Ele se sentou na mesa, e seu irmão se sentou do outro lado, com as mãos se dirigindo para um papel ali, e ele disse:
  - Temos que ver tudo que temos acesso! Essa é a ficha que você reuniu do caso? -
  Ele perguntou, rompendo o lacre de papel. Gabriel com o queixo apoiado nas mãos, que por sua vez, se encontravam firmes no apoio de seus cotovelos na mesa, pensativo ele resmungou uma curta resposta:
  - Sim...! -
  Sua voz era baixa e rouca, de forma dura e cansada, causada pelos seus pensamentos distantes e negativos.
  Então seu irmão tirou dali os papéis com o que tinha encontrado sobre o que acontecera com Natalie no passado, e o que estava acontecendo recentemente. Ele olhou todas as folhas, com o venho franzindo. Ele sabia o que estava se passando na cabeça dele, como aquilo tudo podia estar tão mal resolvido.
  Deveria estar olhando a folha com o relatório do mês em que ela do nada sumira de um dia para o outro, e ninguém parecera se dar contar de que ela não estava mais com eles, de que sumira!
  Ele sentia tristeza e insatisfação, por sua Borboleta mesmo sendo a pessoa mais doce que conhecia, ninguém se deu por falta dela, ninguém pareceu se importar que a jovem tímida que sentava na mesa do canto toda manhã não vinhera durante mais de um mês, se a moça que parava toda tarde na biblioteca não aparecera por semanas, que a universitária calada faltara o bimestre inteiro, que ninguém parara para notar sua ausência; que ninguém se importara o suficiente para se perguntar o tinha de errado!
  Ele ficava com raiva daquilo, só de lembrar de tudo!
  E então seu irmão terminou de ler o relatório do sequestro e perseguição de Natalie, e arriscou para Gabriel:
  - Esse Diogo Roberto é esquivo, é de se compreender porque até agora não havia dado sinal de vida, mas eu posso conseguir encontrar ele! -
  Ele levantou a cabeça das mãos para olhar seu irmão, um embargo claro no olhar:
  - Você pode?! -
  Sua voz era um tanto embargada e desesperada.
  Damian olhou para ele, diretamente dentro dos olhos, com a promessa presente no seu olhar:
  - Sim, Gabriel! Eu vou conseguir localizar esse nojento e encontrar a sua noiva! -
  Ele lhe passava confiança pelo olhar:
  - Logo ela não vai mais estar com ele, e você vai poder ter ela com você denovo, e eu vou poder enfim conhecer a minha cunhada! -
  Ele se levantou, segurando seu ombro, tentando animar seu corpo derrotado, dizendo para ele:
  - Você vai logo ter a sua mulher de volta, segura e bem! -
  Ele tentava lhe fazer voltar a ter ânimo e confiança! E então ele continuou:
  - Tenho tudo o que preciso, e sei que tenho acesso à qualquer recurso que precisar -
  Ele assentiu confirmando ao seu irmão,  que continuou o que estava falando:
  - Agora vá pra casa! Tome um banho e durma, amanhã vou precisar de você inteiro para me ajudar! -
  Ele tentou lhe dar uma motivação para descansar e cuidar do seu choque!
  E ele sabia disso,  sabia que ele não precisava da sua ajuda ali pra nada, mas esmo assim, lhe daria um trabalho para que cuidasse de se levantar de manhã sem falta e não se deixasse abater!
  Então ele confirmou para seu irmão:
  - Está tudo bem então, eu vou e amanhã eu estarei aqui logo de manhã, pronto para fazer o quê quer que seja, que você me pedir! -
  Ele levantou da sua mesa, sem forças, o seu corpo cabisbaixo como a sua mente, lhe obrigando à se arrastar por aí, como um corpo sem dono!
Seu irmão lhe deu um leve tapa nas costas, numa tentativa de lhe animar:
  - Ela logo estará com você, e você não terá mais que se preocupar! -
Ele olhou bem para seu irmão:
  - Assim espero! -
  Seu olhar carregava dor, e seu irmão concerteza tinha percebido,  podia lhe afirmar isso somente pela sua expressão que se afetou quando lhe viu.
  E então ele saiu dali, se afastando do seu irmão e os pensamentos sobre Natalie recaindo sobre ele.
  Será que ela estava muito assustada?! Será que ele já a tinha machucado? Será que ela estava chorando, com medo, com dor?!
  Seu peito doía com os pensamentos, com o sofrimento da sua Borboleta!
  Será que ela queria que ele estivesse com ela...?!
  Ele apertou os olhos em dor! Mal podia suportar!
  Então ele viu que já havia saído e estava na rua, o céu já era acinzentado com os últimos raios solares lhe atravessando, para em seguida fugirem. E olhando para aquilo, era impossível não pensar que já se passará um dia que sua borboleta havia sido levada dele, um dia longe dele, sozinha com um monstro!
  Tudo doía nele! Ele entrou em seu carro, girando a chave e saindo dirigindo, ele foi direto para sua casa, seus pensamentos nunca saindo de Natalie!
  E ele chegou, entrou pela porta, dando de cara com o grande salão ali, era doloroso demais olhar para aquilo e ver Natalie em cada canto dali, presente em cada suspiro seu. Adrian ainda não havia chegado, e por isso,  pelo menos não teria que lhe explicar ainda o que acontecera. E por isso se sentia infinitamente grato, não podia descrever o quão se sentia aliviado por não ter lhe explicar isso agora.
  Ele caminhou lentamente pelas escadas, sentido Natalie em cada passo, até chegar em seu quarto, abrindo a porta e olhando para o quarto vazio ali. O cheiro de Natalie em cada canto do cômodo, a bagunça de seus livros, presente em cada espaço. E então ele caminho diretamente à cama, deitando inerte nele. A falta do corpo de Natalie ao seu lado, de lhe puxar para seu abraço e senti-la em seus braços.
  A noite passava, cada minuto mais inquietante do que o outro. Ele girava de um lado pro outro na cama, a ansiedade lhe dominando, e então ele viu um pano enrolado no canto da cama.
  Puxou para si, e viu que era um vestido que fizera para Natalie.
  Ela sempre ficava linda nele, o tecido macio, vermelho vinho, caindo bem em suas curvas, justo em seu busto e caindo aberto a partir dos quadris, indo até seus joelhos. Ela ficava linda com ele, sempre ficava linda de qualquer jeito!
  E então ele lhe puxou para seu peito, sentindo o cheiro dela presente no vestido, lhe acalmando, e fazendo ele lhe sentir mais perto dele, com aquele cheiro, café e frutas vermelhas.
  Nem se passara um dia por completo e ele já sentia tanto a sua falta!
  E então ele se deitou ali, agarrado com o vestido que tinha milagrosamente o cheiro dela, e enfim dormiu, sentido algum conforto com seu cheiro
 

Rosa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora