39-Leonor Almeida

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Acordei no dia seguinte muito melhor do que tenho acordado estes últimos dias. Era como se eu tivesse sido renovada durante a noite sei lá.

Abri os meus olhos e senti que não estava sozinha. Levantei o meu olhar e lá estava Constança a dormir tranquila. Olhei para o seu rosto sereno e sorri ao vê-la ali ao meu lado, mesmo depois de tudo o que lhe fizera. Independentemente de tudo, Constança sempre me apoiou em tudo, mesmo eu estando contra ela na maior parte das vezes.

Levantei a minha mão e toquei no seu rosto macio. Sorri quando senti um pequeno choque entre as duas.

Segui algumas linhas do seu rosto com a minha mão, mas assustei-me quando vi os seus olhos castanhos aparecerem à minha frente. Parei o que estava a fazer e ela sorriu.

-Se eu soubesse que ías parar, não tinha aberto os olhos-ela fez biquinho com os lábios.

-Estavas acordada?-perguntei sentindo as minhas bochechas queimarem.

-Estava a dormir, mas senti que me tocavam e acordei-ela sorriu fazendo-me sorrir.

-Desculpa...-falei.

-Não tens de pedir desculpa-vi a sua mão na minha direção e tocar no meu rosto acariciando-o-o que me dizes de irmos tomar o pequeno almoço?

-Não tenho fome-neguei sentando-me na cama.

-Ontem não jantaste nada-Constança sentou-se também-precisas de te alimentar Leonor, não quero que tenhas outra recaída.

-Porque te preocupas tanto comigo?-olhei nos seus olhos-é porque eu sou filha do homem que amas? Não és obrigada a gostar de mim por causa disso...

-Preocupo-me contigo porque gosto de ti-Constança falou olhando para as suas mãos-gosto de ti porque és boa menina, apesar de muito teimosa-sorrimos-podes não acreditar, mas eu gostei de ti desde a primeira vez que te vi no hospital-Constança olhou para algum ponto no quarto enquanto se lembrava desse momento-queria tanto que visses as coisas de outra forma-ela olhou nos meus olhos-mas para isso precisas de largar o passado de uma vez por todas e seguir em frente...-eu ía falar, mas ela falou primeiro-não te estou a pedir para esqueceres o que aconteceu lá atrás...da tua mãe-ela pegou na minha mão-só te estou a pedir para que vivas cada dia da melhor maneira possível sem estares sempre a pensar no que poderia ter acontecido, no que poderia ter sido feito e nos "E se..."-ouvia com muita atenção-só quero que sejas feliz Leonor e eu estou a dizer-te isto do fundo do meu coração.

Eu apenas assenti ainda pensando nas suas palavras.

Constança tinha razão no que dizia, mas eu estava tão magoada e depois o passado, a morte da minha mãe ainda estava tão presente que quase me era difícil não pensar mais nisso. Eu sentia que ainda não estava preparada para isso...para avançar.

-Agora vamos tomar o pequeno almoço?-Constança sorriu-eu estou cheia de fome...e tu também-ela saiu da cama e dirigiu-se até à porta do quarto e olhou para mim-fico no meu quarto a aguardar por ti.

Constança saiu do quarto sem me dar a chance de lhe responder e eu apenas sorri.

Dirigi-me até à casa de banho e fiz a minha higiene matinal e depois fui até ao closet onde vesti uma camisola de alças bege e umas calças brancas. Apanhei os meus cabelos num rabo de cavalo frouxo e coloquei uns brincos. Nos pés calcei as minhas sapatilhas brancas e peguei na minha mala colocando lá todos os meus pertences.
Olhei uma última vez no espelho e sorri com o que vi.

Saí do meu quarto e segui o longo corredor até ao quarto de Constança onde bati à porta e ela logo foi aberta por uma Constança sorridente.

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