Elena aproximou-se do deus que lutava bravamente contra os homens de pedra, dois deles estavam sem cabeça, porém os corpos continuavam atacando. Ela pegou uma das cabeças deles e, com um feitiço simples em latim, ela fez um risco incrustado na pedra sobre a palavra na testa do golem. Um dos corpos sem cabeça caiu pesadamente no chão, sem movimento. Agarrou a outra cabeça, e fez o mesmo.
Anúbis olhou surpreso para a garota cheia de palavras desenhadas. Estava um pouco diferente de antes: ela parecia estar sobre controle, sabia exatamente o que estava fazendo. Os olhos estavam no mesmo tom lilás, porém estavam diferentes. Podia ler neles que ela gostava de todo aquele poder em suas mãos. Parecia que sentia prazer em tirar a "vida" daquelas criaturas. Alguma coisa havia acontecido, Anúbis apenas não sabia o que.
A garota levantou uma das mãos e passou a recitar palavras em latim. Os capacetes de batalha deles saíram, revelando as palavras que lhes davam seus movimentos e consciência. Passou então a recitar outro feitiço, desta vez em híndi, a primeira letra das palavras que estavam nas frontes rachou e todos eles foram ao chão sem vida. Anúbis estava impressionado.
O sacerdote encarava-a com um terror horrível nos olhos. Estava com medo dela, se não podia dizer pavor. Elena sentiu um prazer novo com isso. Gostou de ser temida, de ter seu poder temido. Ela sorriu medonhamente, sentiu uma vontade súbita de matá-lo, e ela gostou.
Ela andou até o golem em que estava escondido o pergaminho. Tentou abri-lo com um feitiço, mas não conseguiu. Estranhou.
– Eu não detenho o conhecimento da magia capaz de abri-lo. – Ela disse ao sacerdote; sua voz soou a Anúbis, apesar de ainda ser a voz dela, tão antiga e experiente quanto a dele, se não mais. – Por quê?
– Essa é uma magia feita com a energia pura da Casa de Gade. Nenhuma outra mágica, além da Celestial, é capaz de abri-lo.
– Então, abra para mim. – Anúbis notou a ameaça não dita.
– Você pode me matar, mas eu não abrirei.
Ela esticou uma das mãos em direção a ele e disse algumas palavras em latim. O velho começou a sufocar.
– O que você está fazendo? – Anúbis disse. – Dias atrás você não seria nem responsável pela morte de alguém, e agora está tirando uma vida com suas próprias mãos.
– Por que se importa?
– Eu não me importo. Mas o que Leonard pensaria?
Ela parou, confusa. Leonard. Não tinha pensado nisso. Ele não ia gostar que uma vida tivesse sido tirada para que ele fosse trazido de volta. Ele nunca aceitaria que ela fizesse isso. O tom lilás de todas as coisas sumiu e o velho caiu tossindo no chão. O poder fora embora, ela não mais sabia como fazer magia. Porém em cada ombro havia ficado uma marca, a mesma nos dois. Era um triângulo equilátero de ponta cabeça, uma linha vertical dividia-o em dois, porém não ia até a ponta, essa mesma linha passava pela base e fazia uma meia-lua em volta de um ponto. Em cada ângulo do triângulo, afastado um centímetro das pontas para fora, havia um tomoe – um redemoinho que se assemelha a uma vírgula.
– O que é você? – O velho perguntou com desprezo, como se ela fosse um demônio.
Antes que a raiva pudesse ter qualquer efeito sobre ela, quatro mãos de ossos agarraram cada um dos membros do velho e levantou-o no ar.
– Ao contrário dela, eu não ligo de matar ninguém. Agora, abra o golem.
– Eu não abr... – Ele passou a gritar de dor; Anúbis estava puxando os braços e pernas para fora.
– Abra.
O sacerdote disse duas palavras em hebraico, o golem abriu-se. Elena andou até ele e pegou o mapa. Anúbis, com o braço livre, fez nascer duas mãos de ossos que encostaram ao chão. Sob elas brilharam alguns hieróglifos, e logo em seguida um buraco surgiu no mesmo lugar. Dois esqueletos usando robes desgastados, sujos e rasgados saíram do buraco, foram até o velho e o agarraram.
O deus e a garota foram até uma mesa que havia entre algumas prateleiras, enquanto os esqueletos serviam de guardas. Deitaram o mapa na mesa. Era um mapa mundial bem arcaico, diferente dos mapas que a garota estava acostumada. Neste mapa havia sete lugares marcados com uma cruz de ponta cabeça.
– Essas são as entradas para o Inferno. – Anúbis explicou.
– Como você sabe?
– Os deuses da morte são os únicos que sabem sobre as outras culturas. Nem mesmo Rá, que é o rei dos deuses, sabe que existem outros deuses em outros lugares do mundo.
– Mas por que apenas os deuses da morte?
– Por que nós servimos a Morte, e a morte é a mesma em qualquer lugar do planeta.
– Esquece. Eu nunca vou conseguir entender esse negócio. Só me fala onde temos que ir.
– Itália. – Anúbis disse de uma vez.
Leonard também foi para lá, Elena pensou. Sentiu-se feliz ao pensamento.
– Onde especificamente?
– Atualmente se chama Vale Aosta. Porém antigamente se chamava Floresta da Infinita Escuridão. Conforme está escrito aqui, o dragão Abakur é o guardião daquela porta.
– Como chegamos lá? – Elena perguntou.
– Não é óbvio? Correndo! – Ele disse sorrindo; ela sabia que ele adorava correr.
A garota enrolou o mapa e colocou na mochila de osso. Eles saíram do subterrâneo de volta a sala do sacerdote, e de lá para o templo, que agora estava vazio. Anúbis transformou-se em chacal e Elena montou.
Segure-se firme. O deus mandou o pensamento. Essa viagem vai ser um pouco diferente das outras.
Como assim?
Vou manipular espaço misturando a realidade com o Duat, para diminuir o tempo de viagem. Se você cair, dificilmente sobreviverá.
Certo.
A garota praticamente deitou nas costas do chacal e fechou os olhos, não queria ver o que aconteceria em volta. Então estavam em movimento. A parada brusca jogou-a longe. Eles estavam em algum descampado verde que ela não reconheceu. Estava com frio, pois agora estavam mais longe da linha do Equador.
Porém,ela não teve tempo de se preocupar com o calor, pois diante deles estavanovamente o anjo e o encapuzado.
***
Hey there, powerful
Hoje mais um capítulo! As coisas estão ficando complexas, eu sei, mas acredito que tudo está explicado. Caso não esteja, apenas perguntem! ^^
Espero que gostem, de verdade e até semana que vem o/
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Afterlife
ФэнтезиPágina oficial: https://www.facebook.com/afterlifesagaoficial/ Curta para não perder as novidades! *** Morte não é fim. De fato, para mim, a morte foi apenas o começo. As circunstâncias nada convencionais do dia em que morri me permitiram chegar a C...