Thais Walker estava cansada de chorar. Fazia cinco dias que seu primo estava morto. Cinco dias inteiros. Ela e os pais, tios de John, foram para Nova York para o enterro do menino, e agora voltavam para o Texas. De volta à normalidade. Desde aquele dia trágico, ela não leu uma página se quer. Deixara o 20 Mil Léguas Submarinas sobre a cama quando, rapidamente, arrumou a mala e ela e os pais pegaram um trem para Nova York que tomaria uma rota diferente a que John tomou.
O enterro fora simples. Nada muito extravagante. Familiares e poucos amigos. Thais prometeu, enquanto o caixão era baixado na cova, que nunca mais choraria por ele e que encontraria o tesouro que ele deixou.
Chegando a casa, ela não sentiu vontade alguma de comer ou fazer qualquer coisa, mas se obrigou a ler o livro para encontrar a quinta e última palavra deixada pelo primo. Trancou a porta atrás de si, deitou na cama e passou a ler freneticamente noite adentro.
Um galo cantou do lado de fora, indicando que o dia amanhecia. Ela estava próxima do fim do livro, mas nenhuma palavra estava sublinhada. Estava prestes a desistir quando a palavra finalmente surgiu: "Meia hora de um pesadelo que quase me tornava louco!" A palavra "meia" estava sublinhada. Seu primo só poderia estar brincando. Meia? Isso poderia ser várias coisas! Pegou um dicionário e consultou. Resumindo, "meia" só podia ter dois significados: metade e meia de colocar nos pés. Pensou em pegar o livro do meio dos contos de Oz, mas pensou duas vezes. Do jeito que seu primo era esperto, não seria tão simples. Pegou o primeiro livro e, quando ia começar a ler, sua mãe chamou-a para tomar café da manhã.
Levou quase um mês, mas Thais finalmente conseguira terminar todos os livros de Oz, contudo, não encontrou nenhuma referência a palavra "meia" ou algo que pudesse ser uma pista para o mistério que John deixou para trás. Ela estava em um beco sem saída. Sentiu as lágrimas nascendo em seus olhos. Tudo aquilo para nada! Saiu do quarto pela primeira vez naquele tempo que não fosse para comer ou ir ao banheiro. Precisava sair e pensar. Por que seu primo faria algo assim para acabar em nada? Não era do perfil dele.
Encontrou sua mãe lendo um livro na varanda de casa sob a luz dum sol das três da tarde. Ela levantou os olhos castanhos para encontrar a filha.
– Resolveu finalmente sair do quarto? – Ela disse com um sorriso empático.
– Eu não entendo, mãe. Ele me deixou um puzzle para resolver, mas não tem resposta! Eu já li todos os livros que ele me pediu para ler, mas nenhum tinha a pista.
– Talvez você não tenha entendido ainda, mas logo chegará à pista. – Thais fitou a mãe, e de repente soube o que seu primo quis dizer.
Sem dizer nada, ela correu de volta ao quarto e pegou o livro The Emerald City of Oz e abriu em uma página mais ou menos no meio. Meia, pensou. Mas não apenas isso. A tia Emma, tia da personagem principal Dorothy, foi consagrada como "Remendeira Real das Meias do Líder de Oz". Outra vez, "meia", dessa vez com seu outro significado. Sorriu, pois o nome de sua mãe também era Emma. E, como era tia de John, tia Emma para ele. Seu primo era realmente alguém espetacular.
Voltou correndo para a varanda, onde encontrou sua mãe, que não lia mais o livro e esperava pela filha com um envelope vermelho nas mãos.
– Era você! – Disse com um sorriso. – Você é a última pista.
– Sim.
– Você sempre soube. – Estava irritada de repente.
– Sim, mas ele insistiu para que você seguisse as pistas. Ele me pediu para te entregar isso. – Emma entregou o envelope, em que uma palavra estava escrita: Thais.
Ela pegou o envelope. Abriu-o. Uma única folha estava ali dentro e, com uma caligrafia perfeita, estava escrito:
"Querida Thais,
Espero que esteja bem. Não sei quanto tempo irá levar para você conseguir chegar até sua mãe, que concordou agradavelmente em fazer parte do meu puzzle. Espero que tenha gostado dos livros da Terra de Oz tanto quanto eu. Quando nos vermos novamente daqui a um ano – ou menos – você com certeza já terá encontrado o tesouro que escondi para você.
