Capítulo XLI

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Maite

Minha cabeça doía tanto que eu temia que pudesse explodir se abrisse os olhos, mas eu comecei abri-los aos poucos.

- Graças a Deus, você acordou. - Disse um homem segurando minhas mãos e as beijando em seguida.

- O que aconteceu? Quem é você? - Perguntei desconfiada.

Eu vi uma coisa bem parecida com dor passar por seus olhos, como se alguém tivesse acabado de lhe atravessar uma espada no coração.

- Co-como assim quem sou eu? Não se lembra de mim? - Perguntou em choque e pude perceber que suas mãos tremiam.

- Calma William. - Disse um outro homem tocando em seu ombro. - Ela bateu muito forte com a cabeça, ainda deve estar desorientada. Lembra-se de mim, caileag? - Eu apenas neguei com a cabeça, totalmente desconcertada. - Sabe qual é o seu nome?

- É... É...

Naquele momento um desespero tomou conta do meu ser, eu não sabia meu próprio nome, como isso era possível?
Eu comecei a chorar em um misto de pânico e medo.
O mesmo homem de antes tentou me abraçar, mas eu o empurrei. Não sabia quem eles eram, apenas que minha cabeça doía horrores e eu estava machucada.

- O que aconteceu comigo? - Perguntei quando consegui cessar um pouco o choro.

- Não sabemos ao certo, você estava nadando no oceano depois desapareceu. A encontramos desacordada na areia do outro lado da ilha com um ferimento na cabeça. E aliás, meu nome é Aiden e esse outro é o William.

- Ilha? Onde eu estou?

- Na Escócia. - Disse William.

- Mas eu sou escocesa?

- Não, vocês vieram dos Estados Unidos.

- Vocês?

- Sim. Você, William, Fábio e Josué.

- Quem são esses outros?

- Eu não consigo, eu não posso. - Disse William saindo, visivelmente muito afetado.

- Ele era alguém importante para mim? Meu irmão ou coisa assim?

- Não... E me desculpe, mas não quero ser eu a ter que explicar a situação de vocês.

- Meu nome, você sabe qual é?

- Maite, Maite Bellerose Perroni Levy.

- Já sou casada então? Aí meu Deus... Ele era meu marido? - Perguntei espantada, ligando os pontos.

- Sim, e tem outra coisa que você deve saber.

- O que?

- Você estava grávida.

- E o perdi?

- Não, é um belo e saudável menininho.

- Não é possível... Como eu simplesmente tenho um filho e não consigo me lembrar?

- A pancada que sofreu na cabeça foi muito forte, talvez você se lembre de tudo aos poucos. Irei lhe trazer uma sopa e algo para beber, tudo bem?

- Sim.

Ele então saiu me deixando sozinha, e a frustração tomava conta de mim. Como podia eu ter toda uma vida e não me lembrar de absolutamente nada?
Era uma sensação horrível de vazio, não havia lembranças, não havia memórias, não havia nada além de escuridão.
Como eu poderia voltar a me tornar esposa de um completo desconhecido para mim? Como eu seria a mãe de alguém que eu não conseguia me lembrar?
Pouco tempo depois Aiden retornou com um bebê e uma mulher me trouxe um prato de sopa e um copo de suco.

- Qual o nome dele? - Perguntei quando ele colocou o neném em meus braços. Senti minha blusa molhar na região dos seios, era leite, contra a natureza realmente não havia argumentos. Eu simplesmente guiei sua boquinha até o bico de meu peito.

- Estávamos esperando você acordar para decidir.

- Já que estamos na Escócia então, me dê a dica de um nome típico escocês e que tenha um significado valioso. - Falei enquanto acariciava os cabelinhos do pequeno.

- Eu gosto muito de Duncan, significa o de olhos castanhos que vai para o combate. É um nome forte, e ele tem grandes olhos castanhos, sempre muito atento a tudo ao seu redor.

- Eu amei, será Duncan. Meu Duncan. - Respondi sorrindo emocionada.

Do lado de fora eu ouvi uma movimentação, reconheci a voz daquele que era meu marido. Estava bem alterado, e ainda escutei algumas outras vozes como se tentassem contê-lo de fazer algo.

- Está sendo muito difícil para ele também, mas tenho fé que com o tempo tudo irá se ajeitar. O mais importante agora é tentar manter a calma.

Eu concordei, não tinha muito o que falar. O que poderíamos fazer a não ser esperar? O problema é que talvez pudéssemos esperar para sempre minha memória voltar, e isso nunca acontecer. E enquanto isso não somente eu sofria, como todos a minha volta também.

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