Hegemony • Taehyung [+18]

Treze dias, um erro

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Não, não!

Eu estava correndo pela grande praça de Seoul, descalça, o celular roxo na mão esquerda e a barra do vestido na mão direita, tentando não tropeçar. A ONG ainda estava à frente e o sol era escaldante em meus pés, estava muito atrasada, sem minhas roupas da viagem, sem nenhum documento, sem esperanças. Eu odiava a sensação de frustrar as outras pessoas, era a mesma que a maioria delas causava em mim. Woo-shik estava sem febre e dormia tranquilamente quando o deixei em casa, já Taehyung me esperava na porta da ONG, conforme combinamos, totalmente decepcionado.

— Eu disse para você não vim. - a voz tenra e grave arrepiou minha espinha. Seu olhar parecia furioso apesar da expressão serena. — Entra aqui.

Parei de correr imediatamente, sem acreditar. Ele tinha me achado na metade do caminho para a ONG, estava sozinho em seu carro, e me olhava pela janela baixa do vidro do passageiro. Liberou a trava da porta e eu entrei, quase sem conseguir respirar de tanto correr.

— Você... eu... merda! - eu o encarava ainda mais chateada comigo mesma.

— Bom, pelo menos você tá sentindo alguma coisa agora... por quê você veio? - o tom de decepção era nítido, mas se eu não o conhecesse pelo menos um pouco, podia jurar que ele estava calmo, falava em um tom manso, sem levantar a voz. — Eu disse que não precisava mais.

— Eu achei que daria tempo, eu achei que eu ia conseguir chegar à tempo... - era tudo que eu pensava, mas acabei falando sem conseguir encará-lo.

— Pare de se colocar em risco, Alyss. Vai pra casa, aproveite sua semana, e mesmo sem viajar, os dias vão contar porquê teoricamente você estaria lá... Ah! - ele me impediu de argumentar. — Isso é para você aprender que as regras são para ser seguidas.

Finalmente o encarei. Ele me olhava mas sem sentir pena, talvez um pouco preocupado com meu estado lamentável, podia jurar que eu vi um fio de tristeza em seu olhar. De qualquer maneira eu realmente queria ir.

— Mas... mas eu tô aqui, eu ainda posso ir... - eu sabia que era impossível, mas não queria dar o braço a torcer, mais uma vez a vida me tirava uma das minhas melhores oportunidades, ou eu mesma me tirava.

— Descalça? Em um vestido de festa? Nem eu que não gosto de sapatos viajo assim... não posso correr esse risco de verem você nesse estado. - ele riu, me deixando mais calma. — Quando eu voltar nós conversamos, meu segurança vai levar você pra ONG.

— Como você me achou?

— Não importa. Eu preciso ir. 

Desci do carro ainda descalça, segurando o celular. Eu já nem me incomodava com nada, uma sensação de perda gigante me inundou completamente, parecia que ele estava me deixando, seu semblante de decepção desparecendo na janela do carro, me machucou ainda mais. Ele subiu o vidro e eu contemplei meu reflexo deplorável. A noite mal dormida, o vestido lindíssimo, meio sujo, todo amassado, meus pés sujos e descalços, meu cabelo desfeito.

— Você está linda, a propósito. - ele abaixou o vidro e falou sorrindo me fazendo sorrir de volta. Logo depois sumiu de vista, seu segurança vinha em um carro logo atrás.