Você irá gostar do tesouro, afinal ele é magia.
Até o próximo verão,
John."
Em baixo dali havia um mapa da fazenda com um "X" marcado, que estava exatamente sobre um lugar longe. Um lugar que ela não costumava ir muito. O moinho que ficava perto do rio.
No dia seguinte, Thais levantou junto com o sol. Emma levantou antes apenas para preparar um café da manhã reforçado para a filha, que iria a uma aventura sozinha. Ela preparou alguns lanches e colocou na bolsa dela. Thais saiu e seu pai ainda nem havia levantado.
O moinho era uma casa pequena com uma imensa roda lateral que seria movida pela força do rio se ela ainda funcionasse. Apesar de parecer que estava caindo aos pedaços, a casa era perfeitamente segura e não tinha riscos de cair, caso contrário sua mãe não deixaria que John escondesse nada ali e muito menos ela ir atrás.
A casa era apenas um salão imenso com apenas uma janela alta. Não havia se quer resquícios de que um dia havia ali mais do que um andar ou ainda qualquer parede. No centro da sala havia um baú com as iniciais JW – John Walker. Andou até o baú e ajoelhou-se diante dele. Sentia que as lágrimas chegavam junto com a lembrança do primo. Tirou a chave que encontrara dentro da baleia do bolso e enfiou na fechadura do baú, que foi aberto facilmente.
Dentro havia um pedaço de papel e alguns livros. No papel estava escrito duas frases apenas.
"Leia em voz alta:
Kličemo vse tri svetove od drevesa svetov"
E ela leu.
De repente uma luz verde surgiu diante dela, vinda do baú. Era a imagem de seu primo, que sorria cativantemente para ela. Como se estivesse ali, diante dela, ele disse:
– Finalmente encontrou! Você deve estar se perguntando o que é isso, pois eu lhe digo: meu tesouro é magia. Literalmente. Eu escondi para você encontrar livros dos quais eu aprendi magia. Estes são velhos livros de nosso tataravô, um dos últimos magos eslavos. E as palavras que acabou de dizer, despertaram seus poderes. É óbvio que você acredita em mim, pois sou uma projeção criada por essa mesma magia. Então, estude esses livros com afinco e quando nos encontrarmos de novo...
A visão esverdeada falhou, como se alguém a interrompesse.
– Não... – Ela sussurrou; queria ver seu primo novamente.
– Se eu soubesse que era isso o que ele tinha reservado para você, eu nunca teria permitido que ele fizesse este puzzle.
Era a voz de seu pai.
– Quer dizer que o senhor sabia? – Disse, virando-se para olhá-lo.
– Não apenas. – Ele estendeu a mão. – Yav: Požar.
Chamas verdes brilharam na palma de sua mão.
– Você pode fazer magia? – Os olhos dela se arregalaram.
–Sim. E eu não queria que você soubesse, muito menos que praticasse. Mas, agoraque invocou os três mundos, eu não tenho outra escolha senão a ensinar. Comotodas as gerações de Walker, você irá se tornar uma maga.
***
Hey there, magicians
Mais um capítulo de Afterlife para vocês. O que estão achando desse background da Thais? Por favor, comentem o que acham e, se gostar, por favor clique em votar e compartilhe no facebook com os amigos essa incrível história de morte!!
E se você já leu até aqui e está gostando, de uma conferida nos meus outros dois trabalhos:
O Violinista Fantasma - Um conto em duas partes de mistério: https://www.wattpad.com/story/38100593-o-violinista-fantasma
A Janela - Uma história curta de ficção-cientifica: https://www.wattpad.com/story/37996502-a-janela
Espero que tenham gostado e até a próxima!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Afterlife
خيال (فانتازيا)Página oficial: https://www.facebook.com/afterlifesagaoficial/ Curta para não perder as novidades! *** Morte não é fim. De fato, para mim, a morte foi apenas o começo. As circunstâncias nada convencionais do dia em que morri me permitiram chegar a C...