Capítulo XIX

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Maite

Naquela noite eu chorei mais do que havia chorado em minha vida toda, eu jamais pensei que William chegaria a esse ponto, mas foi bom, só assim para eu poder perceber quem ele era de verdade.
Eu não dormi nada, então quando Josué abriu a porta e entrou eu já estava atenta.
Sem dúvidas ele estava muito pior que eu, sua cara estava toda deformada, inchada e roxa, era quase impossível reconhecê-lo. Havia marcas em seus braços também, e ele andava arrastando uma perna.

- Me desculpe... - Murmurei quando ele começou a me soltar da cadeira.

- Não foi a primeira e nem será a última vez que me dão um esporro, então não fiquei ai se remoendo.

Quando finalmente eu estava livre mexi as mãos e os pés que mais estavam doloridos.

- Gosta disso, Josué? Gosta de servir essa Máfia?

- Eu não tive opção, senhora. Minha mãe era casada com um dos mafiosos e engravidou de um dos seguranças do marido, então ela escondeu a gravidez de todos, e quando nasci me entregou para Dorotéia, conhece? - Eu apenas concordei com a cabeça, era a cozinheira de Levy. - E ela quem me ajudou, me criou, e a senhora sabe muito bem que quem nasce dentro da Máfia independente de ser patrão ou empregado nunca consegue sair dela.

- E como sei... Você sabe quem são seus pais?

- Não, Dorotéia nunca me disse.

- Você estaria disposto a me ajudar derrubar esses desgraçados? - Perguntei por fim.

Antes que ele pudesse me responder a porta se abre novamente, era William.

- Por que a demora?

- O fecho da cadeira travou, senhor. Consegui soltá-la agora. - Respondeu Josué.

- Como passou a noite, esposa?

- Eu estava longe de você, então bem, marido. - Respondi o encarando de cabeça erguida.

- Vai, pode subir agora.

Eu nada respondi, apenas segui caminhando. Quando já estava dentro da mansão novamente suspirei aliviada e segui para um rápido banho.
Quando terminei vi que Levy estava saindo de casa, e senti um tremendo alívio.

- Oi Dorotéia, como vai? - Perguntei sorrindo enquanto me debruçava sobre o balcão em que ela amassava uma massa de pão.

- Olá menina, estou bem e você? - Respondeu me devolvendo um sorrisinho.

- Bem também, apesar de ter passado a noite naquele porão maldito.

- Aí minha querida, por que não para com as teimosias? Acredite que William é uma pessoa muito boa para aqueles que ele tem afeição, e eu vejo nos olhos dele que gosta muito de você. Ele faz ai suas coisas erradas, mas no fundo apenas está dando continuação naquilo que lhe foi dado, algumas pessoas herdam empresas de seus pais, ele infelizmente herdou essa Máfia. Juntos vocês podem construir uma família bonita, e quem sabe um dia você não o convence a deixar essa vida.

- William abandonar a Máfia? Impossível. O Levy também não se importa com nada que não seja ele mesmo.

- Ele assumiu um compromisso com você, a coisa que ele mais temia era se casar, e ele fez isso para poder te proteger.

- Não, ele fez isso para cumprir uma maldita promessa que fez ao meu pai.

- Uma mulher quando quer consegue fazer o mais bárbaro e cruel dos homens se ajoelhar em seus pés. Se você quiser  consegue fazer William ser seu cachorrinho. Eu conheço aquele menino desde que nasceu, o Klaus pai dele fundou a Máfia, e a criação toda do William foi voltada para ser um bom líder dessa gangue, ele não teve infância, enquanto você com 10 anos estava tendo aula de matemática na escola ele estava pegando em uma arma e sendo obrigado a mirar na cabeça de alguém e atirar.

- Por isso que eu sou tão teimosa Dorotéia, por isso que eu quero acabar com essa maldita Máfia. Pensou se um dia eu fico  grávida de William, como que eu vou permitir que ele faça a mesma coisa com nosso filho que o pai dele fez com ele? Como que eu vou permitir que coloquem na cabeça de uma filha minha que ela só serve para satisfazer seu marido criminoso? - Ela abaixou a cabeça sem saber o que dizer. - Quem são os pais de Josué? - Perguntei sem rodeios o que eu queria perguntar desde que comecei aquela conversa, e ela arregalou os olhos assustada

- Não acredito que ele abriu o bico! Se isso cair nos ouvidos errados, misericórdia. Ninguém sabe dessa história além de mim e ele, e era para continuar assim. - Disse preocupada.

- Eu não vou contar nada. Minha intenção não é foder com a vida de ninguém. Ele me disse que a senhora nunca lhe contou quem são seus pais.

- E nunca contarei.

- Por que?

- Deixa o passado morto e enterrado onde ele está, Maite. E pare de ficar procurando problemas, antes que mais gente saia machucado disso, viu o estado que deixaram Josué.

- Sim, dessa vez a culpa foi minha mesmo, e nas outras? Por que ele me contou que não foi a primeira vez que lhe fizeram aquilo. Eu sei que você no fundo só quer protegê-lo, deve o ter como um filho, assim como ele lhe vê como uma mãe, mas em uma dessas ele pode sair morto um dia, e vai ter morrido sem nunca ter lutado, se quer sem nunca ter tentado derrubar aqueles que lhe fizeram e fazem tanto mal.

Ela se virou de costas para mim, como quem não queria mais conversar, eu sabia que minhas palavras haviam lhe atingido e era isso que eu queria. Então apenas sai dali. Quando abri a porta do quarto Josué estava em pé lá dentro.

- Estou do seu lado, Maite. Vamos acabar com eles.

Eu sorri satisfeita, e quando apertamos as mãos sabíamos que um trato havia sido selado, e uma meta definida: Destruir a mais poderosa Máfia do mundo.

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