51-Leonor Almeida

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Saí de casa e logo entrei no meu carro e dei partida até àquela que um dia fora minha casa.

Pensei que depois de tudo o que se passara no passado que nunca mais voltaria àquele sítio, mas aqui estou eu mais uma vez.

Desliguei o carro e tirei o cinto. Respirei fundo e finalmente saí do carro encarando aquela casa mais uma vez.

Em pequenos passos aproximei-me da porta de entrada e tentei abrir, mas ela estava trancada, então toquei à campainha onde segundos depois uma mulher baixinha e de cabelos castanhos me abriu a porta e me deixou entrar.

Ela nada disse e eu também nada disse, era como se já esperassem por mim.

Olhei tudo à minha volta e notei que aquela casa já não me era familiar. Tudo estava diferente desde a última vez que aqui estivera.

-Filha?-sustive a respiração quando ouvi a sua voz.

Lentamente olhei para trás e logo senti as minhas lágrimas descerem pelo meu rosto quando a vi ali à minha frente.

-És mesmo tu?-solucei.

Ela apenas assentiu abrindo os seus braços.

Caminhei na sua direção ainda um pouco temerosa e logo a abracei.

Chorei como já não me lembrava chorar.

Era a minha mãe ali. Ela estava ali. Ela estava bem. Estava viva.

-Porquê?-solucei no seu ombro-como é que isto é possível? Onde andaste este tempo todo? Porque não me procuraste?

-Prometo responder-te a tudo filha-ela sorriu entre lágrimas também-vamos sentar-ela indicou o sofá e ambas sentamos.

Tentei controlar o choro com toda aquela emoção e limpei a minha cara soluçando.

Respirei fundo.

Levantei a cabeça quando senti os seus olhos em cima de mim e encarei aquela mulher à minha frente. Apesar de se notar que ela envelheceu, ela estava tão bem para a sua idade.

-Estás tão linda-ela sorriu-e adulta.

-Eu cresci-concordei.

-Como está o Davi?-ela olhou para mim sorrindo.

-Ele está ótimo-assenti sorrindo ao pensar no meu pai-ele sofreu muito com a tua...morte!?

-Não queria que as coisas fossem assim desta maneira-ela falou-mas não teve como ser diferente.

Eu apenas a ouvi.

-Estás quase a fazer 40 anos minha querida-senti a sua mão acariciar o meu rosto-faltam duas semanas meu Deus.

Eu apenas sorri com lágrimas nos olhos.

-Presumo que tenhas marido e filhos, não?-ela sorriu fazendo-me sorrir-será que tenho netos?

-Três-sorri deixando escapar uma lágrima à qual logo tratei de a limpar.

-Não serão quatro brevemente?-ela levantou uma sobrancelha e olhou para a minha barriga de pequenos quatro meses-consigo ouvir outro coração bater para além do teu.

Concordei.

-E o teu marido?-ela perguntou.

-O que tem?-mordi o lábio.

-Quem é?-ela perguntou curiosa e empolgada.

Engoli em seco.

-Ficarias surpresa se eu te dissesse quem era-levantei-me e andei de um lado para o outro até à minha mãe parar à minha frente.

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