Capítulo 31: A Batalha de Roma

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Não havia nenhum ser em lugar algum, vivo ou morto, que dispunha de tanta sorte – se é que se podia chamar assim – como eu. Desde que morri, a pouco mais de uma semana atrás, que mais parecem meses para mim, eu matei uma quantidade razoável de Filhos do Abismo, destruindo as almas que eles possuíam no processo. A parte incrível era que todos eles, com exceção talvez daqueles em Ashkelon, possuíam força e velocidade maiores que as minhas, além é claro de eles usarem um poder estranho, que para mim era como manipulação de lava ou algo assim, que Týr disse vir do Abismo. Porém o número de Filhos que matei dentro dos poucos minutos que lutava em Roma superava de cinco para um. A única coisa que me protegia era a magia da fada feita de dentro do bolso interno do meu sobretudo, que era um acessório magnífico, diga-se de passagem. Cada vez que uma bola, espada, machado, martelo, etc. feito da lava do Abismo tendia a ferir-me, elas paravam a cerca de vinte centímetros de mim, me dando uma oportunidade de matá-los. Contudo, eu sabia que logo Týr se cansaria, e não faria mais feitiços. Aqueles de combate que estavam conjurados na espada me davam habilidades incríveis, como se eu fosse um espadachim completo, assim, meio que por instinto, eu desviava dos ataques e aproveitava as brechas para derrubá-los.

Os gritos das almas limpas me davam ainda mais vontade de lutar, notei que nenhuma delas estava sendo destruída como eu originalmente pensava. Os Filhos agarravam quantas podiam e levavam-nas para fora da cidade e dos muros e, provavelmente, para trás de suas linhas. Mas por quê? Se eles queriam minha espada, para que as almas? Apesar de eu estar lutando ferozmente, no máximo lutava com dois ao mesmo tempo. Se três deles me atacassem ao mesmo tempo, com certeza me subjugariam. Por que não estavam tentando?

Os anjos também estavam lutando com bravura e coragem, principalmente pelo fato de estarem numa desvantagem óbvia de mais de vinte para um. Outra desvantagem era o Fogo Celestial, incapaz de matar os Filhos, pois, conforme deduzi, selá-los consumia uma energia maior do que matá-los.

Eu lutava meu caminho pelas ruas desconhecidas tentando encontrar Miguel e Kifo. Meu plano era entregar minha espada para o querubim, assim poderia acabar com o Filho da Morte de uma vez por todas. Essa se tornou uma missão mais complicada do que primeiro imaginei.

No entanto, o chão abrindo e um desenho nas costas de uma das duas pessoas que saíram pelo buraco tiraram meu foco da missão.

****

A-alma-uma-vez-chamada-Caleb-possuída-por-Vizard pôde sentir o poder emanando do homem encapuzado que vinha em sua direção. Sabia que não era um anjo, então só podia ser uma alma... sim, era uma alma, mas aquele poder... Não era de uma alma qualquer. Vizard desejou aquele poder, porém nenhum Filho descobrira como absorver o poder de uma alma.

Heartless.

Mais uma vez a palavra chegou a Vizard como que pela memória coletiva. Sem coração, era a tradução da palavra para a língua francesa, idioma falado por Caleb. Entretanto, o que ela significava naquele momento ainda era um mistério para ele. Pela memória coletiva soube que o ataque na superfície começara e que os outros três Kayryak também encaravam encapuzados.

As três pedras na mão do desconhecido flutuaram, desligando o devaneio de sua mente.

Ele tinha o mesmo poder de Vizard, ele era um Kayryak.

As pedras giravam ao ar, como se estivessem perseguindo uma à outra dentro de um círculo infinito e invisível. Elas ganhavam velocidade rapidamente, como se... Merda, as três pedras voaram em sua direção, como projéteis de revolveres, com um segundo de diferença entre elas. A primeira passou zunindo por seu ouvido a menos de dois centímetros de sua orelha. A próxima ele usou seu poder para desviar, a pedra foi para o chão, cravando-se a vários metros da superfície. A terceira ele parou com a palma da mão, utilizando seu poder e, com o dobro da força que ela veio, lançou-a de volta ao encapuzado.

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