Eles chegaram no quarto e se sentaram na beira da cama; o movimento era vagaroso e pesado. Nenhum dos dois puderam conter o suspiro cansado que saiu por suas narinas, eles olharam nos olhos um do outro; estavam tão cansados! Nenhum dos dois podia mais suportar aquele peso lhes perseguindo poderiam fazer qualquer coisa para se darem a chance de um descanso; um descanso daquilo que estava lhes ofendendo; lhes lastimando lentamente, como uma peça frágil se estilhaçado à pressão, estavam se desgastando com aquilo. Sofrendo lentamente até o limite; só contendo o seu limite, esperando até quando não suportasse mais.
  Ele queria por um fim naquilo, queria conseguir resolver logo isso para Natalie; queria finalmente ver sua Borboleta livre. Mas, mas não estava conseguindo resolver! Não conseguia dar um fim naquilo; não conseguia pois não conseguia achar seu inimigo. Não conseguia encontrá-lo em lugar algum; ele parecia uma fumaça, que sempre que dava sinais, não podia lhe agarrar; não conseguia lhe encontrar e por seu ponto final nisso nunca, porque nunca conseguia de fato lhe achar, não conseguia se aproximar o suficiente dele. Ele era esquivo e difícil de agarrar. Era como um fantasma que nunca podia de fato ser visto. E ele se culpava por aquilo, se culpava por não conseguir encontrá-lo, por não conseguir até agora por um fim naquilo.
  Já haviam se passado três meses desde que ele havia tentado sequestrar sua noiva, três meses que ele havia desaparecido do mapa, três meses que ele não conseguia por as mãos nele e lhe dar o que merece; não conseguia fazer chorar sangue, em castigo pelo que fez com sua Borboleta. Sua única e preciosa Borboleta,  ela que ele nunca podia deixar que fosse ferida ou machucada, ela que ele queria mais bem que tudo, e ele havia lastimado. Ele havia lhe ferido, e por isso pagaria; pagaria com qualquer coisa que ele pudesse extrair dele: sangue, dor e lágrimas. Pagaria caro pelo fez; pagaria muito caro.
  E pra isso Gabriel nunca desistiria de lhe procurar; nunca pararia, só se deixaria respirar tranquilamente, quando ele tivesse pagado o que fez pra Natalie, pagado preferivelmente com seu sangue; sangue molhado e quente escorrendo por suas geridas abertas, feridas dolorosas e profundas o suficiente para que ele lamenta-se por algum dia ter pensado em ferir suas Natalie!
  Natalie, ao seu lado deu um suspiro pesaroso, e com as duas mãos cobriu o rosto, em um gesto aflito:
  - Porquê, que isso não pode acabar?! Ele tem que continuar atrás de mim?! -
  Ela disse coma voz embargada e com os olhos por trás das mãos, começando à lacrimejar. Aquilo fazia seu coração muchar em dor: por que ele era tão inútil à ponto de nem livrar sua noiva, de um homem tão nojento como aquele?!
  Ele puxou seu corpo encolhido para seu peito e colo:
  - Eu sei, amor! Eu sei que ele está lhe incomodando -
  Ele acariciou seus cabelos, da melhor forma que sentia que lhe consolava, e ela estremeceu com um soluço em seu peito; e ele continuou:
  - Eu sei que pode não ser o suficiente, mas... Eu prometo que vou fazer tufo que eu puder, pra ele ter o que merece. Eu sei que está demorando, que eu não estou sendo o suficiente pra isso; mas, eu vou fazer isso, eu vou conseguir! -
  Ele segurou seu rosto, entre as mãos e lhe olhou dentro dos olhos molhados:
  - Eu vou! E eu vou porque eu amo você! E por você eu faço qualquer coisa! Eu vou fazer qualquer coisa por você! Não importa o quão difícil ou impossível seja, não importa! Porque eu te amo, e por você, eu sou capaz de fazer o impossível,  porque eu te amo! -
  Ele lhe falou tudo aquilo, lhe falou cada palavra que ao sair de sua boca, só lhe fizeram ter mais certeza ainda de que faria aquilo. De que faria tudo por ela.
  E ela lhe olhou nos olhos, seus olhos cessando brevemente suas lágrimas. Ela não pareceu pensar no que fez, ou raciocinar um pouco; ela somente lhe abraçou por cima dos ombros, enterrando a cabeça em seu ombro. E ele passou os braços ao seu redor, também; e ficaram assim, juntos, um abraçado ao outro que era seu verdadeiro amor, sua razão de viver

Rosa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora