Mais alguns meses se passaram e agora eu estava a completar os nove meses de gravidez.
Deixei de trabalhar acerca de dois meses atrás quando a barriga começou a pesar e pequenas contrações começaram a surgir.
Decidi que iria descansar mais nos últimos dois meses da minha gravidez e é isso que fiz e estou a fazer. Mas hoje decidi sair um pouco de casa e quem sabe ir dar um passeio até ao centro da cidade.
Depois de me vestir, saí do quarto descendo as escadas e fui até à cozinha onde pedi a uma das nossas empregadas que levasse o meu pequeno almoço até ao jardim. Estava um dia bonito e como o sol brilhava lá no alto, preferi tomar o pequeno almoço ao ar livre.
Assim que coloquei os meus pés no jardim de casa sorri com os raios de sol quentes a baterem-me na cara. Estava perdida nos meus pensamentos enquanto sentia os raios solares me abraçarem quando ouvi um barulho vindo dos fundos do jardim.
Levantei a cabeça e olhei para o mesmo sítio do barulho e prendi a respiração quando vi a minha filha com um arco e flecha concentrada enquanto mirava um alvo improvisado.
Abri a minha boca para a repreender, mas nada disse quando a vi acertar o alvo bem no centro.
Por momentos sorri orgulhosa da minha menina, mas ao mesmo tempo senti um aperto no coração.
Eu confesso que não gostava nada que os meus filhos se aproximassem de todos os objetos que os pudessem magoar, mas aí lembrei-me que eu também já tive a idade deles e era tão teimosa quando eles.
Sorri quando lembranças do passado se fizeram presentes na minha memória e me lembrei de quando eu treinava para ser a melhor no arco e flecha.
Olhei para Ana que não errava um alvo e suspirei. Eu não a podia privar de experimentar coisas novas. Não a podia privar de ser feliz, por mais que isso me magoasse e trouxesse lembranças ruins.
Saí dos meus pensamentos quando percebi uma das empregadas trazer o meu pequeno almoço e colocá-lo na mesa de jardim e, então, eu agradeci.
Voltei a olhar para a minha filha e em pequenos passos aproximei-me dela e observei o arco branco com detalhes em dourado que um dia fora da avó e meu também.
Aquela menina teve mesmo a ousadia de voltar a ir buscar o arco que eu havia lhe repreendido e guardado na sala da avó? É mesmo da minha filha fazer isso.
Sorri.
-Prometeste-me que não voltarias a usar o arco Ana-falei atrás dela.
-Mãe...?-Ana errou o alvo com o susto e olhou para mim assustada-desculpa, eu...eu não queria, mas...eu...foi mais forte do que eu...
Cruzei os braços e encarei a minha filha com toda a sua atrapalhação em tentar se desculpar e por fim sorri dela.
-Eu compreendo perfeitamente esse teu desejo de usar o arco e flecha-sorri pegando numa das flechas-eu já tive a tua idade e eu era apaixonada por acertar o alvo também-lembrei de alguns momentos desses.
-Pensava que só eras apaixonada pelo papá-ela falou e as duas rimos.
-Por ele também-sorri observando bem a flecha na minha mão-só quero que tenhas cuidado, sim? Não quero que te magoes.
-Eu prometo ter cuidado mãe-ela concordou-ainda te lembras como se usa?
Eu apenas sorri com a sua pergunta.
Senti a minha filha se aproximar de mim e me entregar o arco.
-O que estás a tentar fazer?-levantei uma sobrancelha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Our Love
FantasyDois jovens completamente diferentes, mas com uma única coisa em comum: a dor e o sofrimento de terem perdido pessoas importantes das suas vidas. Leonor era uma menina de apenas 17 anos que lutava contra a dor da morte da sua mãe durante seis longos...