Capítulo 55: Pearl Harbor

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A Segunda Guerra Mundial estourou quando Thais completou dezesseis anos. Ela já dominava a magia com perfeição, principalmente a parte curativa. Podia curar qualquer animal ou pessoa de qualquer doença em questão de minutos.

Nesta época, Thais havia saído da fazenda de seu pai e morava em Dallas, onde suas habilidades eram mais bem aplicadas. Ela trabalhava em um hospital, cujo dono sabia da existência de magia – ele mesmo a praticava, porém era um estilo diferente baseada em uma língua que ela não conhecia, ele se autonomeava "Artista".

Aos poucos a reputação dela foi crescendo. A médica sem diploma que podia curar qualquer doença de qualquer um. Em um ano e meio, centenas de milhares de pessoas do Texas iam visitá-la para pedir uma cura milagrosa. E ela, sem cobrar nada, curava-os de bom grado. Foi quando os feridos de guerra começaram a vir.

Homens, mulheres e crianças vindas de todos os lados com amputações infeccionadas, balas alojadas e membros quebrados. Thais ajudava-os. Eles entravam com um braço quebrado e saiam com o braço inteiro. Claro que ela tinha um limite, mas a cada dia ela superava-o mais.

Até que um dia os militares ouviram sobre suas habilidades.

Num dia de inverno, no final do mês de novembro, um homem vestindo um terno militar esverdeado com tantas medalhas quanto cabiam em seu peito entrou em seu consultório logo após terminar um tratamento de um paciente.

– Senhorita Walker? – Ele perguntou entrando.

– Quem quer saber?

– Meu nome é Major Stronghammer. Eu venho em nome do Exército dos Estados Unidos.

– O que quer? – Thais perguntou, desconfiada e pronta para defender-se.

– Nós precisamos de suas habilidades para a Guerra.

– O que você quer dizer?

– Sua magia. A magia de cura eslava é a mais poderosa que existe. E precisamos de você em nossas enfermarias.

– Vocês sabem sobre magia? – Thais não sabia se estava surpresa ou não; eles eram o governo, mas ainda, magia era o maior segredo da humanidade.

– É claro. – Ele respondeu mexendo em um anel que tinha no dedo indicador. – Nós somos o governo e, além disso, sou da organização que nasceu para proteger a magia neste mundo.

No anel brilhava uma safira no centro de uma cruz de pontas iguais em que uma rosa tinha seu caule enrolado. O botão da rosa ficava no ângulo noroeste da cruz.

– Ainda assim, não, obrigado.

– Pessoas do mundo todo estão morrendo e você opta por ficar aqui de braços cruzados?

– Não estou de braços cruzados. Eu curo centenas de pessoas aqui toda semana, inclusive pessoas que a sua guerra trás.

– É por isso que precisamos de pessoas como você. Assim, não mandaremos mais pessoas para casa com ferimentos mortais.

– E como vou fazer parte de uma equipe de medicina militar se não sou nem médica nem soldado?

– Deixe a burocracia comigo. Seu país precisa de você, senhorita Walker.

– Eu vou. Mas não por causa desse país idiota ou qualquer patriotismo que você pense que eu possa ter. Vou por que pessoas precisam de mim.

O homem sorriu e, se retirando, disse:

– Em dois dias um carro virá buscá-la. Esteja preparada.

E veio. Eles realmente estavam desesperados. O veículo levou-a até um aeroporto militar em algum lugar no meio do deserto do Texas, onde tomou um avião. Algumas horas depois ela pousou em uma ilha no Pacífico. Assim que tocou o solo daquele lugar, ela pôde sentir a guerra. Pôde sentir cada alma morta e aqueles que lutavam para viver – e esses últimos precisando ainda mais dela.

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