Eu vou morrer.
Esse era meu único pensamento, apesar de já estar morto. Acho que esse pensamento vem como um instinto para nós, humanos. Agora eu sei que a morte não é o fim, mas sim o começo de uma eternidade em outro lugar. Mas ainda assim, talvez aquele fosse o fim de tudo. Talvez seja isso o que "morrer" significa. Morrer de verdade deve ser esquecer tudo o que você é. Eu sabia que se aquele Louryak me "matasse" eu "renasceria" no Éden, mas provavelmente me esqueceria de tudo. De minha promessa. Do que me fez lutar até ali. Esquecer-me-ia de Elena, Thais, Týr, Lana, minha família e amigos na Terra. Todos eles deixariam de existir em mim. Eu morreria.
Você tem uma promessa a cumprir, Leonard, você não vai desistir, eu disse a mim mesmo.
Não havia esperança. Aquela mulher, um Filho do Abismo e uma Louryak, como ela mesma se chamou, tinha minha espada, a única esperança que eu tinha de sobreviver ao Paraíso, em melhores palavras, não me esquecer de quem sou.
– Então, essa é a arma capaz de nos matar. – Ela disse enquanto examinava a espada curta. – Não é muito impressionante. Sinceramente, eu esperava mais.
Aos poucos, ela foi congelando a espada, como se a espada fosse jogada no ártico e os anos, aos poucos, fossem endurecendo o metal.
– Seria uma pena... – Ela levantou a espada congelada sobre a cabeça. – ...se alguém a quebrasse.
E dirigiu a espada com força para o chão. Tudo acabava ali. Toda minha esperança de um dia voltar para a Terra acabara ali. Com a espada congelada, ela seria destruída. Tudo pelo que lutei até aquele momento. Minha promessa.
Era o fim.
****
Vizard não conseguia vencer seu inimigo. Ele era bom. Sabia manipular a terra tão bem quanto o Filho, se não, até melhor. Havia pedras voando para todos os lados. Elas batiam umas nas outras e caiam em pedaços sobre as casas e ruas, até mesmo sobre algumas almas.
Atacar não estava resolvendo. E mesmo que Vizard montasse uma estratégia, o inimigo previa e contra-atacava de imediato. Aquela luta podia durar horas. Quando chegaram a uma praça imensa com uma fonte no meio, que pelas memórias de Caleb chamava-se Praça de São Pedro, o Filho percebeu que havia sido guiado até ali. Lá estavam os outros três Kayryak lutando com encapuzados, como Aws, que Vizard lutava contra. Vizard não notara o momento que ele recolocara o capuz.
Os oito, vindo cada dois de uma direção, aproximavam-se do centro da praça. Os encapuzados, Heartless, mais uma vez a palavra veio a Vizard como se pela memória coletiva dos Filhos, guiavam os inimigos de olhos negros e laranjas no intuito de encurralá-los um contra os outros. Quando estavam próximos o bastante, os quatro encapuzados levantaram, de forma sincronizada, uma única cela, onde os quatro Filhos ficaram presos. Porém, um dos quatro encapuzados, o mais forte deles, precisou colocar toda sua vontade sobre as pedras que formavam esta cela, assim nenhum dos Filhos seria capaz de manipular a cela para sua liberdade.
– Como tu, uma simples alma, que não é mais forte que um anjo, é capaz de segurar o poder de quatro Kayryaks? – Um dos Filhos disse.
– É por que não sou uma alma comum. – Respondeu.
Vizard notou que o homem que havia ficado era Aws.
– O que é Heartless? – Vizard perguntou.
– Eu sou um Heartless. – Foi sua resposta.
Eu nunca ouvi falar deles, disse uma voz.
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Afterlife
FantasyPágina oficial: https://www.facebook.com/afterlifesagaoficial/ Curta para não perder as novidades! *** Morte não é fim. De fato, para mim, a morte foi apenas o começo. As circunstâncias nada convencionais do dia em que morri me permitiram chegar a C...