Gabriel ele puxou para a junto seu peito, ele aninhou junto a ele levemente, de forma que pareciam o exemplo perfeito de dois pais esperando seu filho. E se, se tratasse só disso, estaria tudo bem. Seria maravilhoso. Mas infelizmente não era só isso; não, não era! Não quando havia tantas outras coisas por trás que não pudessem deixar com que eles fossem, aquela família perfeita, com que ela e todos eles sonhavam. Mas havia um pesadelo com que lhe atormentava, um pesadelos que lhes perseguia em todos aqueles momentos; a ameaça de que um dia ela seria arrancada deles; seria levada por um homem grotesco, que mais lhe lembrava uma sombra, tóxica e oleosa, que lhe rodeava à todo momento, para em um dado tempo, lhe envolvesse os tornozelos com sua massa oleosae grudentae, lhe puxando para junto à ele na escuridão, sem que ela tivesse chance de defesa ou processar o seu medo. Ela tinha medo daquilo, tinha medo de voltar para suas mãos; e com aquele pensamento ela se aninhou mais mos braços de Gabriel, contendo um calafrio gelado que subia por sua espinha; e ele lhe aninhou imediatamente mais à ele, lhe puxando para o meio de seus braços mornos e aconchegantes; como uma lareira quente no inverno.
Adrian subiu correndo as escadas da entrada, chegando até eles, imediatamente lhe arrancando dos braços de seu pai, lhe tomando em um abraço; um abraço que só ele lhe poderia oferecer, um abraço que só se tem o privilégio de receber de seus filhos. Ele aninhou a cabeça em meio ao seu peito, tentando confortá-la da melhor forma possível; e aquele abraço não chegaria à ter preço; não poderia chegar, pois, aquilo valia muito mais do que qualquer coisa pusesse comprar, era puro e único de uma forma que só aquilo se assemelharia de fato ao que era; era inestimável!
  E ele lhe olhou abaixo do seu peito:
  - Você estar bem, mamãe? -
  Seus olhos tinham uma urgência transparente, retida dentro das pupilas lacerantes. E ela lhe respondeu com toda a sua alma e vontade com que aquele olhar deixasse de parecer tão preocupado e assustado:
  - Sim, meu filho, eu estou, bem! -
  Ela segurou sua bochecha em sua mão:
  - Não precisa se preocupar, seu pai e outras pessoas, já cuidaram de tudo pra mim! -
  Ela tentou lhe tranquilizar. Mas ele se afastou levemente de seu peito, assumindo uma distância em que pudesse olhar claramente para seu pai e ela, e com os olhos lacerantes de preocupação, lhes disse:
  - Porquê?! Porque tentaram sequestrar você? O que eles querem com você?! -
  Ele falava exacerbado. E queria lhe tocar para lhe acalmar, mas ele parecia muito agitado para isso, e não queria tirar sua confiança em suas palavras daquele modo, então contentou-se em lhe observar de longe, com um olhar que lhe implorava calma. E ele completou:
  - Porquê, pai?! -
  E Gabriel falou com sua voz, firme e determinada, que tinha:
  - O homem, que tentou sequestrar, sua mãe, só queria se aproveitar da posição dela na família, para cobrar um resgate -
  Adrian se calou com aquilom, para apurar seus ouvidos, para o que viria à seguir:
  - Ele só tentou se aproveitar da situação da sua mãe. Mas nós já demos um jeito nele, e agora ele está na prisão; e sua mãe está bem! -
  Ele lhe olhou nos olhos:
  - Ele não vai voltar à incomodá-la! Mas você não vê que sua mãe precisa de um tempo para processar o que aconteceu com ela?! -
  Ele deu sua cartada para que ele deixasse o assunto morrer:
  - Ela precisa de um tempo para poder esquecer o que aconteceu, então pare de atormentá-la com perguntas, enquanto ela tenta esquecer -
Ele falou para seu filho:
  - Deixe ela pensar com calma no que aconteceu! -
  Adrian lhes olhou, com um olhar que lhe dizia que ele entendera o que seu pai quis dizer. E ela teve medo de que ele se chateasse com o tom que Gabriel usou, mas ele não pareceu se ofender com a fala de seu pai, só pareceu compreender o recado que Gabriel tentou passar, e então disse:
  - Você está certo, pai! Me desculpe mãe! Não quis que a senhora se sentisse pressionada! -
  Ele se desculpou, com um olhar doce, que só ele sabia fazer; e completou:
  - Então, agora eu vou subir, e vou descansar um pouco no meu quarto -
Eles lhe deram o consentimento só com o olhar, e ele passou por eles apressado para chegar em seu quarto.
  Gabriel e Natalie se entre olharam, nenhum dos dois foi capaz de conter o suspiro pesaroso que lhes escapou pelas narinas; não era fácil pra nenhum, mentir para ele, mas era algo bem melhor do que ter que explicar a situação hedionda que eles se encontravam. Era com certeza muito mais fácil do que ter que explicar os detalhes delicados para uma criança.
  Eles se viraram para entrar e Gabriel agarrou sua cintura, lhe puxando para junto de si, lhe dando um beijo no topo da cabeça:
  - Um dia, nós não vamos ter o que mentir pra ele -
  Gabriel tentou lhe tranquilizar. E como ela queria que aquele dia chegasse, e se visse livre de Diogo, como sonhava! E ela falou:
  - Eu sei -
  Ela disse aquilo porque acreditava nele, acreditava que ele podia cumprir com o que lhe dizia. E então, eles foram caminhando para dentro, com sua mão envolta em sua cintura lhe abraçando ternamente.

 

Rosa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora