2-Gustavo Paganni

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-Merda...-bati com a mão na minha mesa do escritório.

-Tentamos de tudo para que não magoassem mais ninguém, mas pessoas acabaram por ficar feridas e outras...morreram.

-Como isso foi acontecer? Como deixaram isso acontecer?-olhei para o meu melhor amigo Lourenzo e o guarda chefe da alcateia.

-Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas os lobos exilados são cada vez mais-Daniel,o guarda chefe, falou.

-Quantos humanos desta vez?-olhei para os dois.

Os dois entreolharam-se e assentiram com a cabeça.

-Dez feridos e quinze mortos-Daniel falou.

-Merda-passei as mãos pelos meus cabelos.

-Já estamos a montar outros planos e outras estratégias para impedir mais ataques ou pelo menos para que não hajam tantas mortes-mais uma vez Daniel.

-Certo-assenti-quero essas estratégias ainda hoje em cima da minha mesa-falei completamente descontrolado-não quero mais da nossa espécie a atacar humanos. Sempre conseguimos viver nas sombras, misturados com os humanos sem nos ferirmos, não vai ser agora que isso vai mudar.

Daniel apenas assentiu e saiu da minha sala.

Sentei-me na minha cadeira e Lourenzo fez o mesmo sentando-se na cadeira em frente.

-O que vamos fazer amigo?-Lourenzo falou.

-Temos de ir às cidades dominadas pelos lobos ver se ainda tem lá humanos e tirá-los de lá protegendo-os e cercar as cidades que ainda não foram invadidas pelos exilados para proteger as pessoas. Até ordens contrárias, ninguém sai ou entra nas cidades.

Lourenzo assentiu e saiu da minha sala pegando no seu telemóvel.

-Merda...-bati outra vez na mesa.


(...)

-Mãe cheguei...-gritei assim que entrei em casa.

-Nossa Gustavo-a minha mãe saiu do escritório com a mão no coração-assustaste-me.

Sorri com aquela mulher.

-Desculpa...-abracei-a-como estás? Tudo calmo por aqui?

-Estou bem-ela sorriu com carinho-sem grandes novidades-ela encolheu os ombros suspirando.

Olhei para a minha mãe e vi os seus olhos apagados. Aquela luz que ela tinha há uns meses atrás nos seus olhos, apagou-se e a culpa? A culpa é daqueles estúpidos exilados.

Há uns meses atrás, quando os exilados começaram a invadir as cidades com maior incidência, o meu pai foi para a guerra e lutou corpo a corpo, frente a frente, com eles e na sua última luta ele não teve muito sucesso e acabou por morrer.
A minha mãe ficou devastada e sem saber o que fazer sem o meu pai a seu lado. Tinha dias que ela não comia ou bebia e eu estive sempre ao seu lado, às vezes ficava de olho para que ela comesse tudo e às vezes também ficava ao seu lado até ela adormecer.

Depois da morte do meu pai, eu tornei-me no Alpha da nossa alcateia imediatamente.

Não foram tempos fáceis para nenhum dos dois, mas eu tinha de ser forte por ela. A minha mãe é tudo o que eu tenho de melhor nesta vida miserável e se algo lhe acontecer eu não sei o que será de mim. A minha vida acaba.
Por isso tenho de a proteger ao máximo de tudo e de todos para que ninguém a magoe.

Voltei a olhar para a minha mãe que se sentara no sofá e ficara perdida nos seus pensamentos.

Fui até ela e sentei-me ao seu lado pegando na sua mão ao qual ela olhou para mim e sorriu fraca.

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