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Mais uma semana se passou, hoje é sexta-feira santa, o Leon voltou ontem e está na casa dele com a mãe dele, ele conseguiu convencer ela a passar esse feriado em casa. Ele está vindo me buscar, então no domingo o almoço de páscoa vai ser na casa dele, meus pais vão cozinhar.

Ele me mandou uma mensagem avisando que chegou e está me esperando no carro, eu pego a minha mochila com algumas coisas, já que eu vou ficar esses dias lá. Eu entro no carro e cumprimento ele, o caminho é rápido. O resto do dia é super tranquilo.

🖤🖤🖤

Hoje é sábado, dia anterior a páscoa, e nós achamos que hoje seria um bom dia pra comprar ovo de páscoa, nós no caso não, mas o Leon disse que sim, eu ia comprar na semana, mas como ele não estava e nós temos tipo uma tradição de comprar juntos tive que esperar ele voltar.

Nós simplesmente já fomos em todas as lojas e supermercados perto da onde a gente mora, e simplesmente não tem mais nada, nós conseguimos só encontrar prós nossos pais, falta o da Mari, do Valério e o nosso, cada um gosta de um, todos são da mesma chocolateira, mas não tinha nenhum nas duas lojas que nós fomos.

- Se a gente não encontrar, a culpa é sua.- eu falei.

- Eu não imaginava que não ia ter mais.

- Eu te disse.

- Não adianta ficar reclamando, procura aí mais lojas.

Foi o que eu fiz, eu procurei e nós fomos em mais quatro lojas, em uma encontramos o da Mari, em outra o do Valério, agora só faltava o nosso, todos nós compramos juntos, cada um paga metade, já o nosso, eu compro pra ele e lê pra mim.

A penúltima loja, eu entrei sem esperança nenhuma, mas por incrível que pareça nós encontramos. Assim que nós saímos da loja com as sacolas, ele vira pra mim e fala.

- Viu, sem estresse, ninguém ficou sem presente.

Eu não disse nada, só fui para o carro e entrei.

🖤🖤🖤

Nós estamos jantando e conversando, a mãe dele está perguntando sobre o bebê.

- Vocês já pensaram em nomes?- ela pergunta.

- Mãe, a gente não sabe nem o que é.- o Leon fala.

- Mas você já pensou?

- Se for menino, ele pode ter o mesmo nome que eu, já pensou Leon Junior.- eu o olhei com cara feia- O que, é legal.

- É feio, não tem nada a ver, a criança não vai ter o próprio nome, vai ter o nome do pai.

- E você Valie, já pensou?- ela pergunta olhando pra mim.

Eu sempre tive os nomes que eu queria dar pros meus filhos, mas pensar que esse não é meu filho, acho que não vai ser legal falar um nome que eu sempre quis. Mas se eu nunca tiver filhos, pelo menos eu vou poder ajudar a escolher o nome de alguém.

Eu percebo que eu fiquei bastante tempo em silêncio, quando eu sinto o Leon apertar a minha perna.

- Eu não sei, tipo talvez...

- Você não precisa falar se não quiser.- diz o Leon.

- Se for menina, acho que Sophie.- o Leon me olha- Se for menino, eu não pensei.

- Eu gosto de Sophie.- ela diz.

- Por que Sophie?- o Leon questiona.

- Além do fato de ser bonito?- ele assenti com a cabeça- Significa sabedoria, e é o nome que eu sempre pensei em colocar se eu tivesse uma filha.

- Vai ser Sophie!- a mãe dele exclama.

- Eu não concordei com isso.- ele fala.

- Mas são duas contra um, já está decidido.- ela diz.

- Eu nem falei qual nome de menina eu pensei.

- Você pensou em algum?- dessa vez eu que pergunto.

- Não, mas não quer dizer que eu não posso pensar.

- Eu acho que você não tem bom gosto pra nome.

- Como assim?

- Você quer colocar Leon Júnior, qual o sentido?

- Okay, talvez você tenha razão, falando o nome em voz alta não ficou tão legal quanto na minha cabeça. Mas isso não quer dizer que eu não consiga escolher um nome bom.

- Acho que vocês tem que conversar mais, a sorte é que vocês ainda tem sete meses pra decidir.- a mãe dele fala, acabando com a nossa discussão.

Nós terminamos o jantar, e estávamos na sobremesa. Quando outro assunto se deu início.

- Filho, você já falou com seu pai?

A minha reação foi parar a colher que estava a caminho da minha boca e olhar para o Leon.

- Não mãe.- ele responde seco.

- Você tem que falar com ele.

- Eu não tenho que falar com ele coisa nenhuma.

- O que eu já te falei sobre perdoar.

Ele está com a respiração acelerada, com o maxilar marcado e com as mãos fechadas, segurando a raiva. Ele se levanta e simplesmente sai em direção as escadas.

Eu olho pra ela, ela balança a cabeça confirmando que eu devo ir atrás dele, e é isso que eu faço. Ele está onde eu pensei que estivesse, no quarto dele em frente a janela, eu o abraço por trás, encostando minha cabeça em suas costas.

Alguns minutos depois ele se vira, enfim olhando pra mim, eu vejo os olhos dele vermelhos.

- Você não precisa falar sobre isso.- eu digo.

- Eu sei, eu queria perdoar ele como minha mãe fez, mas é mais difícil do que parece.

- Eu não sei como você se sente, mas eu vejo o quanto isso te machuca.

- Fazem anos que eu não falo com ele.- ele suspira- Ele tem até outra família, ele tem outro filho, ele nunca tentou falar comigo em todos esses anos, por que agora?

Eu puxei ele até a cama, me sentei e fiz ele deitar a cabeça nas minhas pernas.

- Eu não sei o que te responder. A única coisa que eu posso te garantir é que eu vou apoiar você, independente de qua for a sua escolha.

Ele não falou mais nada, simplesmente começou a chorar, ele afundou o rosto na minha barriga sem apertar e passou um braço pelas minhas costas. Eu fiquei fazendo carinho nos cabelos dele, enquanto ele chorava.

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