Capítulo 67🦋

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Michelli.

Bendita hora que eu aceitei vim pra esse baile, agora tem um moleque chato no meu pé e a Marcela tá bebendo horrores. E o Matheus nem pra me ajudar despistando o cara, mas ele me paga.

A mãe da Ma é toda posturada, fiquei surpresa. Mas pensando bem, se você é mulher e tem que comandar algo, nada melhor que uma boa postura pra por medo nos outros.

E pensar que um dia estarei no lugar dela, a única diferença é que será em um morro diferente, mas com as mesmas dificuldades.

Pensar no futuro me assusta as vezes, principalmente em pensar que um dia vai ser só eu e eu, sem os meus pais pra me proteger de tudo e todos. Saí logo dos meus pensamentos pra não acabar ficando mal.

Do nada o mc começou a dar os "alô"... primeiro pra Marcela que acenou, e depois pra mim que tive que acenar também.

-Então o seu nome é Michelli, bom saber- o TK murmurou um pouco afastado.

-Não muda nada- afirmei dando de ombros.

Nem pra mentir eu consigo, que saco. Avistei o Matheus no maior papinho com a mãe da Marcela, estranhei já que ela tem idade pra ser mãe dele, nada contra, mas foi uma parada muito estranha ver eles se beijando em um cantinho do camarote.

Puxei a Marcela de canto e mostrei a cena para a mesma que ficou boqueaberta igual eu.

-Que filho da puta, não perdoou nem minha mãe cara- ela disse incrédula e eu quase soltei uma gargalhada.

-Quem perdoa é Deus, o Matheus não. Mas por essa nem o futuro esperava- argumentei.

-Pior foi minha mãe que aceitou isso. Sério eu tô sem reação. Mas eu vou fingir que não vi isso. Cada um com seus desejos né- a mesma tentou deixar o ocorrido de lado.

-Oi, Marcela. Sou a fiel do TK, e ouvi muito a sua mãe comentar sobre você. Bem que podíamos trocar uma ideia né- uma moça muito bonita chegou falando com a Ma.

Estranhei na hora. Como assim é fiel do TK se o cara acabou de vim dar em cima de mim. Meu pensamento foi direto no Guilherme, e se ele faz isso comigo, meu Deus, deu até um embrulho no estômago. Gosto nem de ficar imaginando essas coisas, acaba virando paranoia.

Engoli em seco e prestei atenção nas duas que começaram a conversar normalmente, como qualquer início de amizade. Olhei de relance pro TK e ele estava com um sorriso desconfiado, apenas neguei voltando minha atenção pra cá.

-E você, deve ser a Michelli, amiga da Marcela né?- a menina perguntou se dirigindo a minha pessoa.

-Sim, eu mesma- afirmei dando um sorriso forçado pra não parecer antipática.

-E aí Ma, vai vim morar aqui quando?- a Flávia perguntou.

-Sinceramente? Não pretendo vim morar aqui. Sei que a minha coroa vive aqui, mas esse lugar não é pra mim- a Marcela afirmou me dando um alívio.

Não seria nada bom me afastar da Marcela, ela é como uma irmã pra mim. Aliás, não estou gostando dessa curiosidade toda dessa guria, do nada.

-Poxa, você devia ficar mais tempo com a sua mãe. O TK sempre comenta que ela parece se sentir muito sozinha- a Flávia argumentou.

-Vou tentar vim mais vezes aqui. Mas pra morar eu realmente não pretendo- ela afirmou decidida.

Eu sou muito desconfiada, e não tô gostando nada dessa mona botando pilha na cabeça da Marcela. Vou ficar na minha pra não arrumar confusão, mas se for preciso eu hablho rapidinho. Me afastei um pouco delas pra olhar o celular e fazer um vídeo desse baile.

Quero mostrar pro meu pai depois como é diferente os bailes daqui pros de lá. Entrei no meu WhatsApp e vi que o Gui tinha postado status, respirei fundo e fui olhar, era um vídeo do pagode, o local lotado, e pra minha infelicidade não apenas com homens, mas sim com muitas mulheres em volta também.

Engoli o meu ódio e dei um sorriso. As vezes eu consigo desligar os sentimentos, e isso me ajuda bastante. Puxei a Marcela chamando a mesma pra dançar. A Flávia ficou lá sozinha com cara de tacho. Está tocando uma música que eu amo, então mandei logo uma coreografia de deixar todas no chinelo.

A Marcela fica me olhando com cara de orgulho enquanto dança no mesmo nível, a final, ela quem me passa as coreografias da atualidade. No fundo estava com saudade desses momentos só nosso. Descontrair mais, é muito bom.

-Eita porra- a mãe da Marcela falou boqueaberta com nossa performance.

Apenas sorri sem sair do personagem. Acho que estou um pouco sedentária. Mal comecei a dançar e já estou suando. Maldita hora que não coloquei um short por baixo desse vestido, já devo ter pagado calcinha umas 10 vezes aqui.

É um horror dançar tendo que descer o vestido, mas é o que temos pra hoje. A mãe da Ma se juntou-se a nós, e a gata dança muito viu, então já sei que é de família...

Tem muitos olhares em cima da gente, mas nunca fui de ligar pra isso. A música acabou e eu limpei o suor da testa com cuidado pra maquiagem não ir junto. Começou uma música nova mas eu resolvi me aquietar um pouco. A Ma seguiu dançando, tem energia pra dar e vender.

Peguei o meu celular e tinha duas mensagens do Guilherme, meu coração chegou a acelerar. Entrei na conversa e tinha um vídeo meu dançando, quem diabos mandou pra ele? Olhei ao redor e cheguei a conclusão que pode ter sido o Matheus, traíra.

O pior é que o vestido estava extremamente curto no vídeo e de fundo ainda tinha homens me olhando. Respirei fundo e mandei a pergunta mais idiota possível pra ele, "cê tá bravo?".

Já sabemos a resposta né. O mesmo respondeu com um "eu não, faz o que tu quiser". Mas lá no fundo ele está com ódio e eu com o coração na mão. O Gui as vezes é ciumento demais, eu estava apenas dançando, sem contar que não rendo pra nenhum homem.

Até parece que ele também não estava vendo as mulheres do pagode dançando né, me poupe, também não sou tão ingênua assim.

Vou deixar isso de lado pra não acabar com a noite. Mas amanhã vai ser um longo dia...

𝓟𝓞𝓓𝓔𝓡𝓞𝓢𝓐Onde histórias criam vida. Descubra agora