respondeu, apenas continuou de cabeça baixa. - ME RESPONDE, PORRA! - Gritei batendo as mãos com força na mesa e senti William segurar meus braços para evitar que eu fizesse uma burrada.

- Eu... Queria o bebê, mas meu pai sabe o que é melhor para mim. - Respondeu com voz de choro e aquilo cortou meu coração.

Amélia era uma filha da puta sim, mas isso não quer dizer que ela merecia aquilo que fizeram com ela. A primeira coisa que vi na minha frente foi um prato, eu o peguei e bati com uma força que eu nem sabia que eu tinha na cabeça de Bruno. Na mesma hora ele caiu da cadeira e a porcelana que antes branca agora escorria um líquido vermelho.

- Puta que pariu. - Disse William indo até o homem e suspirou aliviado ao constatar que o mesmo estava vivo.

Wostinn foi aos poucos abrindo os olhos, e estava atordoado.

- O que aconteceu? - Perguntou confuso.

- O senhor caiu, papai. - Mentiu Amélia, e me lançou um olhar de cúmplice.

- Cai? Como assim?

- Pois é, você estava nos contando sobre o internato da Suíça e derrepente desmaiou e bateu com a cabeça aqui na quina da mesa. - Completou William o ajudando a se levantar. - Vamos até meu escritório que chamarei uma empregada para fazer um curativo.

- Obrigado. Está doendo demais, será que afundou meu crânio? - Perguntou enquanto era arrastado por Levy.

- Me perdoa, Amélia. Em nenhum momento pensei que te fariam mal. Sei que nenhuma desculpa será suficiente, e nada irá reverter o que já aconteceu. - Falei quando já estávamos sozinha.

- Você ficou na defensiva e falou algo para atacar, eu entendo, não quer dizer que te desculpo. Eu nunca quis me apaixonar por Nate, mas aconteceu, eu sabia que era errado, proibido, mas era um sentimento mais forte do que eu. Bruno o matou, e agora só ficou as lembranças, esse filho era a única coisa que me restará dele, porém nem isso terei mais. Deve ter sido algum castigo divino por ter transado com meu próprio irmão.

- Bruno um dia pagará por suas maldades.

- E algo me diz que será você, será você que derrubará essa Máfia e colocará cada maldito deles na cadeia. Faça isso por nós. - Disse segurando minhas mãos entre as suas e olhando dentro de meus olhos.

Eu apenas concordei com a cabeça, essa  Mafia infernal já tinha ido longe demais, feito muita gente sofrer, tirado milhares de vidas inocentes entre elas a da minha mãe, estava na hora de alguém colocar um ponto final nisso, e seria eu, a grande vadia filha de prostituta que os fariam derramar lágrimas de sangue.

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