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Com a aproximação do fim do mês, finalmente tive um tempo pra almoçar com Yun-Hee. A primavera estava alta quando saí da ONG em uma segunda-feira quente rumo ao prédio gigantesco da HYBE LABELS, na parte nobre da cidade. Ela tinha me dado instruções específicas de como entrar no prédio e ir até sua sala sem ser notada por ninguém ou chamar atenção. Minha espinha se arrepiou quando atravessei o hall vazio, com medo de cruzar com qualquer idol e acabar sendo vítima de um escândalo.
Na subida até o 12° andar, notei vários cartazes de bandas de garotos e garotas espalhados pelos caminho. Todos com suas maquiagens impecáveis e expressões impasses. Muitas das feições eu já tinha visto a própria Yun-Hee fazer inconscientemente, provavelmente por conviver desde criança com a realidade idol, ainda mantinha parte de um personagem. Seu andar era repleto de salas executivas, todos os staffs pareciam ocupados demais para me notar.
— Yune? - abri a porta devagar, tentando não ser inconveniente, mas a sala estava vazia. — Nossa como ela é organizada.
Entrei observando o local limpo e fresco, mesmo não estando presente, seu cheiro doce e suave estava por toda parte. Me admirei em seu espelho à esquerda, arrumando a calça bege de linho e a blusa branca de babados da coleção passada da Louis Vuitton que Juan tinha me conseguido de graça. Levantei o pé esquerdo e notei os solados do meu único salto alto desgastados.
— Eu... preciso muito trocar esse sapato. - falei em voz alta, ainda observando a sala inteira.
Retirei o velho celular da bolsa branca, enviando doze mensagens impacientes para perturbar a mais velha, ela estava atrasada como sempre. Observei de relance uma pasta preta por cima da sua mesa, no canto direito, com uma letra reluzente.
V.
— Não, Alyss... controla essa curiosidade. - falei mais uma vez em voz alta.
Admirei alguns quadros nas paredes, de notícias de prêmios e conquistas mundiais de idols da HYBE. Uma delas tinha a Yun-Hee criança, com um troféu maior que ela, mas completamente satisfeita pela sua performance. Meu coração se entristeceu imediatamente, enquanto ela disputava para ser um prodígio mirim, eu estava nascendo em um país hinóspito. Voltei meus olhos para a pasta e quando dei por mim, já dedilhava sua capa, a abrindo em seguida.
— Você devia parar de ser tão curiosa. - a voz doce inundou a sala me assustando.
— Ai, que susto! - dei um pulo para trás no reflexo, me afastando do conteúdo da pasta. — Você sabe que eu não consigo evitar.
— Essa sua curiosidade vai acabar te causando problemas. Vamos, eu preciso entregar isso antes e depois podemos almoçar no lugar de sempre. - Yun-Hee entrou na sala, pegando a pasta em seguida, ela parecia bem diferente do nosso último encontro.
— Ótimo, eu quero saber todas as fofocas do mundinho das subcelebridades coreanas. - fui irônica, observando-me no espelho da sala novamente.
Descemos no elevador principal, eu me escondi atrás dela quando um grupo de coreanas entrou de súbito, seu segurança nos acompanhava por todo o percurso até seu carro de passeio. Ela abraçava a pasta, como se eu pudesse arrancá-la a qualquer tempo. Yun-Hee me conhecia tão bem para saber que, se não desaparecesse com o objeto, eu daria um jeito de descobrir seu conteúdo.
Nós paramos em um restaurante extremamente luxuoso na parte alta da cidade. Não parecia ter muita gente, mas era um lugar adornado de cristais, devendo ser frequentado pelas pessoas mais ricas da Ásia. Torci o nariz, em reflexo, assim que o carro parou.
— Você quer ficar...? - ela me perguntou, ameaçando descer do carro.
— Não, cruzes, esse seu segurança me dá medo. Promete que vai ser rápido? - eu abri a porta para acompanhá-la.
— Prometo, Mee-chan. - seu sorriso fraterno me acalentou.
— Obrigada, unnie.
Nós descemos do carro, entrando no restaurante em seguida. Imprudentemente, notei que ela esqueceu o casaco, sua camiseta de manga curta deixava parte das tatuagens à mostra. O restaurante, estava parcialmente cheio, senti todos os olhares em nós duas. Arrumei minha postura de imediato, pelo menos eu estava bem trajada.
