Capítulo 44 - O peso de verdades incontestáveis

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Apareci só pra dizer: acharam que não teria capítulo novo hoje?

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ÈVE

Entre todas as pessoas que esperava ver ao abrir a porta, definitivamente, esta não estava na lista. Encaro-a como se estivesse de frente para um duende ou qualquer outra criatura mágica, mas o meu azar é que ela não irá desaparecer se eu fechar os olhos. E pior é que nem posso fingir que ela não existe, pois, o simples fato de estar diante de mim impossibilita isso. Droga!

Bendita hora em que pausei meu vídeo de yoga para beber água. Teria sido muito melhor se eu não ouvisse a campainha tocar. Mas aqui estamos.... Que bela maneira de começar o sábado.

— O que está fazendo aqui? — pergunto.

Inès ajeita a bolsa no ombro e, esboçando um sorriso claramente fingido, diz:

— Posso entrar?

— E se eu disser que não?

Observamo-nos. Não faço o mínimo esforço para esconder que essa visita é indesejada.

Sua postura altiva decai um pouco.

— Só quero conversar. — declara num tom conciliador.

— Já passou pela sua cabeça que talvez eu não queira conversar, especialmente com você?

Ela permanece calada. Imóvel no mesmo lugar.

A tensão entre nós cada vez maior.

Minha vontade é dar as costas e bater à porta na sua cara. Sinceramente, tenho o total direito de fazer isso, mas é evidente que essa mulher não pretende sair daqui antes de falar o que quer.

Respiro fundo e dou um passo para o lado.

— Entre.

O arrependimento bate assim que fecho a boca, contudo, não tem mais jeito.

É melhor saber logo do que se trata e mandá-la embora.

Indico o sofá e minha boa educação termina por aí. Nem me dou ao trabalho de oferecer algo para beber. Quanto mais desconfortável estiver, mais rápido acabamos com isso. É a primeira vez em tempos que ficamos a sós, a última – ou assim acreditei – foi quando nos reencontramos naquele restaurante, quase um ano atrás. Me pergunto como ela consegue estar tão tranquila.

Se bem que, convenhamos, o que posso esperar de uma pessoa que sumiu durante anos?

Sento na poltrona e, de repente, me dou conta de como sua presença é estranha. Tal como foi na casa do meu pai. Ela simplesmente não combina com nenhum desses lugares, porque seu espaço sempre esteve vazio desde que me lembro e, bruscamente, ela retornou para reclamá-lo.

É uma incomoda sensação de não pertencimento.

Inès observa ao redor e comenta:

— Bonita casa.

— Gostaria de saber como você descobriu onde ela fica.

Colocando a bolsa no assento ao lado, ela sorri de leve e responde:

— Sou sua mãe, lembra?

Sou incapaz de esconder a irritação que provavelmente toma conta do meu rosto.

A possibilidade de que papai tenha lhe dado o endereço cruza minha cabeça, mas sei que ele não faria algo desse tipo, sobretudo porque conhece meu temperamento e a maneira como ajo sempre que vejo essa mulher. Então, como raios ela conseguiu? Embora quisesse muito esclarecer esse "mistério", não faz mais diferença, tendo em conta que ela já está aqui. 

Triple AmourOnde histórias criam vida. Descubra agora