Capítulo 57: O Rei e a Torre

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A primeira coisa que Thais fez quando entrou no combate de David foi cravar sua espada nas cabeças que estavam no chão, para que os Filhos não se regenerassem; ao mesmo tempo, ela desviava dos ataques dos que ainda estavam de pé. Fazer essas duas coisas simultaneamente não era algo que ela tinha habilidade para fazer, porém o feitiço que a fada Týr tinha colocado na espada era bem eficaz. O corpo da garota movia-se por instinto, atacando e se defendendo perfeitamente. Leonard devia sentir-se realizando quando lutava com aquela espada.

Thais e David faziam uma dupla e tanto. Ele tinha uma habilidade impressionante com aquela espada gigante, como se ele e a espada fossem um só. O feitiço em Thais fazia com que ela sincronizasse seus ataques e defesas perfeitamente com o rapaz. Ele cortava uma cabeça e ela se encarregava de transformar aquele Filho decapitado em um pó prateado e brilhante, que lembravam vagalumes, e deixavam um cheiro horrível de enxofre para trás.

Yav: rastoče verige lesa! – Afastou-se dos Filhos e estendeu a mão em direção a eles.

Da palma de sua mão nasceram vários galhos de árvores que se contorciam em espirais em direção a um dos Filhos, agarrando seus braços e pernas, então se enrolaram nele, deixando-o imóvel. Thais fez com que os galhos lhe cobrissem o rosto e os olhos. Alguns minutos de combate depois, todos os Filhos estavam mortos, menos aquele na prisão de Thais.

– Esse aqui ainda está vivo. – David disse. – E desde quando você faz magia? Ainda pior, aqui no Paraíso?

– Eu sei. Precisamos dele assim. Desde que tinha cinco anos.

– Você pode lembrar-se de sua vida na Terra por causa do Fruto?

– Sim. Todos os detalhes. Incluindo magia.

– Mas como? Nenhum praticante de magia jamais entrou no Paraíso!

– Eu fiz um pacto com a Morte. – David pareceu surpreso com essa informação. – É uma longa história.

David decidiu não perguntar. Sabia por experiência própria que longas histórias não deveriam ser contadas.

– Temos que ir. – Ele disse. – Logo mais deles estarão aqui.

– Vamos.

Thais levou a moto por entre as árvores. Ela cortou a ponta do dedo na espada e desenhou alguns símbolos no tanque de gasolina e sorriu. Apesar de não ser sua especialidade, adorava aquele feitiço. Então, usou sua magia para esconder a moto com as árvores.

Yav: les zapor poteza. – Ela disse, fazendo com que a prisão onde estava o Filho se movesse.

Guiaram-no, correndo, por entre algumas casas, procurando não serem vistos. Havia uma casa entre dois prédios maiores, meio que escondida. Um esconderijo perfeito. Entraram e colocaram o Filho em uma sala de estar, onde havia apenas dois sofás e uma lareira. Thais fez menção de tirar a venda dos olhos dele, mas foi impedida por David.

– Não faça isso! Eles têm memória coletiva, ou seja, tudo que esse aí ver, os outros também verão. Assim nos acharão mais fácil.

– Eu não sabia disso.

– Sério? Eu achei que você sabia, por isso colocou à venda nele.

– Não... – Thais não soube explicar a razão de ter colocado inicialmente; devia ser o feitiço de Týr que a fizera fazer aquilo instintivamente. – Certo, agora como vamos fazê-lo falar?

– Eu não vou falar nada! – O Filho adiantou.

– Você sabe que temos a única arma capaz de acabar com sua vida, não? – David retrucou, deixando sua voz sinistra.

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