-Tem mesmo a certeza que não vos iremos incomodar?-o meu pai perguntou mais uma vez a Constança.
-Absoluta-ela assentiu-e por favor trata-me por tu.
O meu pai assentiu sorrindo e aquele seu sorriso deixou-me um pouco desconfortável.
Ver o meu pai sorrir para outra mulher que não fosse a minha mãe deixava-me chateada.-É melhor irmos-falei levantando-me do cadeirão e aproximei-me deles.
-Claro-Constança respondeu.
-Toma pai-dei-lhe uma faca de prata que eu tinha colocado no bolso das calças quando me vesti.
Ele pegou com alguma dificuldade e guardou-a atrás nas suas calças.
Tirei uma das minhas facas das minhas botas e ofereci para Constança que se afastou assustada.-Para que eu preciso disso?-ela estava mesmo assustada.
-Para te defenderes caso sejamos atacados por alguma criatura e...
-Eu não preciso disso-ela negou afastando-se e pegando numa das nossas malas.
-Não?-olhei para ela.
-Não vai ser preciso nada disso-ela olhou para a faca na minha mão e depois para o meu pai.
-Deixa Leonor-o meu pai falou-nós já temos as nossas armas, qualquer coisa daremos uma das nossas armas a Constança.
-Isso...-Constança falou atrapalhada-agora vamos.
Peguei na outra mala e coloquei-a no meu ombro saindo do quarto. Andei com alguma dificuldade, mas com os analgésicos que Constança me tem dado, não tenho sentido muitas dores. Já o meu pai ainda vai precisar de um pouco mais de tempo para recuperar visto que o seu ferimento foi mais profundo, mas ele é forte.
Entramos num carro com um homem que o dirigiu e pelo que percebi ele era o motorista da família de Constança.
Muito rapidamente chegamos a casa de Constança que por sinal era perto do hospital e minha nossa que casa era aquela?
Aquela casa era enorme. E o jardim? Ele era gigante e bem cuidado. Constança deve ter muitos empregados para conseguir manter uma casa daquelas.
Ela deve ser muito rica, pois nenhum pobre tem uma casa destas.
O carro parou e quando Constança saiu do carro, eu e o meu pai olhamos um para o outro surpresos.
Saímos também do carro e desta vez o motorista carregou as nossas malas para dentro.
Avistei o nosso carro e fui até ele onde abri a porta do passageiro e de lá retirei a mala onde guardamos as nossas armas de defesa.
-Não sabia que vivias num castelo Constança-falei assim que voltei para junto dela e do meu pai.
Constança riu.
-De facto a casa é um pouco grande, mas isso é porque já vem de muitas gerações atrás-ela explicou-e há uma parte da casa que nós não usamos por não precisarmos disso-ela encolheu os ombros e abriu a porta de sua casa.
-És alguma espécie de rainha Constança?-rimos as duas enquanto o meu pai nos observava atrás de nós.
-Não era lindo ser uma rainha?-Constança gargalhou e eu juntei-me a ela.
Entramos em sua casa e eu acho que perdi o meu queixo algures pelo chão.
-Uau...-deixei a mala no chão e olhei tudo à minha volta admirada.
-Tens uma casa muito linda Constança-ouvi o meu pai falar.
-Obrigada Davi-ela respondeu.
Todos fizemos silêncio assim que a minha barriga fez barulho e eu corei envergonhada.
-Desculpem...-sorri tímida-acho que estou com fome.
-Tive uma ideia-Constança falou-o que me dizem de irem pousar as vossas coisas nos vossos quartos e irmos jantar?
-Acho uma boa ideia-falei fazendo-os rir da minha pressa.
-Venham comigo-Constança falou e seguiu à nossa frente pelas escadas que davam até ao andar de cima.
Constança caminhou por um longo corredor e depois virou à direita onde tinham três portas e logo abriu a primeira dando-nos espaço para entrar.
-Que quarto lindo-falei olhando tudo à minha volta.
-Gostas?-Constança parou ao meu lado.
-Eu adoro-assenti.
-Então é todo teu-ela sorriu fazendo-me sorrir também.
-Obrigada-abracei-a por impulso-desculpa.
Ela sorriu apenas.
-Queres ver o teu quarto Davi?-ela perguntou ao meu pai que assentiu.
Saímos do meu quarto e viramos à esquerda noutro corredor e encontramos duas portas e entramos na primeira. Assim como o meu quarto, aquele também era lindo.
Agradecemos mais uma vez a Constança e logo descemos as escadas e encontramos Lourenzo e Gustavo a conversarem, mas assim que nos viram fizeram silêncio.
Lourenzo estava sorridente, mas Gustavo como da primeira vez que o vi estava de cara fechada e que parecia estar chateado com alguma coisa.
Ele era lindo.
Acho que não vira nenhum rapaz tão lindo como ele.
Ele tinha os cabelos iguais aos da mãe e certas expressões também iguais às de Constança, mas os seus olhos de certeza que eram iguais aos do pai.
E por falar em pai, ainda não conhecemos o seu pai, marido de Constança. Será que ele ainda não chegou? Ou será que ela é divorciada e não tem marido?
Olhei para Constança que falava com aqueles três homens, talvez os estivesse a apresentar, mas eu afastei-me deles e sentei-me no grande e confortável sofá. Sorri um pouco, mas logo o meu sorriso morreu quando coloquei a mão no colar e me lembrei da minha mãe.
-Quem me dera que estivesses aqui connosco...-sussurrei para mim mesma e suspirei.
-Está tudo bem filha?-olhei para o lado quando o meu pai se sentou ao meu lado.
-Tenho saudades dela-senti os meus olhos marejados, mas fiz força para não chorar agora.
-Eu também minha flor-o meu pai falou puxando-me para o seu abraço.
Ouvi um pequeno resmungo e vi o meu pai queixar-se do ombro quando o abracei.
-Desculpa-sorri.
-Quem está com fome?-Constança perguntou.
-Eu-falei levantando-me e ajudando o meu pai a levantar.
Eles foram os quatro na frente e eu fiquei para trás quando vi um pequeno quadro de família onde estavam presentes a Constança, o Gustavo e um senhor com uns olhos igualmente verdes ao de Gustavo. Calculei que aquele fosse o seu pai e sorri ao perceber que eles era muito parecidos.
-Pensei que estivesses com fome-arrepiei assim que ouvi uma voz grossa atrás de mim.
-Sim estou com fome-pousei a fotografia no mesmo sítio e olhei para ele-é o teu pai? São parecidos-sorri.
-Isso não te interessa-ele falou chateado e o meu sorriso morreu na hora-lá porque a minha mãe vos deixou vir para cá não te dá o direito de mexeres no que não é teu.
-Tens toda a razão-coloquei uma mecha do meu cabelo para trás da orelha sem graça-desculpa.
-Agora sai daqui-assustei-me quando o vi tão nervoso.
Saí dali apressada com dores na minha perna e entrei na cozinha e me juntei aos restantes conhecendo algumas das cozinheiras. Após alguns minutos Gustavo apareceu e eu logo desviei o meu olhar do seu e tentei ignorá-lo ao máximo.

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Our Love
FantasyDois jovens completamente diferentes, mas com uma única coisa em comum: a dor e o sofrimento de terem perdido pessoas importantes das suas vidas. Leonor era uma menina de apenas 17 anos que lutava contra a dor da morte da sua mãe durante seis longos...