Nathanael e Miguel passaram pelos portões de Nova Jerusalém. Para Miguel, era a primeira vez que chegara perto da morte, nem mesmo na Rebelião de Lúcifer ele se sentiu tão próximo da não-existência. Nathanael por outro lado chegara diversas vezes a ter esse sentimento, mas ele nunca ficou tão próximo de se concretizar como contra a criatura que os perseguira, Kifo, o filho mais novo do Abismo.
Enquanto voavam, cruzaram com diversos anjos de várias Legiões, até mesmo do próprio Miguel, que foram treinados para agir em situações como essa sem esperar as ordens do querubim. Pelo que foram informados, os Filhos possuíam as almas e assumiam suas formas, eles não tinham objetivo aparente, as capitais de cada país já haviam sido tomadas de volta pelas Legiões e viraram abrigos para os não-possuídos. Os anjos enfrentavam e selavam cada Filho que encontravam com suas espadas de Fogo Celestial e as almas que eram destruídas no processo eram mandadas de volta ao Éden e ao Corredor das Memórias, de onde não tinham permissão para sair até o fim daquela guerra.
Nova Jerusalém era a única cidade que não foi atacada, ou seja, nenhuma alma dentro dos muros foi possuída.
Pararam no marco zero exato da cidade onde havia uma cruz tridimensional feita de platina, detalhada em ouro e com dezenas de pedras preciosas diferentes. Miguel parou próximo a ela e colocou a mão sobre os símbolos que havia no topo. Recitou um pequeno poema na Língua de Prata e os dois foram imediatamente transportados para o Salão de Prata, que não pertencia nem ao Paraíso, nem à Terra, nem ao Inferno.
O Salão de Prata não era feito de prata, mas sim de um tipo de pedra que não existia na Terra ou Paraíso, porém todos os objetos que ornamentavam a sala eram. O salão era circular e sustentado por sete pilares da mesma pedra. No centro, de frente aos dois, havia uma bancada com três tronos feitos de ouro e prata. Sentados neles havia três querubins, cujas duas asas cobriam-lhes as pernas, duas estavam às costas e outras duas cobriam os rostos, de modo que Miguel e Nathanael não podiam ver suas faces e expressões. Eles não se ajoelharam diante dos anciões, pois eles apenas se ajoelhavam perante o Criador.
Salazar, Valentine e Sebastiam, os três querubins sentados, que formavam o Conselho de Prata, foram os primeiros querubins a comandar as Doze Legiões. Eles foram os únicos a ver a face do Senhor, além dos Serafins, os anjos de fogo, por isso estavam "aposentados". Contudo, estavam sempre de olho nas atividades do Paraíso, Terra e Inferno e eventualmente davam conselhos aos "novos" comandantes das Legiões, que agora eram apenas dois. Também era deles que as legiões de Lúcifer, restauradas recentemente, recebiam as ordens vindas do Senhor.
– Miguel... – Valentine, que estava no meio e comandou as mesmas Legiões de Miguel, disse antes mesmo de ele dizer algo – Nós já estamos cientes da situação que nossa utopia se encontra. Todos os anjos já estão em batalha.
– Porém nós estamos intrigados com uma alma que chegou recentemente ao Paraíso. – Salazar, o da esquerda que comandou as Legiões de Lúcifer, acrescentou. – De alguma forma ele conseguiu matar alguns dos Filhos.
– Investigue-o. – Sebastiam, o querubim da direita e ex-comandante das Legiões de Rafael, concluiu. – No momento ele está no Mar Mediterrâneo indo em direção à Itália. Não sabemos por que ele está indo para lá ou como foi capaz de matar alguns filhos. Descubra tudo o que puder sobre isso.
Miguel fez um único movimento com a cabeça confirmando que entendera as ordens e foi dispensado com um movimento de braço de Valentine. Nathanael ia sair junto com ele, mas Salazar o chamou.
– Nathanael, nós temos uma missão especial para você. Vamos mandá-lo de volta a Terra.
Sephiroth abriu os olhos e viu o céu azul e sem nuvens, a luz do sol estava machucando um pouco sua visão, mas não era nada que ele não havia sentido antes. Sol, pensou. Ele estava de volta a Terra. Fora expulso do céu por um simples anjo, e ainda por cima um Caído. Como pôde deixar aquilo acontecer? De qualquer forma ele tinha conseguido invocá-los. O Paraíso, a utopia perfeita do Criador, está num pandemônio. Se o plano dele desse certo, logo ele conseguiria concluir seu objetivo, então era só passar para a próxima fase.
Sentou, olhou em volta. Apenas areia em todas as direções. Estava em um deserto, mas qual exatamente? Todos os desertos eram iguais: areia, areia, uma duna e, então, mais areia. A pior parte era que ele não podia se localizar usando a posição do sol, pois não saberia dizer se estava no começo da manhã, ou no final da tarde. No deserto, o dia parecia exatamente igual e o sol parecia não se mover. Pelo menos ele era imortal, não morreria de desidratação ou fome, era uma vantagem, e também não deliraria pela falta de água.
Posicionou-se em posição de meditação com as pernas cruzadas uma sobre a outra, desenhou algumas runas no chão, quatro ao todo, uma para norte, outra para leste, outra para oeste e outra para o sul, uniu-as com um círculo feito com dois dedos. Fechou os olhos e recitou um poema, que originalmente era usado pelos vikings para se localizarem nas grandes jornadas pelo oceano. O próprio Sephiroth participou de algumas dessas jornadas, uma delas para a atual América, onde aprendeu a magia dos maias, incas e astecas.
Abriu seus olhos bicolores novamente, de frente a ele estava onde seria o Noroeste, agora ele sabia para onde deveria ir. Ele tirou a camiseta, ficando apenas com sua calça jeans escura. Dois segundos depois, elas saíram: suas asas. A asa direita era tão branca quanto um dia enevoado no Canadá e a asa esquerda era tão negra quanto à penumbra. Com um movimento de seus músculos poderosos, ele alçou voo. O feitiço também lhe indicara qual era o deserto em que estava: o Saara. Então foi para leste.
Estava voando a algumas horas quando algo cruzou com ele, indo para o sul. A princípio não identificou o que era, mas uma segunda olhada foi o suficiente. Era uma garota de cabelo liso e comprido cavalgando, mas não um cavalo, ela cavalgava um chacal, um chacal de pelo bem curto e preto fosco com algumas tatuagens de hieróglifos espalhados em alguns lugares do corpo. Ele sorriu maliciosamente.
A Morte realmente estava trabalhando.
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Afterlife
FantasyPágina oficial: https://www.facebook.com/afterlifesagaoficial/ Curta para não perder as novidades! *** Morte não é fim. De fato, para mim, a morte foi apenas o começo. As circunstâncias nada convencionais do dia em que morri me permitiram chegar a C...