13-Gustavo Paganni

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Eram 09:00 horas da manhã quando todos nos sentamos à mesa, todos menos Leonor. Essa ainda deve estar a fazer birra no seu quarto, a chorar baba e ranho.

Criança patética.

-Eu vou chamar a minha filha-Davi saiu da mesa e foi atrás de Leonor.

Olhei para a minha mãe que estava muito calada esta manhã e aquilo deixou-me preocupado. A minha mãe sempre foi um poço de alegria desde que acorda até que adormece e hoje ela definitivamente não estava bem.

-Como estás mãe?-pousei a minha mão em cima da sua.

-Estou bem meu querido-ela tentou disfarçar com um sorriso fraco.

-Ainda a pensar naquela birrenta?-olhei para ela que fez cara feia.

-Não fales assim dela Gustavo-a minha mãe revirou os olhos.

-Eu devia de chamar pior...ou fazer  pior depois do que ela te fez-falei com raiva quando me lembrei que aquela estúpida podia ter matado a minha mãe.

-Pára de implicar com ela por favor-olhou nos meus olhos-ela ainda está a processar tudo o que está a acontecer.

-Não sei como a consegues defender depois do que ela fez-revirei os olhos.

A minha mãe fez cara feia colocando a mão no coração e eu fiquei ainda mais preocupado.

-O que se passa realmente mãe?-perguntei mesmo preocupado.

-Eu não sei-ela negou-é como se algo...-ela pensou-é como se tivessem tocado em algo do passado sei lá-ela encolheu os ombros-é como se algo tivesse mudado.

Olhei para ela confuso.

Deve ser coisas de mulheres de certeza.

Encolhi os ombros.

-A Leonor não está no quarto-Davi falou aflito quando chegou à nossa beira.

-Como assim não está no quarto?-a minha mãe levantou-se e olhou para Davi preocupada.

-Eu fui chamá-la, mas ela não estava no quarto-ele falou-ela não fugiu porque as suas coisas ainda estão no quarto e pelo que parece ela também não dormiu na sua cama, pois ela não está desfeita.

-Como assim não dormiu no seu quarto?-foi a minha vez de levantar.

Como assim aquela mimada não dormiu no seu quarto? Era para ela ter dormido lá.

Mas onde ela se enfiou?

Será que ela fugiu durante a noite para ir ter com algum namoradinho que só se queira aproveitar dela?

Ela tem namorado?

E porque raios estou a pensar se ela tem namorado ou não?

Que estúpido Gustavo.

-Ela ainda está aqui connosco-a minha mãe falou-eu ainda sinto o seu cheiro pela casa

Ela olhou para mim e eu logo constatei que realmente Leonor ainda se encontrava na casa, eu também sentia o seu cheiro.

Fizemos silêncio assim que ouvimos alguns passos arrastados e logo encaramos uma menina de pijama extremamente sexy entrar pela porta da sala de jantar enquanto bocejava.

Ela espreguiçou-se e olhou para nós confusos quando nos viu aos três a olhar para ela.

-Oi?-ela colocou a sua cabeça de lado-bom dia-ela sorriu e sentou-se à mesa.

-Estás bem filha?-Davi perguntou sentando-se ao seu lado e todos nós nos sentamos também.

-Por incrível que pareça eu acordei muito bem disposta-ela falou começando a comer.

-Estás mesmo bem?-o pai perguntou.

-Sim, só com um pouco de fome-ela sorriu beijando a bochecha do pai e continuou a comer.

Todos fizeram o mesmo.

-Davi, eu e o Lourenzo precisamos que venha connosco a outra reunião do conselho ainda hoje-falei para ele que assentiu percebendo-o conselho gostou das suas estratégias e quer uma reunião consigo para acertar alguns pormenores.

-Tudo bem-ele assentiu-já estou despachado.

-Vamos então-falei já me levantando.

Esperei que Davi se despedisse da minha mãe e daquela criança.

-Fica bem meu amor-ele beijou os lábios e depois a testa da minha mãe.

Eu não sei que sentimento eu estava a sentir quando vi aquele momento. Eu estava feliz pela minha mãe, por ela finalmente ter conseguido seguir em frente, mas ao mesmo tempo eu ainda sentia saudades do meu pai.

Queria que ele aqui estivesse para me aconselhar sobre tantas coisas sobre a alcateia. Mas a última lembrança que tenho dele é dele morrer nos braços da minha mãe e ela gritar por ele.

Uma imagem que me destrói até hoje.

Eu estava a gostar de ver a minha mãe mais feliz e a sorrir. Já chegavam daqueles dias cinzentos e cheios de dor onde todos os sentimentos mais sombrios estavam presentes.

Mas tudo isso mudou quando a minha mãe conheceu Davi.

Hoje reconheço que Davi é um bom homem. Um homem inovador, cheio de vida, cheio de ideias e bondade no coração e se ele faz a minha mãe feliz, quem sou eu para me opor.

-Até já minha flor-ele beijou a testa da filha que o abraçou.

Leonor adorava o pai isso dava para perceber e eu confesso que até compreendo que ela já tenha passado por muito e tenha medo de perder o pai, mas isso não lhe dá o direito de quase matar a minha mãe.

Tempos difíceis para todos nós.

Olhei para Leonor quando Davi lhe disse algo e ela sorriu.

O seu sorriso era lindo, apesar dela ser muito chata e mimada e o seu corpo era de outro mundo. Ela era muito linda mesmo e sorte daquele que a tiver ao seu lado.

-Concentrado filho?-a minha mãe aproximou-se de mim a sorrir.

-Humm?-olhei para ela confuso-eu só estou à espera de Davi.

-Hummm sei...-ela riu.

-Oh vá lá mãe, não comeces com essas tuas coisas-revirei os olhos.

-Eu não disse nada-ela levantou as mãos sorrindo-só quero que saibas que quero que um dia me apresentes a tua companheira-olhamos os dois para Leonor e eu sorri.

Muito rapidamente desfiz o meu sorriso e olhei para ela que riu de mim.

-Davi temos mesmo que ir...antes que a minha mãe me leve à loucura-bufei e todos riram.

-Certo-Davi falou-é seguro deixar-te hoje em casa?-Davi olhou para a minha mãe e depois para a filha.

-Que exagero pai-Leonor revirou os olhos fazendo-me sorrir um pouco.

-Promete-me que te vais comportar-ele olhou nos olhos da filha.

-Prometo-ela bufou.

-Linda menina-Davi beijou a testa da filha e despediu-se daquelas duas mulheres que sorriram e acenaram para nós antes de sairmos pela porta de entrada.

-É seguro deixar aquelas duas dentro da mesma casa sozinhas?-olhei para um Davi que riu da minha pergunta.

-Acho que sim-ele riu fazendo-me rir também-elas ainda se vão acertar e dar-se muito bem-ele falou aquilo convicto das suas próprias palavras e eu só acreditei.

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