— Olha lá, olha lá... - um dos rapazes da mesa em que paramos se levantou, antes dos outros dois. Yun-Hee aproximou-se mas eu parei a alguns metros de distância. — Noona.
O rapaz mais baixo ergueu a mão colocando sobre a barriga e curvando-se em nossa frente, quase como um cavaleiro medieval, usando o honorífico que ela tanto odiava. Os outros dois também levantaram, curvando-se levemente, percebi que todos eles eram idols.
— Channie... - um sorriso de covinhas característico se apresentou enquanto Yun-Hee o cumprimentava. — Fel, Taehyung-ya.
— Nossa, Yun-chan, olha isso... isso aqui tá incrível. - o rapaz mais alto, de voz grave admirou suas tatuagens, depois de a abraçar sem pudor.
Eu estava completamente atônita, mal sabia onde colocar minhas mãos. Respirei profundamente tentando não externar minha repulsa pelo lugar em que estávamos e as pessoas que ela convivia. Eles todos tinham a pele suave, a expressão serena, como se não houvesse um problema na humanidade para se preocupar. Resolvi encarar o teto para não transparecer meu rancor interno.
— Sua amiga ali, não vai se apresentar? - o mais baixo levantou o olhar por sobre o ombro dela e os três esticaram as cabeças para me observar. Voltei a encarar o teto, desconfiada com tanto idol em um lugar só.
— Ela não é muito fã de idols. - Yun-Hee se apressou em dizer.
— Que interessante... - uma voz forte e suave se manifestou, chamando minha atenção. Nossos olhares se cruzaram rapidamente e notei que ele usava as mesmas cores nas roupas que eu, em uma camisa branca da Celine, uma calça bege de tecido fluido e sapatos sociais de cor marrom.
— Não gosta de... idols? - o mais baixo se aproximou enquanto eu via Yun-Hee se afastar me deixando aflita. — Por quê? - o sorriso de covinhas se apresentou apressadamente.
Pude notar que ele tinha um nariz protuberante e usava uma maquiagem suave ao redor dos olhos. Seus dois braços cruzados por trás faziam bastante volume, por baixo da camisa branca. O outro rapaz à minha direita, mais alto, voltou a se sentar na mesa.
— Talvez porquê vocês desconhecem a realidade. - o sorriso dele desapareceu de imediato com minha resposta e eu dei um passo para trás, em repulsa.
Os olhos se abriram revelando uma tristeza momentânea, em questão de segundos seu rosto se transformou e ele endireitou sua postura para me encarar. Me observou de cima abaixo como se me julgasse pelo meu exterior, o outro sentado na mesa comia tranquilamente aguardando nosso embate.
— Fair enough... - ele disse em inglês se afastando.
Yun- Hee voltava até mim depois de conversar com o outro idol restante, notei que a pasta já não estava mais com ela. Nós deixamos o restaurante sob os olhares de todos, podia sentir seu desconforto em expor parte de suas tatuagens.
— Unnie, você percebeu que o mais velho usava as mesmas roupas que eu? Quem é ele? - falei enquanto entrávamos no carro rapidamente.
— Você não conhece o V?
— V tipo a letra V? - questionei sorrindo.
— Ah, deixa pra lá, é melhor mesmo você nem o conhecer. - seguimos nosso caminho, pensativas.
— Você... está diferente. - afirmei.
— Diferente como?
— Não sei, alguma coisa aconteceu esses dias? - ela vestiu o casaco antes de descermos no restaurante de esquina que comíamos tteokbokki.
O segurança estacionou o carro do outro lado da rua enquanto sentávamos na mesa de plástico. Dessa vez ela estava toda coberta, e sem atrair olhares, eu chamava mais atenção pelas roupas de grife em um lugar popular, mas o que ninguém sabia era que eu não tinha gasto nada com elas.
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Hegemony • Taehyung [+18]
Fanfiction┄ ♡ um dominador fora de série e uma virgem inconsequente, perfeição. 🕊 Rankings: - 3° lugar: Army - 13.12.2023; - 1° lugar: Taehyung - 24.01.2024; ┄ Sinopse: Taehyung sofre uma grande decepção pessoal quando encontra Alyss pela primeira ve...