Marcela.
Olhei pra trás de imediato e vi ela, fiquei sem acreditar com tamanha conhecidencia...
-Mãe- dei um grito indo lhe abraçar sem pensar duas vezes.
-Minha filha, quando me passaram que você estava no morro, cheguei a duvidar, mas agora sei que é verdade- comentou sem me soltar.
-Vim pra te encontrar, saber como você estava- afirmei me soltando dela.
-Precisamos conversar, rolou muita coisa nos últimos meses- avisou. -E como está a minha neta ou neto?- perguntou com um sorriso largo.
-Acho que dessa parte você não ficou sabendo né. Eu perdi no dia daquela invasão- disse cabisbaixa.
-Eu sinto muito filha, ainda mais por ter te deixado passar por tudo isso sozinha- minha mãe disse sem reação.
-Tudo bem, já passou- tentei mudar de assunto.
-Moça, aqui olha- a atendente avisou.
Peguei as coisas e paguei. Sai de lá junto com a minha mãe, na rua todos nos olhavam curiosos, só não entendi o porque. Ela está indo comigo, pra a gente poder conversar melhor e com calma. Temos muito o que falar. A mesma disse que precisa me dizer algo muito sério, mas não faço a mínima ideia do que seja.
Acho bem provável que a Michelli e o Matheus ainda nem estejam acordados. Achei que seria difícil achar a minha mãe, mas foi estranhamente fácil, parecia que ela já sabia que eu estava aqui desde ontem, nem sei explicar, não que eu esteja achando ruim, longe disso, porém estranhando.
Em cerca de minutos chegamos em casa, abri a porta e ela entrou olhando tudo ao seu redor. Entrei e tranquei a porta também. Fui até a cozinha, deixei as coisas em cima da mesa e voltei pra sala onde estava a minha mãe sentada no sofá.
-Quem são aqueles que vinheram com você?- ela perguntou curiosa.
-Ué, mas se você nem viu eles, como sabe que veio gente comigo?- perguntei desentendida.
-Olha Marcela, quando eu disse que a gente precisava conversar, não estava brincando- falou séria e eu engoli em seco.
-Ok, tudo bem, então começa logo a falar por favor- pedi já sem muita paciência.
Eu tento ser paciente ao máximo, mas a minha curiosidade não aguenta por muito tempo tanto mistério.
-Quando o coringa morreu, o braço direito dele queria se apossar de mim como se eu fosse um objeto, então tive que me defender da única maneira que restava. Não podia aguentar mais anos com um homem me maltratando de todas as piores formas.- ela já estava com o olho cheio de lágrimas.
-Respira pra falar, calma- lhe abracei de lado.
-Eu matei ele Marcela, em legítima defesa, e agora tenho que carregar o peso de comandar esse morro- falou de uma vez e eu arregalei os olhos.
-Como assim você tá comandando isso aqui?- perguntei espantada.
-Se eu fosse explicar tudo detalhadamente, iria levar o dia todo. Mas tive que ir pras ideias com o pcc, expliquei a minha situação. No final das contas entenderam e disseram que o meu castigo seria comandar tudo isso aqui- minha mãe tentou explicar ao máximo.
Estou sem reação alguma, nunca que eu iria imaginar isso tudo. A Michelli apareceu na sala com a maior cara de sono e deu um sorriso largo sem entender nada quando viu eu e a minha mãe com uma cara nada boa.
-Que caras são essas?- Michelli perguntou sem entender.
-Mãe essa é a Michelli, Michelli essa é a minha mãe- fiz logo questão de apresentar as duas.
Elas se cumprimentaram com um aperto de mão enquanto eu tentava assimilar tudo que tinha acabado de escutar. A Michelli me olhou tentando decifrar meu semblante, parece curiosa mas nem dei muita bola.
-Ok, não vai me contar o porque de você esta com essa cara?- a Michelli perguntou se sentando do meu lado.
-Acho melhor a minha mãe que te contar o que acabou de me dizer- sugeri.
-Então me conta logo tia, tô começando a ficar assustada- Michelli pediu.
-Então, vamos lá...- a minha mãe contou tudo de uma vez sem mais enrolação pra Michelli que ficou boqueaberta.
-Puta que pariu. Por essa nem eu esperava- Michelli admitiu um tanto chocada.
Se ela teve essa reação imagine eu. Saber que a minha mãe teve que matar um escroto para não passar tudo que viveu no passado mais uma vez e ainda por cima ter virado a dona disso aqui como um ato de "castigo" já que a mesma nunca teve vontade de comandar um morro. Eu sou a filha da dona do morro, e a Michelli do dono, é conhecidencia demais.
-Eu não gosto de saber que você corre o risco de ser presa e até mesmo morta em uma invasão- comentei cabisbaixa.
-Não se preocupe filha, vai ficar tudo bem- a minha mãe tentou me confortar.
É nessas horas que a minha ansiedade ataca. Achava que quando chegasse aqui iria encontrar ela e levar a mesma pro Rio de Janeiro comigo, mas acabei de perceber que meus planos foram de água a baixo. O importante é que ela esta bem, vou tentar focar nesse pensamento.
-Vamos tomar café, depois dessa eu tenho que repor as minhas energias- chamei elas tentando me recuperar.
-É melhor mesmo- concordaram.
Me levantei do sofá e fui andando na frente. Abri as sacolas e tirei as coisas de dentro. Peguei três copos e elas vinheram preparar os seus mistos quente. Vou ficar só no pão de queijo mesmo, e de bebida, achocolatado. Me sentei quieta e comecei a comer.
-Cadê o Matheus?- a Michelli perguntou tentando puxar assunto.
-Mandei ele ir dormir um pouco na minha cama- comentei.
-Que bondosa- ela debochou e eu dei de ombros.
Falando nele, não dou nem 1 hora pra acordar. Está tarde, já são 10:20, a hora que a gata vai tomar café, praticamente almoçando.
-Então, onde a senhora tá morando, mãe?- perguntei com a boca cheia.
-É aqui perto, se vocês quiserem podem ir almoçar comigo- convidou a gente.
-Nós vamos sim- Michelli respondeu por nós.
-Bom dia flores do dia- Matheus apareceu na cozinha com a maior cara de sono. -Opa, quem é essa?- perguntou sem entender.
-Eu sou a mãe da Marcela, prazer- a minha mãe mesma se apresentou.
-Karalho tia, tu é gatona, com todo respeito- Matheus admitiu boqueaberto.
-Obrigado- minha mãe riu.
-Era só o que me faltava né Matheus- repreendi ele que deu um sorriso quadrado.
A Michelli ficou rindo igual uma hiena, a minha coroa parece ser irmã, super novinha, aí esses mucilon fica tudo doido, que raiva...
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𝓟𝓞𝓓𝓔𝓡𝓞𝓢𝓐
RomanceVulgo poderosa, pros mais íntimos é Michelli, não tô aqui pra agradar ninguém, então se você gostar tá gostado se não gostou o problema é teu. Não abaixo a cabeça pra ninguém, sei o certo e o errado, não preciso que me falem oque fazer. +16 [plágio...