Vizard usou um jogo rápido e suave de pés para que uma espécie de casulo de pedra envolvesse o Thunroryak, depois dois Louryaks envolveram a proteção de Vizard com uma camada espessa de água e congelaram-na, formando assim um escudo extra de gelo. Os outros Filhos ali presentes afastaram-se e esperaram – alguns até mesmo levantaram escudos em volta de si mesmos, cada um com seu poder. Exceto os Pnamryaks, que estavam prontos para sumir ao menor sinal de perigo.
Então, esperaram e observaram.
Uma rachadura surgiu do nada no gelo, e dela centenas de raiozinhos saíram. Então outra e outra e mais uma. De repente o gelo explodiu, deixando no lugar pedregulhos, pedaços de gelo e água. Diante deles estava uma alma normal, seus olhos não estavam pretos e laranjas, ele encarava a todos com olhos confusos. Depois, fitou as próprias mãos, que pareciam brilhar de eletricidade, soltando faíscas mínimas, quase imperceptíveis.
Ele se libertou, Caleb disse na mente de Vizard sem que nenhum outro Filho pudesse ouvir através da memória coletiva, ele está livre do possuidor.
Não, não está. Ainda sinto o Filho pela memória. Ele está dentro dele. É como se os dois tivessem trocado os lugares, Vizard disse ao humano.
A confusão foi geral entre os Ryaks presentes. Nenhum sabia o que havia acontecido com certeza, e isso os assustava mais do que o próprio Criador. Todos faziam perguntas ao mesmo tempo, e eram tantas que Vizard escolheu não responder.
– Quem é você? – Perguntou à alma.
– Eu não sei...
– Você perdeu a memória? – Algum outro Filho perguntou.
– Não. Eu tenho memórias, porém ao mesmo tempo são várias. Não sei quais são as verdadeiras. É como se houvesse várias memórias de muitas pessoas. Está muito confuso...
Ele está dentro da memória coletiva!, Vizard pensou. Manáryaks bloqueiem-no agora! O resto procure não pensar em nossas habilidades e fraquezas. Se o inimigo souber que uma alma é capaz de acessar a memória, poderemos ser emboscados.
Não acho que eles se arriscariam a invadir Roma apenas por essa alma. Somo muitos aqui, alguém disse.
Sim, eles seriam, Vizard retrucou, eles são inteligentes. Usando a tática certa, poderiam nos atingir.
Pronto!, Breidablik, um dos Manáryaks, disse.
A alma olhou para eles, dessa vez parecia menos confuso.
– Qual seu nome? – Vizard perguntou.
– Jeremy Lancaster.
– Do que você se lembra? – Outro perguntou.
– Lembro-me desde minha infância na Terra até hoje, aqui no Paraíso. Eu me lembro de tudo.
Um sorriso bizarro abriu-se em seu rosto e um dos olhos mudou para negro e laranja. Blanier estava tentando sair, dominar a alma novamente. Ele urrou de dor e caiu de joelhos, sua face voltou para o céu enquanto gritava. Vizard nunca ouvira tanta dor numa voz, tanto desespero.
– Eu não vou deixar você tomar o controle! – Jeremy disse. – Você não tem escolha! – A voz dele mudou de repente, Vizard reconheceu como a de Blanier. – Essa é minha alma e só minha! Você não tem o direito! – Sua alma é minha!
Ele passou a soltar faísca de novo. Vizard estava pronto novamente para levantar uma barreira em volta dele, porém os quatro Ganaruryaks que não desistiram de conquistar um poder maior já haviam feito um círculo em volta dele e mantinham-se imóveis em posição de combate, para não desfazer a barreira.
Pela memória coletiva, eles acompanharam o impasse. Nenhum dos dois cederia. Levaria um tempo para que terminassem. E venceria aquele que tivesse mais força de vontade.
Eles não sairão nunca dali Caleb afirmou, tanto nós, como vocês, fomos criados para nunca desistir.
Concordo, porém aquele é um combate. Nós nascemos para combater.
Vocês nasceram para combater fisicamente, mas será que são bons o bastante para vencer um combate mental com um humano?
Vizard não respondeu. O humano tinha certa razão. Os Filhos nasceram para lutar batalhas físicas, com o corpo, e não um embate mental como aquele. E, mesmo que os humanos não tivessem sido criados especificamente para isso, eles nunca desistem, não importa o que se passe.
Será que Blanier vencerá?, Alguém disse.
Não sei, Vizard afirmou sinceramente. Manáryaks ajudem-no!
Não podemos, um deles afirmou, a alma está bloqueando qualquer interferência externa.
Assim que terminou de falar houve um súbito silêncio. A presença de Blanier desparecera totalmente da memória coletiva. No entanto, era diferente de quando alguém era selado ou morto por Leonard, era como se ele fosse substituído. Uma nova presença totalmente diferente dos outros Filhos. Jeremy estava na memória, e parecia perfeitamente consciente disso.
Os Ganaruryaks desfizeram a barreira. Jeremy estava deitado inconsciente.
Levem-no, Vizard disse pela memória.
Dois Filhos que não eram Ryaks aproximaram-se e pegaram o desacordado e o levaram para dentro de uma das casas.
Como vocês perceberam, é um risco tentar controlar sua antiga forma com a alma dentro de si, Vizard disse, entenderei se vocês não quiserem continuar tentando.
Você está brincando?, alguém falou.
Claro que vamos continuar tentando! Ele quase conseguiu, porém ele liberou muito da alma. Nós já sabemos como fazer, outro retrucou.
Vizard sorriu. Ele tinha subordinados corajosos.
ComoJeremy agora estava dentro da memória, uma mudança significativa na guerraocorreria se os anjos soubessem de sua existência. Ele se tornara uma alma tãovaliosa quanto Leonard.
***
Hey there, children
Mais um capítulo aqui! Espero que tenham gostado! De verdade! Se tiverem alguma dúvida, por favor perguntem! Comentem, votem e compartilhem com a galera!
Até semana que vem! Se cuidem!
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Afterlife
FantasyPágina oficial: https://www.facebook.com/afterlifesagaoficial/ Curta para não perder as novidades! *** Morte não é fim. De fato, para mim, a morte foi apenas o começo. As circunstâncias nada convencionais do dia em que morri me permitiram chegar a C...