27-Leonor Almeida

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Permiti-me chorar tudo o que estava preso dentro de mim. Quase nem conseguia puxar por ar com o tanto que eu soluçava.

-Estúpido...-atirei uma almofada contra à grande porta de vidro que dava acesso à varanda.

Entrei na casa de banho e olhei-me ao espelho chorando ainda mais. Desapertei os botões da minha camisa um por um enquanto fungava desesperada.

Deixei a camisa deslizar pelo meu corpo caindo aos meus pés e abracei o meu corpo.

-Eu odeio-o...-sussurrei para mim mesma.

Tirei o resto da minha roupa e entrei debaixo do chuveiro onde tomei um longo banho na expectativa de conseguir esquecer os seus beijos e as suas mãos.

Suspirei.

Eu gostei do seu toque e dos seus beijos, mas não queria gostar.

Queria odiá-lo e culpá-lo por ser um monstro de quatro patas.

-Merda...-respirei fundo.

Vesti uma lingerie e uma camisa de dormir e entrei no meu quarto ao mesmo tempo que Constança entrava pela porta do mesmo.

-Não me apetece falar com ninguém-falei chateada.

-Eu não quero conversar-ela falou com uma cara cansada também.

Deitei-me na minha cama e cobri-me vendo Constança se aproximar de mim e sentar-se na beira da cama.

-Posso ficar aqui ao teu lado?-ela sorriu.

Eu apenas encolhi os ombros e, então, ela deitou-se ao meu lado.

-Vai ficar tudo bem-ela falou baixinho.

Eu senti os meus olhos se encherem de água e os braços de Constança me puxarem até ela e eu pude descansar a cabeça no seu peito.

Chorei em silêncio durante alguns minutos nos braços de Constança até não conseguir produzir mais lágrimas e assim cessar o meu choro.

Senti as mãos de Constança acariciarem os meus cabelos e aos poucos fui-me acalmando até adormecer nos seus braços.

(...)

Abri os meus olhos e já estava escuro lá fora quando olhei para a janela. Sentei-me na cama e olhei para o meu lado quando vi Constança a ler um livro sentada no cadeirão ao lado da cama.

Ela estava tão concentrada no livro que nem reparou que eu já tinha acordado.

Olhei para ela e sorri.

Às vezes pergunto-me se Constança seria realmente uma boa mãe para mim, pois ela compreende-me tão bem, dá-me bons conselhos e sempre esteve do meu lado mesmo quando eu a magoei tanto. Ela nunca desistiu de mim nem de conquistar a minha confiança de novo.

Acho que consigo lhe dar uma pequenina oportunidade para me provar que ela será capaz disso.

Saí dos meus pensamentos quando Constança se levantou apressada e correu para a casa de banho deixando cair o livro.

Ela começava a deixar-me realmente preocupada. Ela não anda nada bem estes últimos dias.

Saí da cama e entrei na casa de banho vendo-a debruçada na sanita a vomitar. Aproximei-me dela e segurei nos seus cabelos.

-O que se passa contigo Constança?-olhei preocupada quando vi os seus olhos amarelos.

Ela negou com a cabeça e deu descarga da água, baixou a tampa da sanita e sentou-se na mesma olhando para mim. A sua cara era de cansada e fraca, as olheiras já eram visíveis por baixo dos seus olhos e a sua pele estava pálida.
O seu brilho estava a desaparecer aos poucos.

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