Tudo naquela cidade me impressionou. Parecia uma cidade do Rio Grande do Sul onde todas as casas são bonitas e bem trabalhadas; onde as ruas são perfeitamente limpas e bem cuidadas. Nova Jerusalém parecia um pouco com essas cidades, a única diferença é que tudo era trabalhado com ouro, prata, bronze e pedras preciosas. As ruas daquela cidade eram feitas de ouro, as calçadas de prata e bronze. Não havia um arranha-céu, todos os prédios tinham no máximo cinco andares. Notei que não havia sombras. A luz, por alguma razão, estava em todos os lugares. Não existia uma fonte de luz, como o sol.
A cidade era cercada por muros tão altos quanto montanhas. Havia dezenas ou centenas de torres de vigilância. Cada torre tinha um anjo imponente com asas maiores do que as de Rachel, cujas asas pareciam com as de uma águia. As asas desses anjos tinham uma curvatura que ia sobre suas cabeças e as pontas inferiores chegavam a tocar o chão. Nenhum deles parecia ter menos de dois metros de altura.
– Arcanjos. – Disse Týr do bolso da calça; eu mal podia ouvi-la. – Esses são arcanjos. São os segundos na escala dos anjos. São tão poderosos como mil anjos, mas não tanto quanto querubins.
Não encontrei palavras para responder.
As pessoas daquela cidade estavam felizes e sorridentes. Pareciam não ter problemas, e provavelmente não tinham mesmo. Estavam no Paraíso, quais aflições poderiam ter? Continuei andando e atravessando a cidade e observando.
– Precisamos sair rápido daqui. A presença de Deus aqui é mais forte que em qualquer outro lugar do Paraíso.
– Para onde temos que ir mesmo? – Eu sussurrei; espero que ela tenha ouvido, pensei.
– Stonehenge. Temos que chegar à dimensão do mestre.
– E porque exatamente?
– Você não entendeu nada do que eu falei no Corredor das Memórias?
– Na verdade, não. – Eu disse sinceramente.
– Enfim, Stonehenge é o único templo da Morte. Por ele se é capaz de entrar na dimensão da Morte, o seu Castelo. É um lugar que não está nem na Terra nem no Paraíso nem no Inferno. Stonehenge foi originalmente construído aqui no Paraíso, mas a Morte também fez um na Terra, pois a maioria do seu trabalho é feito por lá, mas o da Terra foi destruído por ser considerado um templo pagão.
– Certo. Entendi. Então temos que ir até lá para falar com a Morte?
– Exatamente, porém não podemos...
A voz dela foi diminuindo aos poucos, sumindo na minha mente. A razão de isso ter acontecido foi o que vi. Em um dos prédios na cobertura eu vi algo que me tirou o fôlego. Era uma garota com cabelos castanho-claros e com luzes, lisos e soltos sobre os ombros. Os olhos no mesmo tom original do cabelo, só que um pouco mais claros. As feições de seu rosto eram arredondadas, e a franja caía fazendo o contorno do seu rosto. Ela tinha os lábios fartos. Contudo, naquele momento ela estava um pouco descabelada e vestia um pijama, como se alguém a tivesse tirado da cama às pressas. Apesar de sua roupa ser larga, eu conhecia bem as curvas do corpo dela para saber que ela não era muito magra, nem muito gorda.
Aquela era Elena.
Corri o mais rápido que pude em direção àquele prédio, empurrando as pessoas com os braços. Elas estranhavam e davam gritos de susto. Aparentemente correr não era algo comum no Paraíso. Abri a porta do prédio com força e subi os cinco lances de escada pulando de dois em dois degraus. Cheguei ao topo ofegante. Abri a porta do terraço com tudo, ela bateu com força na parede. Olhei para os lados desesperadamente procurando por ela. Mas o terraço estava vazio. Týr estranhou e saiu do bolso voando, ela estava confusa.
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Afterlife
FantasyPágina oficial: https://www.facebook.com/afterlifesagaoficial/ Curta para não perder as novidades! *** Morte não é fim. De fato, para mim, a morte foi apenas o começo. As circunstâncias nada convencionais do dia em que morri me permitiram chegar a C...