Maite
Acordei em uma espécie de cabana, meu corpo todo doía principalmente meu ventre.
- Meu filho... - Murmurei fraca.
- Veja só quem despertou, estávamos ansiosos para que a mamãe acordasse, não é bebezinho? - Disse o homem fazendo uma voz fofa, que eu sabia muito bem que de fofo não havia nada.
- Augusto?
- A memória está boa, pensei que não se lembraria de mim.
- Tenho uma ótima memória para me lembrar de filhos da puta. Me larga, e me de meu filho! - Falei nervosa, já que estava com as mãos amarradas na cabeceira da cama.
Ele apenas riu e começou a caminhar com o bebê no colo, meu coração estava apertado de saber que ele podia fazer qualquer coisa com ele e eu não poderia salvá-lo.
Augusto era conhecido na Máfia por ser um dos homens mais cruéis, não tinha piedade de ninguém, mesmo que o alguém em questão fosse uma inocente criança. Quase sempre era ele quem executava as mulheres quando "necessário", pois era um dos únicos que fazia isso sem um pingo de remorso.
Eu respirei um pouco mais aliviada quando ele depositou o neném em uma espécie de colchonete que estava no chão e começou a caminhar em minha direção até se sentar no pé da cama.- Não queríamos você, mas sim seu maridinho de merda. Porém como não conseguimos pegá-lo sabíamos que você e seu filhinho seriam uma ótima isca. - Disse rindo.
- Por que não nos deixa em paz? O dinheiro já era mesmo, a única coisa que estão fazendo é gastar os últimos centavos procurando a gente e gastando armas e munições!
- Acha que conseguimos nos adaptar a pobreza? William Levy acabou com a nossa vida, e com certeza deve estar com nosso dinheiro escondido por aí. Enquanto para nós restou apenas o caos.
- Não tem mais dinheiro nenhum, foi todo doado.
- A vai me dizer que a senhorita acredita nessa balela de doação também? - Questionou debochado.
- Acredito, pois fui eu quem doei aquele maldito dinheiro sujo! William não teve nada haver com isso, se você quer se vingar de alguém se vingue de mim logo, afinal pegou a pessoa certa, a responsável por destruir aquela porcaria de Máfia! - Respondi nervosa, de cabeça erguida, para ele ver em meus olhos o quanto eu tinha orgulho do que havia feito, porque sim eu tinha. E não me arrependia de absolutamente nada.
- Vadia!
O tapa estalado em meu rosto foi certeiro, mas eu apenas correi o maxilar e continuei a encará-lo, nem se o próprio Diabo aparecesse em minha frente seria capaz de me fazer abaixar a cabeça.
Porém a troca mortal de olhares se quebrou quando o bebê começou a chorar.- Veja só, nosso menino está chorando. - Disse já se levantando, e só então também descobri que o bebê era um garotinho. Esperei tanto pelo momento do nascimento...
- Agora sabe que eu sou a responsável por tudo, mande o menino de volta para ilha, para o pai. E faça o que quiser comigo, me torture ou me mate de uma vez.
Ele nada respondeu, apenas fez uma careta ao pegar a criança no colo de novo.
- Está fedendo. - Disse fazendo cara de nojo.
- Bebês também fazem necessidades. - Respondi revirando os olhos.
- Talvez eu devesse me livrar dele de uma vez, não me terá serventia nenhuma. E além disso, tenho certeza que a morte desse bastardinho irá fazer você e William sofrer mais do que a própria morte. Imagine, depois eu colocaria o corpo em uma caixa de presente, amarrado com um laçinho vermelho, um cartãozinho escrito "Da Máfia com amor", ai ele desembrulha o presente e é o tão amado filhinho. - Falou rindo diabolicamente e eu vi a maldade pura em seus olhos.
- Machuque meu filho e eu acabo com você, vou te matar cortando pedaçinho por pedaçinho até não sobrar nada!
- Continue, me dê mais ideias. Tudo o que quiser fazer comigo reproduzirei nesse monstrinho.
- Senhor, precisamos fazer uma reunião. Não é seguro continuar aqui tão próximo da ilha, podem nos encontrar.
Augusto suspirou estressado com a intromissão do homem, mas apenas colocou o bebê nos pés da minha cama e saiu em seguida.
Ele só não contava que meu pai conhecia a filha que tinha e sabia que mais cedo ou mais tarde eu estaria em uma situação dessas, e me ensinou a desatar vários tipos de nós. E eu já havia me soltado desde o momento em que despertei, apenas aguardando o melhor momento para agir que obviamente era agora.
Rapidamente me levantei, peguei o menino em meus braços e o abracei.
Espiei pela entrada da cabana, do lado de fora um capanga estava em pé parado fazendo a guarda, alguns metros dali todos os outros estavam reunidos em uma roda.
Olhei ao redor, devia ter alguma coisa ali que me serviria como arma. Foi quando avistei um garfo de churrasco, provavelmente pelo acampamento improvisado deviam estar assando a comida na fogueira.
O homem não percebeu quando me aproximei, e nem teve tempo de entender o que estava acontecendo. Com o bebê em um mão, e o garfo na outra enfiei o utensílio pontudo com tudo no pescoço do desgraçado. Uma morte rápida e sem escandalos do jeitinho que eu precisava.
Eu simplesmente comecei a correr mata a dentro, como o outro havia dito estávamos próximos da Ilha.
Não tardou para eu começar ouvir uma movimentação, o que significava que já haviam descoberto a minha fuga.
E eu corri sem olhar para trás, como se minha vida dependesse daquilo, o que de fato não era mentira. Mas agora não era somente a minha, como a de meu filho também e por ele eu sou capaz de qualquer coisa até mesmo adquirir um superpoder como o do Flash por exemplo.
Quanto mais eu me aproximava da costa, mais eu pensava no que iria fazer. Eu não podia simplesmente nadar oceano a dentro com uma criança no colo.
Foi o tempo de chegar na areia e um barco encostou no mesmo instante, eram eles.
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O Tutor Mafioso
RomanceUma das regras mais importantes da Máfia é sem dúvidas: A lealdade. E é por esse motivo que fui obrigado pela minha consciência e ética a me tornar tutor da filha de um dos meus irmãos, não é de sangue, mas a Máfia é uma família e isso não se discu...