Três meses já haviam se passado novamente, e só faltava uma semana até seu casamento; uma semana pra data que se dizia à mais feliz na vida de uma mulher. Mas também três meses haviam se passado desde a última vez que tivera notícias de Diogo. E isso à inquietava, ela sentia um nervosismo por não saber o que acontecia por trás de seu suspense. Como águas traiçoeiras calmas ao seu redor. Sentia que nada de bom podia sair dali, e também sabia que quando as coisas se aquietavam era um sinal de que algo pior ainda estava por vim!
  E com esse suspense rodando ao seu redor, só podia sentir a ansiedade de aquilo que estava por vim e os arrepios percorrem por sua pele, lhe assustando e deixando à mercê do medo, e imaginação. E ela se deixava levar por eles, das possibilidades de desfechos que passavam por sua cabeça.
  E então ela sentiu os braços de Gabriel lhe envolverem em meio à eles, por trás. Sentiu sua respiração encima de sua cabeça, calma e fresca. Ele lhe abraçou de repente lhe acomodando à ele de forma tranquilizante, e lhe perguntou:
  - O que foi, Borboleta? O que estar lhe deixando tão tensa? -
  Ele beijou o topo de sua cabeça, afagando seus cabelos, e arriscou:
  - Porque está se abraçando como se estivesse com medo de algo? -
  Ele perguntou, com a voz inquieta e questionadora. E só aí, ela se deu conta de seus próprios braços ao seu redor, envolvendo seu próprio peito, da forma que se costuma fazer quando sentimos frio ou medo. Ela também sabia porque tinha feito aquilo, porque se abraçava; ela tinha se deixado levar pelo medo por um instante e ele já havia se apossado de seu corpo; sabia disso porque o sentia nos ossos abaixa da pele, e na alma até seu canto mais profundo e gelado.
  Então ela se escorou em Gabriel, se deixando acomodar em seu peito; segurou uma de suas mãos ao seu redor, com a sua, para conseguir senti-lo ainda mais presente, fazendo seu medo se esvanecer; e lhe confessou:
  - Eu só estou com um pouco de medo... -
  Suas cordas vocais se fecharam por um instante, engolindo suas palavras; e ela engoliu em seco continuando:
  - Estou com medo do que ele está tramando! Do que ele vai fazer! -
  Ela sentiu o peito apertar de forma dolorosa. Virou a cabeça olhando nos olhos de Gabriel e também viu no seu olhar a pontada de temor que nasceu novamente nele. Ele passou uma mão por suas bochechas, acariciando ali e levando os cabelos para trás de suas orelhas, e ele disse depois de engolir em seco, com a voz doce e suave:
  - Eu estou procurando ele! E você sabe que eu nunca mais vou deixar ele encostar um dedo em você; eu vou estar aqui com você! Não precisa ter medo dele, não precisa ter medo de nada... Eu vou estar aqui pra te proteger! -
  Ele disse isso, lhe virando em seus braços, de frente para ele, e , lhe apertando ainda mais em seu abraço. Ela deixou sua cabeça encostar em seu peito, acomodando-se em seu centro, sentindo aquela sensação de proteção que ele lhe passava.
  Eles se deixou sair lentamente de seu abraço, não totalmente; mas o suficiente pra por as duas mãos em seu peito, enquanto seus braços ainda lhe envolviam e  olhou em seu rosto:
  - Eu sei, e confio em você! Mas eu tenho medo! Ainda tenho medo dele! -
  Ela sentou as lágrimas pinicarem seus olhos, os fazendo arder e molharem-se, mas ela ainda não derrubou nenhuma. E ela sentou Gabriel segurar sua nuca por trás, levando seu rosto para próximo à ele, e seus lábios tocaram sua testa, num beijo suave como uma carícia.
  - Eu sei que você tem medo, mas não se preocupe com isso, eu vou te proteger! -
  Ele lhe disse e ela olhou novamente em seu rosto, mirando aquela imensidão cinza e profunda, e então encostou sua cabeça em seu ombro, com ele se acomodando mais à ela num abraço doce.
  Eles ficaram assim por um tempo, até que ele quebrou o seu abraço; lhe fitando com um sorriso animado no rosto, para então lhe dizer:
  - Seu alfaiate ligou pra dizer que seu vestido já está pronto para a última prova! E ele pediu para que você fosse em seu estúdio para ter certeza de que tudo já está certo com ele -
  E então ela sorriu, animada pela boa notícia. Se tornou imensamente animada.

Rosa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora