Hegemony • Taehyung [+18]

A primeira vez

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— Ah, ele vai ficar furioso... - Woo-shik sentou no velho banco de madeira em frente à fonte e colocou seu terno esticado, fazendo sinal para me sentar ao seu lado, por sobre sua roupa.

— Taehyung? - posicionei-me cuidadosamente com o vestido, era o que eu podia fazer já que a barra estava imprestável. — Eu devia contar então, que nós saímos...

— Não, eu sou o hyung, eu vou conversar com ele. Às vezes esqueço que sou o mais velho. - dizia pensativo, como se carregasse um fardo a tempo demais.

— Nos meus livros esse seria o lugar ideal. - divaguei, mudando de assunto.

— Pra quê?

— Pro primeiro beijo do casal. - era o máximo de romance que eu conhecia. 

Talvez ele não se desse conta, mas era o único outro homem que participava da minha vida, além de Taehyung. Ele deu uma gargalhada que reverberou por todo jardim vazio.

— Nos dramas a cena é exatamente assim... o rapaz pede a mão da moça e a levanta. - ele estendeu a mão para mim e eu a peguei levantando meu tronco. — Depois eles dançam ao som de uma música imaginária...

— Ih, eu já não teria chance, não sei dançar. - suspirei, soltando sua mão. Ali me dei conta que eu realmente não sabia muita coisa do mundo.

Ele ficou em silêncio por alguns momentos me observando. Pisquei algumas vezes me sentindo infantil, toda a experiência que eu tinha era de livros e leituras dentro de um minúsculo apartamento na área pobre de Seoul, nada mais.

— Como é beijar alguém? - perguntei, curiosa. Ele agora andava para lá e para cá com a mão no queixo.

— O quê? - respondeu no reflexo.

— É, como é? Você beijar alguém? Você sabe... você deve fazer isso nos seus dramas, como nos livros. - essa era uma pergunta que eu tinha guardada há muitos anos. Eu nunca conversava sobre esses assuntos com Yun-Hee, ela, ainda mais que eu tinha se fechado totalmente para qualquer tipo de contato com o sexo masculino.

— Ah... você nunca... - balancei a cabeça confirmando sua suposição, só desejando que ele me explicasse logo, e ele continuou. — Nos dramas é sempre coordenado, você faz a mesma cena várias e várias vezes não tem muita emoção, é só um toque físico...

— Ah, - minha decepção era notável. —  E na vida real? Como é? - insisti.

— Você continua me surpreendendo com essas curiosidades... - ele sorriu de lado, os olhinhos pequenos desapareceram, e ele parecia meio envergonhado. — É mágico... vamos dizer assim, quando você sente vontade de beijar alguém é quase mágico, você não sabe de onde vem, nem porquê e a sensação é o ápice da mágica. Você só tem a vontade.

Eu sorri da sua definição boba. Apesar de tudo, eu realmente não tinha ideia do que era, e nem se um dia iria ter vontade de beijar alguém, talvez jamais soubesse identificar essa vontade intrínseca, ou sentisse mágica.

— Como eu sei que eu quero beijar alguém? - insisti.

— Você só sabe, Alyss... nem tudo se explica com a razão, jagiya. - me encarou com carinho.