Day eight ¤ Us two

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— Isso entre nós dois... pode ir bem além do que uma aposta. Eu quero mostrar tudo que você acha que escondo, quem eu fui e quem eu sou hoje e o homem que pretendo me tornar. - nossas mãos ainda continuavam entrelaçadas por sobre as fotos. — Mas você precisa me deixar entrar.

Seus dedos longos envolveram os meus um a um, eu continuava encarando nosso enlace sem entender muito bem o que estava acontecendo. Sua pele era macia, sem calos como as mãos sofridas da minha avó ou marcas de agressão como as da minha mãe.

Era um aperto de mão ou estávamos de mãos dadas? Por que eu me sentia bem e tinha vontade de tocá-lo agora?

Taehyung abriu a palma da mão e me liberou em seguida, nosso toque durou alguns segundos mas parecia diferente de tudo que eu senti até ali. Ele me olhou de canto com um sorriso de lado e os olhos quase fechados.

— Eu não sei como fazer isso... - suspirei, recolhendo a própria mão da mesa e observando as fotos espalhadas.

Sete garotos coreanos cresciam juntos pelo tempo, nas ruas de Seoul e pelo mundo, dormitórios bagunçados, shows vazios e shows lotados, prêmios e mais prêmios recebidos, olhos cansados e felizes em tapetes vermelhos e milhares, milhares de fãs.

— Você tem que se permitir, Alyss... eu não sei o que aconteceu com você, mas eu posso te mostrar que há bem mais do que você viveu, que minha vida é bem mais do que você imagina... verdadeira liberdade. - ele falou, tirando a foto do escudo por baixo de todas as outras. — Esse novo álbum é uma parte da minha história...

Ele me deu a foto e eu a examinei, o escudo por trás do seu corpo tinha marcas de balas espalhadas e estava amassado em alguns pontos pontuais, ele usava um casaco de pele e estava todo de preto, seu cabelo parecia ainda maior e seus olhos eram serenos.

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— Foi como vivi uma parte da minha vida, levando ataques de todos os lados, sendo hateado, julgado por onde eu ia, com quem, e como eu ia, sem nenhuma liberdade, muitas vezes sem escolha... mas eu percebi que só eu mesmo era minha prisão e só eu mesmo podia me libertar. É o mesmo que penso sobre você.

— Tantas marcas. Eu não sei... não sei como fazer isso... - falei com sinceridade.

O idol colocou as duas mãos em minha cintura e virou-me em sua frente, eu ainda segurava sua foto mas não resisti ao seu comando, sua mão direita retirou uma única mecha do meu cabelo e a colocou por trás da orelha, a mão grande era ágil e doce quando encostava em minha pele e eu sentia o cheiro das flores. Ele não parecia querer me intimidar ou me amedrontar, mas ainda assim me comandava de maneira bem sutil.

— Eu posso guiar você... isso te incomoda? - ele tocou meu rosto em sete pontos diferentes com o indicador da sua mão direita e eu balancei a cabeça negativamente. — É difícil deixar os padrões e o stigma que aprendemos ao longo dos anos, se você se permitir sentir o que acontece ao seu redor já é um começo.

— Como você conseguiu? - o fato de ele me ler tão facilmente ainda me assustava.

— A liberdade? Primeiro eu precisei me conhecer, o que eu gostava, o que me fazia feliz e depois eu deixei de me preocupar, não era responsabilidade minha tudo que acontecia por aí, por último passei a me proteger das pessoas ruins, é onde entra o meu Army. - ele me observava dedilhar suas fotos com a mão sob o queixo, seus olhos estavam suavemente mais perigosos.

— Seus fãs... - eu andei pelo quarto observando a decoração, as pelúcias de corações estavam por todo lugar.

— O Army é mais que isso... talvez se você conhecesse alguns pudesse entender melhor.

— Você é amigo dos seus fãs?

— A Angel é Army.

— E eu posso conhecê-la? Achei que você não queria que eu me aproximasse dos seus amigos. - se eu podia conhecer a Angel, eu podia sair com o Woo-shik.

— Eu não disse isso. Eu só disse que autorizaria seu contato com eles... e estou autorizando com a Angel. - o tom autoritário tinha voltado.

Isso queria dizer que ele precisava autorizar meu contato com o seu melhor amigo?

— Quantos anos vocês moraram aqui?

— Não muito tempo, nós tínhamos um dormitório pequeno no subúrbio, quando as coisas melhoraram a empresa comprou este, logo depois nós compramos nossas próprias casas.

— Por quê você os chama de família? - eu tinha voltado a encarar as fotos. O Taehyung adolescente não se parecia em nada com o homem à minha frente.

— Nem tudo é fabricado, Alyss. Não se fabrica intimidade, conexão, amor... você pode achar que tudo nessa indústria é falso, mas não se fabricam sentimentos... você viu o que aconteceu aqui hoje, foi tudo real. Ah... mudando de ideia? - ele me provocou levantando a sobrancelha direita.

— Claro que não... o que conta realmente para minha tese é você e não os seus amigos.

— Justo, está ficando tarde e eu tenho um compromisso que infelizmente não posso te levar, mas essa semana nós temos uma agenda cheia, por favor não falte.

— Certo. Você pode me deixar na Dior Korea, hoje? Eu preciso buscar umas coisas lá.

— Claro.

Nós deixamos o apartamento rapidamente, que agora estava vazio e melancólico, Taehyung foi escutando suas músicas favoritas no caminho, apesar de dono do pop, seu gosto musical era bem peculiar, jazz, blues, bossa de várias partes do mundo. Quando chegamos à porta do prédio ele desceu do carro para abrir a porta.

— Você nunca mais vai me deixar abrir a porta sozinha, né? - perguntei emburrada.

— Não, haha. - desci e me curvei já me despedindo mas ele segurou meu ante-braço esquerdo, meu corpo ainda estranhava seu toque mas não me afastei. — Alyss... Eu não posso fazer nada pelo seu passado, mas posso garantir que você não vá se machucar no futuro.

Segui até a DIOR para buscar as roupas que Juan já tinha me prometido, antes mesmo de chegar à entrada do prédio imponente, um outdoor ofuscou meus olhos brilhando nas cores azul e branco. Levantei o rosto para ver o conteúdo e eles estavam por toda parte, os sete. No gigante outdoor que brilhava sem parar com os dizeres "YET TO COME", na parada de ônibus logo ao lado em uma placa interativa, embaixo dos meus pés em panfletos que voavam pela cidade com as fotos de cada um deles, lá ao longe refletidos na ponte sobre o grande rio que cortava a cidade, na camiseta da garota que abriu a porta do hall para mim.

Eu estava cega e não sabia.

Hegemony • Taehyung [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora