Leonor não me pareceu ter gostado do que lhe dissera sobre ela, mas eu também não me importei muito. Nada do que eu lhe disse era mentira.
Ela era tudo aquilo para além de ser linda, determinada, destemida, forte, lutadora e uma pequena guerreira, mas isso ela não precisa de saber.
Passei as mãos pelos meus cabelos e saí da sala da minha mãe.
Desde há uns anos para cá que a minha mãe deixara de ir àquela sala e eu não sabia o porquê. Até que chegou um dia e a minha mãe proibiu de qualquer um se aproximar da sala e entrar nela, nem ela mesma usa a sala.
Isso era uma coisa que eu também gostava de saber, mas sempre que tentava falar sobre isso a minha mãe mudava de assunto e eu acabei por desistir com o passar dos tempos. Mas ultimamente Leonor tem me despertado essa curiosidade novamente.
Mas o que poderia eu fazer? Nada.
Caminhei até ao escritório e estava tão distraído nos meus pensamentos que quando abri a porta encontrei a minha mãe e Davi a conversarem, mas assim que entrei os dois fizeram silêncio.
-Desculpem...-falei-estava distraído e não reparei que tinha gente aqui.
-Entra filho-a minha mãe falou-está à vontade, eu e o Davi já acabamos, certo Davi?
Davi e a minha mãe olharam nos olhos um do outro e Davi assentiu visivelmente chateado.
-Eu já estava de saída-Davi falou e saiu do escritório.
Notei que a minha mãe suspirou.
-Está tudo bem?-olhei para ela.
-Si...sim-ela forçou um sorriso.
-Podemos falar?-sentei-me na mesa.
-Claro-a minha mãe concordou sentando-se na cadeira em frente-o que se passa?
-Quero saber mais sobre a tua sala-fui direto deixando a minha mãe desconfortável.
-Outra vez essa história?-a minha mãe desviou o seu olhar do meu-eu agora preciso de ir.
-O que tanto escondes que ninguém pode lá entrar?-perguntei e a minha mãe olhou nos meus olhos.
-Eu não escondo nada-ela bufou-eu agora tenho mesmo de ir-ela levantou-se e foi até à porta, mas parou assim que eu falei.
-Sabes que se eu quiser eu descubro, certo mãe?-cruzei os braços e ela olhou para trás na minha direção.
-Esquece isso filho-a sua cara tinha uma expressão de magoada-isso são coisas do passado, não interessam mais.
-Tem haver com os avós?-falei e os seus olhos logo ficaram amarelos.
Ela respirou fundo e os seus olhos voltaram ao normal.
-Desculpa-falei indo na sua direção.
Tentei abraçá-la, mas ela recuou um passo olhando nos meus olhos magoada.
-Preciso ir-ela falou e saiu do escritório.
-Merda...-bati na mesa exaltado.
Eu tinha magoado a minha mãe.
Saí do escritório e fui até à sala onde me sentei no sofá, mas logo comecei a ouvir uns barulhos vindos do jardim. Levantei-me e fui até à janela da sala que dava uma ótima visão de todo o jardim da parte de trás da casa.
Sorri assim que vi Leonor com o seu arco e flecha acertando nos alvos improvisados que ela mesma fez.
Uma coisa eu tinha de admitir: Leonor tinha uma ótima pontaria.
Ela raramente errava um alvo.

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Our Love
FantasiaDois jovens completamente diferentes, mas com uma única coisa em comum: a dor e o sofrimento de terem perdido pessoas importantes das suas vidas. Leonor era uma menina de apenas 17 anos que lutava contra a dor da morte da sua mãe durante seis longos...