Capítulo 7: Presente

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– Quem é você? – Elena perguntou ao velho perto do carro.

– Senhora, poderia nos dar licença? – Ele disse para a mãe.

A mãe da moça largou-a, e entrou no carro. Elena estranhou. Parecia que ela estava hipnotizada pela voz do homem.

– Quem é...? – Ela ia perguntar de novo, foi então que ela notou os olhos do homem; não havia um globo ocular; eram apenas dois vazios profundos e negros como abismos. – O que há de errado com seus olhos? O que é você?

– Eu sou a Morte. Muito prazer.

Elena riu.

– Eu sou a morte em pessoa. – Ele repetiu.

Ela não sabia se acreditava ou não. Aqueles olhos eram por demais estranhos. Embora fosse impossível. Como ele poderia ser a personificação da Morte? Esse tipo de coisa não existia.

– Prove.

– Não preciso lhe provar nada. Quem sou não irá mudar você acreditando ou não. O que é mais importante, eu tenho algo pra você. – Ele retirou uma pequena estátua do bolso que não tinha mais de sete centímetros; era um homenzinho com a cabeça de um chacal; ele entregou a estatua para Elena.

No momento em que a pegou, ela se sentiu doente. Uma estranha dor percorreu todo seu corpo. Era como um choque elétrico. Tudo virou um borrão de cores, exceto pela Morte que estava a sua frente. Quando sua visão voltou ao normal ela não estava mais no cemitério, ela estava em um jardim lindo dentro de um vale circular cercado por montanhas impossivelmente altas. Havia diversos animais, incluindo dinossauros. Um rio dividia o jardim no meio, de um lado havia uma fila imensa de pessoas.

– Que lugar é esse? – Ela perguntou a Morte.

– Esse é o Jardim do Éden.

– Certo... – Ela não acreditava. – E porque estamos aqui? – Ela perguntou desconfiada.

– Quero te mostrar algo. – Ele apontou para uma pessoa na fila. Era Leonard.

Elena por um momento ficou muito surpresa. Depois alegre e então espantada e com medo.

– O que está acontecendo?

– Isso que eu acabei de te dar é uma estátua de Anúbis, o deus egípcio da morte. Dentre todos é o meu favorito, mas isso não vem ao caso. Com essa estátua você será capaz de ver Leonard quando quiser apenas pensando nele. Mas ele não poderá te ver e ouvir.

– Porque está me dando isso?

– É um presente. Claro, apenas se quiser aceitá-lo.

– Porque está me dando isso? – Ela repetiu; mas a Morte já tinha sumido.

Ela ficou um tempo olhando para Leonard e deixando as lembranças fluírem. Ela chorou por um tempo, parte por estar feliz sabendo que ele tinha ido para um lugar bom e por ela ser capaz de vê-lo, mas triste por não poder tocá-lo ou abraçá-lo ou por ele não poder vê-la. Contudo, ainda estava desconfiada. Será mesmo que aquilo era verdade? Era impossível. Uma estátua que pudesse mostrar-lhe Leonard. Só poderia ser um sonho. Ela fechou os olhos e pensou na realidade. No cemitério onde estava.

Ela abriu os olhos, mas para sua decepção estava diante do túmulo dele ajoelhada no chão. Fora tudo um sonho. Ela sabia. Aquilo não poderia ser real. Era impossível.

Ela se levantou devagar. E arregalou os olhos quando viu sobre a lápide a estátua de Anúbis.

Nãofora um sonho.

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