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O café e os doces estavam ótimos. Sabia que era a melhor escolha para eles dois, algo sofisticado, mas ao mesmo tempo simples. Assim teriam a calma que ele queria. Nada incomodando os dois...

Ele queria a conhecer melhor, se conheciam a anos, mas não sabia muita coisa sobre seu passado. Quando chegava a tocar no assunto ela mudava o rumo da conversa. Agora sabia o porquê, mas ainda tinha curiosidade.

Daria um jeito de fazê-la lhe contar sem se entristecer.

- Natalie, você tem algum parente - ele perguntou.

Seu rosto se entristeceu um pouco deixando já arrependido - Minha mãe me criou afastada de qualquer família que pudéssemos ter - ela explicou.

- E ela? Você nunca me falou sobre ela! -

- Ela morreu alguns anos antes de nos conhecer-mos. Mas você sabia disso! -

- Sim, mas eu quero dizer: como ela era, uma mãe legal? - ela largou seu café.

- Gabriel, você sabe que eu não gosto de falar sobre ela! - ela fitou a mesa em lamento.

- Eu não gosto de lembrar do passado, eu fiz de tudo pra esquecer! - ele desistiu

- Tudo bem, então se você não quer contar -

- Não, eu vou contar. Você precisa saber e eu queria poder desabafar -

- Eu gostava dela, mas ela não era exatamente a mãe melhor mãe do mundo - ele sabia que aí vinha tombo.

- Ela dizia que me amava e tentava ser minha amiga, mas toda vez que eu contava pra ela que tinha feito um amigo ou algo do tipo, ela me brigava dizendo que quem devia ser minha amiga era ela, às vezes, ela me batia por isso, ou por outros motivos, como fazer algo que ela não gostava, como ler! - ele não gostava do que ouvia

- ela não gostava de ler e queria que eu fosse igual ela! - ela explicou - ela me proibia de ler livros que a escola não pedisse, só pra mim ser como ela -ele chocou.

- Mas, isso deve ser horrível! - ele pegou em sua mão.

- Eu não gostava, mas não havia nada que pudesse fazer - ela fitava a mesa.

- Quando cresci fui tentando juntar dinheiro pra comprar uma casa longe dela, mas ela sempre dava um jeito de gastar o dinheiro - sua Borboleta tinha um relacionamento abusivo! Outro! - ela sabia pra que era -

- Quando ela morreu eu sofri, mas ao mesmo tempo fiquei aliviada, porque, assim eu teria minha liberdade - ela lhe espiou tensa

- isso faz de mim um monstro...? -

- Não Borboleta! Isso faz de você humana - ela já tinha lágrimas nos olhos.

- Eu comecei a fazer o que gostava daí para frente, mas toda vez que ía tentar fazer um amigo eu ficava com medo e não conseguia -

Ele não gostava do que ouvia!


Rosa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora