Capítulo V

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William

Eu tinha muitos pecados sim, mas com certeza uma grande parte deles devem ter sidos quitados naquela noite.
Nós estávamos a horas revirando aquela mata maldita e nada de encontrar a desgraçada, e como em uma cena clichê de filme passou pela minha cabeça a seguinte frase amaldiçoada: "Esse dia não tem como piorar". E foi então que começou uma tempestade com direito a raios e trovões.

- Senhor vamos embora, impossível encontrar aquela menina na escuridão e com chuva. - Disse Rafael ao meu lado.

- Como pode uma criatura com menos de 1,60 de altura, sem lanterna e sem conhecimento nenhum dessa floresta conseguir escapar de mais de 10 homens  com armas e lanternas que conhecem essas terras como a palma da mão? Isso é uma vergonha, é inadmissível. Não voltaremos até encontrar Maite Perroni.

Eu não sei mais quanto tempo se passou, mas o Sol já começava a raiar. Um ponto positivo: podíamos enxergar melhor. Um ponto negativo: A menina estava foragida a mais de três horas, o que significa que já podia estar bem longe dali.
Eu já estava realmente prestes a desistir quando comecei a fazer o percurso de um rio que tinha ali, e foi assim que de longe vi uma coisa, quer dizer, vi alguém deitado na margem. Eu corri para me aproximar, era ela.

- Maite, o que foi? O que aconteceu? - Perguntei me abaixando e a tocando, mesmo molhada ela estava queimando em febre, seus lábios estavam roxeados e seus olhos mal paravam abertos.

- Eu... Vinha nadando... Quando... - Ela fechou os olhos e eu desferi um leve tapa em seu rosto para tentar acordá-la.

- Quando o que mulher? Pelo amor de Deus, me ajuda a te ajudar.

- Uma cobra me... Me picou.

E então ela desmaiou de verdade, olhei para seu tornozelo e pude ver a ferida. Rapidamente a peguei em meus colo e sai correndo gritando pelos outros. Logo já estávamos dentro de um carro rumo ao hospital.
Enquanto olhava aquela teimosa naquele estado duas coisas passavam em minha mente, a primeira era que se ela morresse eu estaria livre daquele problema, e a segunda é que eu havia fracassado. E se tem uma coisa que eu não admito é perder, essa maluca ia continuar viva nem que eu precise ir até o inferno buscar a alma dessa infeliz e recolocá-la em seu corpo.

O caminho parecia longo demais, e assim que chegamos os enfermeiros já a colocaram em uma maca e saíram em disparada. Tentei ir atrás, porém fui impedido.
Na sala de espera eu já estava quase arrancando meus cabelos pela demora, já havia ligado para Fábio ir até lá, mas até agora nada.

- Algum familiar da senhorita Perroni? - Perguntou o médico.

- Eu sou o noivo dela. - Falei rapidamente me levantando.

- Felizmente conseguimos aplicar o antídoto a tempo, o local já estava gangrenando, mas conseguimos reverter a situação. Agora ela está descansando, provavelmente continuará dormindo por mais umas 4 ou 5 horas devido a certos medicamentos, mas se quiser já pode ir ficar com ela no quarto.

- Claro.

Ele então me guiou até o quarto e saiu em seguida. Como o doutor disse ela dormia tranquilamente, seu rosto ainda estava pálido e seu pé enfaixado então não dava para ver o estado em que se encontrava.
Derrepente a porta foi aberta e Fábio entrou.

- E aí, como está a justiceira?

- Bem, vai sobreviver.

- Vamos tomar um café e aí você me conta o que houve, pode ser?

Eu apenas concordei com a cabeça e juntos seguimos para a lanchonete do hospital, eu não havia me dado conta de que estava faminto até aquele momento.
Enquanto comíamos contei toda a história para ele.

- Pera aí, então você tá me dizendo que aquela menina saltou da janela do segundo andar, escalou seu portão, correu para uma floresta que nunca tinha entrado na vida antes, nadou rio abaixo e só conseguiu ser pega porque uma cobra a picou no percurso?

- Sim...

- Ela está pensando que é o Rambo na versão feminina?

Não aguentei e dei risada de seu comentário, era exatamente isso que ela pensava provavelmente.

- Vamos voltar, quero estar no quarto quando ela acordar.

- Eu passei rapidamente, tenho que resolver uns assuntos, um governador pegou dinheiro nosso e não devolveu, preciso dar um sustinho nele. Só para saber, o casamento vai ocorrer ou não?

- Vai, mas hoje será impossível, né. Talvez, semana que vem.

- Sinceramente acho que você nem precisaria se casar, só dar uma arma na mão daquela garota que ela se vira sozinha. Depois de hoje nunca mais subestimo aquela maluca.

- Ela seria uma mafiosa e tanto, pena que tem tanta resistência. 

- Pois é, estou indo agora. Qualquer coisa me liga.

Agora sozinho novamente retornei para o quarto e me sentei na poltrona ao seu lado. Cerca de uns 15 minutos depois notei que ela começava a abrir os olhos.

- Como se sente? - Perguntei me levantando.

- Cansada.

- Vou chamar o médico, só um minuto. - Falei e apertei tipo de uma campainha. Rapidamente já chegou o doutor.

- Veja só, acordou. Está sentindo alguma coisa?

- Apenas muito cansaço. Meu pé... Ele ainda está inteiro? - Perguntou receosa.

- Sim, fica tranquila. E quanto ao cansaço é normal. Acredito que amanhã cedo já poderei te dar alta para retornar a sua casa com seu noivo.

- Um retorno que não será feito por livre árbitro...

- Como assim? - Questionou o velho.

- Maite... - Disse a repreendendo para não falar o que ela estava pensando em dizer.

- Eu estou mantida refém, por favor me ajuda.

O médico arregalou tanto os olhos que pensei que iriam saltar para fora, depois ele me encarou discretamente.

- Vamos conversar ali fora rapidinho doutor.

Ele lançou um olhar para Maite antes de com medo começar a me acompanhar.

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