Capítulo XXXVIII

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William

Os meses seguintes se passaram voando, a barriga de Maite parecia que podia explodir a qualquer momento, mas ela estava linda. Pelos nossos cálculos ela poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Inclusive houveram dois alarmes falsos, onde ela sentia uma pontada e já ficávamos ansiosos achando que o bebê iria nascer.

- Bom dia, meu amor. - Falei quando a vi abrir os olhos preguiçosamente.

- Bom dia, Will. Dormiu bem?

- Muito e você?

- Também, inclusive algo me diz que hoje nosso anjinho vem.

- Por que acha isso? Está sentindo algo? - Perguntei preocupado.

- Apenas um pequeno desconforto, mas a forma que meu coração está batendo acelerado hoje de empolgação não nega. Além disso, ontem mudou a lua, você não viu?

- E o que tem haver?

- Cida a parteira me disse que quando a lua muda o bebê sempre chega. - Respondeu sorrindo.

- Pois então que venha logo nosso neném, que eu não aguento mais de tanta vontade de conhecê-lo. - Falei depositando um beijinho em sua barriga.

Maite seguiu para tomar um banho, e assim que terminou eu estava a ajudando se vestir quando começaram a bater na porta desesperadamente.

- Que porra viu, já vamos descer.

- Não é isso, abre logo caralho! - Gritou Fábio aflito, e naquele momento meu coração gelou.

Estava seguindo para destrancar a porta, mas nem consegui alcançar a maçaneta pois Maite soltou um gemido de dor e eu corri novamente até ela para poder lhe amparar.

- O que foi?

- Vai nascer. - Falou mostrando o líquido que estava escorrendo por suas pernas.
Eu a guiei até a cama novamente.

- WILLIAM! - Gritou Fábio mais alto e batendo com mais força.

- ESPERA!

Com Maite deitada corri para a porta, e a destravei.

- Nos encontraram.

Pela primeira vez em muito tempo senti vontade de chorar, como eu iria fugir com Maite dali com ela dando a luz?

- O bebê vai nascer, o que eu faço? Puta que pariu.

- Não tem o que fazer, tome. - Disse me entregando uma arma. - Aiden distribuiu para todos, a guerra vai começar. Na costa ja tem uns 4 homens mortos.

- Desgraçados! Eu vou matar cada um daqueles Demônios. Vai indo na frente que eu já vou. - Ele apenas concordou com a cabeça e seguiu na frente, eu voltei para falar com Maite. - Vou encontrar Cida e pedir que venha te ajudar, não se preocupe vai ficar tudo bem. Vou acabar com aqueles imundos.

- Se cuida, por favor.

Eu concordei com a cabeça e estava saindo quando ela me chamou, eu me virei para saber o que era.

- Eu te amo.

Eu sorri e não consegui evitar voltar para lhe dar um beijo.

- Te amo.

E com o coração na mão eu sai em disparada ainda ouvindo alguns gemidos e gritos de dor, era para eu estar ao seu lado naquele instante, mas aqueles malditos estragaram o momento mais importante de nossas vidas.
Consegui encontrar Cida mesmo no meio daquele caos e ela correu para tentar ajudá-la.
As trocas de tiro eram intensas, e havia muitos caídos pelo campo. Eu estava me protegendo atrás de um pilar enquanto mirava e tentava acertar os disparos nos filhos da puta.
Era difícil se concentrar quando logo ali minha mulher estava em trabalho de parto, correndo risco. E a distração me fez levar um tiro de raspão no braço que só não me atingiu em cheio porque alguém me puxou a tempo.

- Segunda vez que salvo sua vida, na próxima vai ter que me pagar um boquete.

Eu reconheci a voz de Josué.

- Então na próxima por favor me deixe morrer. E obrigado mais uma vez.

Ele apenas deu de ombros antes de voltar a atirar.

- E Maite?

- Espero que esteja bem, não sei o que seria de mim se algo acontecesse a ela ou ao nosso filho.

- Vai ficar tudo bem, ela é muito forte.

- Sim, ela é.

O silêncio voltou a reinar porque o momento era tenso, a Máfia obviamente tinha armas muito mais potentes que as de Aiden. E eles estavam conseguindo avançar com muita rapidez.

- Precisamos de um plano, senão vamos morrer todos. A arma deles são muito melhores. Além disso, estamos em muita pequena quantidade.

- Aiden tem uma coleção de cobras altamente venenosas, eles prendem todas para evitar que se reproduzam e manifestem a Ilha. E se déssemos um jeito de soltar essas peçonhentas no meio deles.

- E como faríamos isso?

- Seu pai nunca lhe ensinou arremesso?

Eu dei risada, e protegendo um ao outro conseguimos chegar até a casa de Aiden. Corremos até o lugar onde ele guardava os animais presos em gaiolas e pegamos o máximo de gaiolas que conseguimos.
Tinha um par de luvas especial feito exatamente para maneja-las, dei uma a Josué e fiquei com uma. Subimos até o terraço e ficamos abaixados para tentar evitar que nos vissem.

- Que Deus nos ajude. - Falei abrindo a gaiola e pagando a primeira.

Ela era toda colorida e dava para ver ódio transbordando de seus olhos. Era muito violenta, o que fazia o arremesso ser um tanto difícil, mas não impossível. Peguei em seu rabo e a rodei antes de jogá-la.
Comemoramos quando acertou em cheio a cabeça de um deles, o infeliz mal teve tempo de entender o que era e levou uma picada bem dada no pescoço. Em segundos caiu de joelho no chão e espulmando pela boca. A coitada ainda conseguiu fazer mais uma vítima antes de levar um tiro na cabeça.
Depois daquilo foi uma cobra atrás da outra, eles não conseguiam mais lidar com os tiros dos escoceses e com as cobras venenosas que se esgueiravam por entre as folhas e os picavam de forma discreta, mas mortal.
Era um caindo atrás do outro, até os que restarem serem espertos o bastante para fugirem como um bando de covardes.
Descemos após termos certeza que não havia mais nenhum desgraçado com vida ali. Era para comemorarmos a vitória, mas não tinha como, cerca de 18 dos nossos haviam morrido, entre eles homens, mulheres e até mesmo crianças. E aquilo doeu demais, afinal os considerava como minha família agora.
Aiden estava ajoelhado no chão com o rosto afundado em suas mãos, eu me abaixei e o abracei.

- Eu sinto muitíssimo, a morte dessas pessoas também dói na minha alma. Nos perdoe, foi culpa nossa, eles vieram atrás de nós...

- É minha função cuidar dos meus e eu falhei, FALHEI! - Gritou entre lágrimas.

- Você não falhou, fez o possível. Todos fizemos.

- Vai ver Maite, a gente cuida aqui. - Disse Josué, com Fábio ao seu lado.

Eu apenas concordei em agradecimento e corri para poder chegar logo, assim que abri a porta sabia que tinha coisa errada, estava um silêncio ensurdecedor. E eu ficava ainda mais apreensivo enquanto ia subindo  apressado as escadas até o quarto.
Assim que abri a porta me deparei com uma cama vazia cheia de sangue, e a parteira estava caida ao chão com um ferimento perto do ombro, quem atirou com certeza errou a mira, claramente era pra ter sido um tiro no coração. Eu corri e tentei acordar a mulher.

- Cida, pelo amor de Deus, acorde.

Ela começou abrir os olhos com dificuldade e me encarou.

- Cadê eles?

- Levaram Maite e seu filho. - Murmurou antes de desmaiar novamente.

Minha cabeça começou a rodar, e o sangue de minhas veias gelaram no mesmo instante, qualquer coisa menos isso...

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