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Dia vinte e três de dezembro, véspera da véspera de natal. Hoje eu vou sair com a Mari, nós vamos em um salão fazer as unhas. Eu estou feliz e ao mesmo tempo preocupada, porque vai ser a primeira vez que eu vou ficar longe da Bia desde que nós viemos do hospital. Eu pensei em não ir, mas o Leon me convenceu de que seria bom eu sair um pouco, são no máximo duas horas, a Bia provavelmente nem vai precisar de mim, mas mesmo assim eu estou nervosa.

A buzina do carro toca do lado de fora mais uma vez. Eu olho para o Leon mais uma vez, ele está parado na minha frente com a bebê dormindo no colo.

– Tem leite congelado. Você sabe como fazer?– ele concorda com a cabeça– Se ela chorar você vai ligar pra mim?

– V, eu sei o que fazer, não se preocupa.– ele respira fundo– Eu sei cuidar dela, e você vai ficar fora por no máximo duas horas.

– Tá, okay, você tem razão. Mas mesmo assim, se você achar necessário me manda mensagem?

– Sim, eu mando.

Eu dou um beijo na cabeça dela, e depois um selinho nele, eu abro a porta para sair, mas volto a olhar para eles. O Leon faz um gesto com a mão para que eu saia.

Quando eu entro no carro a Mari me olha intrigada. Eu cumprimento ela com um abraço.

– Que demora.– ela diz– E por que você está com essa cara?– ela já começa a dirigir.

– Eu estava falando com o Leon sobre o que fazer se ela chorar.

– E ele precisa que você fale o que ele precisa fazer?

– Não, mas mesmo assim.– eu suspiro– Eu nunca fiquei longe dela.

– Sim, eu imagino que seja difícil, mas vai ser rápido.

– Eu sei, é só que...– paro de falar porque não sei como me expressar.

– É só que o que?

– Não sei, ela é tão pequena.

– Valie, você só vai fazer a unha e vai voltar, provavelmente durante esse tempo ela vai dormir. E outra coisa, ela está com o pai dela, nada vai acontecer.

Eu sei que é verdade, na realidade o Leon está mais preparado pra cuidar dela do que eu, ele que ficou a gravidez inteira vendo como cuidar de um bebê. Acho que é porque agora que eu sei como é ter ela, lembrar que eu não teria é meio assustador, e ficar longe dela dessa forma me faz pensar que talvez fosse esse o sentimento que eu viveria para sempre, caso não tivesse mudado de ideia.

– Mas tirando isso, como vão as coisas?– a Mari pergunta.

– Tenho uma novidade. Mas você não pode contar pro Valério, eu vou contar amanhã a noite pra todo mundo.

– Nossa que mistério. Tudo bem, eu não conto, mas o que tem de tão legal pra ser contado só amanhã.

Eu não sei se ela e o meu irmão vão achar a novidade legal. Mas eu tenho certeza que meus pais sim.

– Nós estamos namorando.– eu falo de uma vez.

Ela freia o carro bruscamente e me olha. Ela está tentando ver se eu estou brincando ou realmente falando sério.

– Namorando?

– Sim.– falo e olho para frente.

– E você tem certeza dessa sua decisão?– ela volta a dirigir.

– Tenho... Eu acho que tenho.

– Eu não sei o que falar.– a voz dela está mais baixa.

– Não tem algo pra falar, eu sei o que você e meu irmão pensam, mas eu segui o que você me falou sobre seguir o coração.– ela me olha por um segundo.

Mais uma ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora